Eduardo

Hoje li uma crônica sobre o pôr do sol. Nela, o autor descrevia o entardecer como o momento mais célebre do dia. Outrora, eu até concordaria. Eu costumava ser apaixonada pelo pôr do sol. Lembro-me de quando estava apreciando-o à quatro anos atrás na orla de Recife, onde conheci meu ex noivo. Eu sempre amei observar o entardecer, mas, a partir daí, o pôr do sol, para mim, se tornou muito mais do que um momento em que o céu atingia seu ápice de beleza. Passou a significar o momento em que o amor foi de encontro a mim na forma humana.

O amor tinha nome. Ele se chamava Eduardo. Eu e Eduardo adorávamos ir à orla de recife, no entardecer, reviver o momento em que nos conhecemos. E ali, sonhávamos com o nosso casamento, que aconteceria hoje, caso ele não decidisse que era melhor terminarmos. Ele prometeu ficar ao meu lado todos os dias da minha vida. Mas acabou se pondo junto ao sol.

A noite chegou. Trouxe a frieza da nossa relação. Trouxe a escuridão da minha solidão. Mas, ao menos, trouxe as estrelas que me dão esperança. Afinal, quem sabe um dia eu volto a contemplar o pôr do sol sem me entristecer ao ver as cores vibrantes do céu, quase tão vivas quanto os nossos encontros. Quem sabe um dia eu volto a contemplar o pôr do sol sem me entristecer ao olhar as nuvens brancas, que me remetem à paz que eu possuía por estar com Eduardo. Talvez um dia o  entardecer volte a ser belo para mim. Enquanto isso, prefiro ficar aqui, sentada à beira do mar às nove da noite, torcendo para uma estrela cadente passar e eu poder desejar admirar o pôr do sol, mais uma vez, ao lado do meu amor.

Por Andrea Melo.