Pressão

Uma semana atípica, correria para lá e para cá, em busca de afirmação. A vida uma bagunça. Nem sei mais o que é certo e o que é errado, só quero achar o meu lugar. Pressão de todos os lados, mas a pior é a pessoal. Quero ser bom em tudo, e nunca estou satisfeito. Mas, na verdade, nem deveria estar mesmo.

Quando penso que todas as responsabilidades acabaram, recebo uma mensagem: “Precisamos de você na próxima reunião de briefing, hoje às 18”. A vontade é de faltar. Estou começando no trabalho, então não me sinto pronto para enfrentar toda a equipe. No entanto, decido ir, pois estou numa fase de tentar, o que não torna nada mais fácil.

Pego minhas pastas, saio apressado, para não perder o próximo ônibus. Assim que sento no último banco, acontece o que já se tornou rotina: um desafio novo à vista, torno a chorar. Isso vem acontecendo desde o começo do ano. Já estou sucumbindo à ansiedade. Mas respiro, enxugo as lágrimas, e tento não pensar.

Quando o ônibus passa pela praia, já é fim de tarde. Vejo um casal se beijando, no calçadão, com aquela paisagem deslumbrante do pôr do sol, ao fundo. A mente foge direto para a imagem de um amor, que está longe. Não vou mentir, o que senti foi inveja. INVEJA. Esse sentimento tão presente nas nossas vidas, porém negado por muitos. Mas, nesse momento, já nem sei mais se era saudade ou tentativa de fuga da ansiedade que o compromisso me causava o que sentia.

Ao chegar ao escritório, me acalmo, após alguns minutos de um leve desespero. A reunião ocorre muito bem. Reuno minhas coisas e vou para casa feliz e satisfeito. O dia chega ao fim, começo a sentir um vazio novamente. Durmo, acordo inquieto. Estou no dia seguinte, e já estou perdido, inseguro e aos prantos, novamente.

Por Kunta Boyd.