Efemeridade

Seis horas e cinco minutos da tarde. A aula acabou mais cedo hoje, então passo pela praia antes do normal, e bem na minha hora favorita do dia. Levanto os olhos do celular, deixo o fone no ouvido. Olho pela janela. O céu está uma mistura de lilás, azul, amarelo, laranja e rosa. Sem pensar muito bem, tiro o fone, guardo o celular de volta na bolsa, dou sinal. O ônibus para no próximo ponto e eu desço.

Ando um pouco pelo calçadão sem olhar pra frente, mas sim para o lado, admirando o fim do dia. Enquanto muitas pessoas passam por mim correndo ou em bicicletas e em poucos segundos já ficam longe, mantenho meus passos curtos e absorvo o máximo possível de tudo. Até que, aos poucos, paro.

No banco, olho em volta: os carros, as pessoas, as bicicletas, os cachorros, as crianças. O barulho. O som alto de todos esses elementos juntos, se movimentando num caos bizarro com o qual estamos tão acostumados que nem percebemos. Não percebemos a quantidade de gente que passa por nós todos os dias, a diferença de vivências e histórias de cada uma dessas pessoas e como elas superam suas dificuldades dia após dia, assim como nós. Penso que o pôr do sol, para quem tem a oportunidade de assisti-lo, é uma recompensa. Uma recompensa dessa batalha que é a vida.

Em poucos minutos, o sol se põe completamente. Sorrio, alegre, mas o principal sentimento é o de gratidão. Gratidão por mais um dia de vida, num mundo em que tantos não vivem o suficiente para ver o pôr do sol. E me sinto feliz simplesmente por estar viva.

Por Floco de Neve.