quinta-feira, 1 de outubro de 2020

A minha dor foi me amar de menos

 Vivemos numa era dos autos: autocuidado, autorresponsabilidade, autoamor, mas na

maioria das vezes o auto que prevalece é o automático. O quanto realmente nos

questionamos se estamos fazendo tudo com atenção plena e de forma consciente? Meu

coração parou por um segundo e uma luzinha no meu cérebro acendeu a partir do

momento em que percebi que o que me incomodava e me fazia mal estava funcionando

100% no modo automático. Mas como assim? Como deixei chegar a este ponto? Várias

questões surgiram em minha mente e de mãos dadas a ela, a culpa.

Bom, não sei direito como começou, só sei que após diversas experiências frustradas no

campo dos relacionamentos amorosos, comecei a me fechar, parecia que um

pseudônimo havia tomado conta da minha vida amorosa. Esse pseudônimo só buscava

relações casuais e sem profundidade a fim de satisfazer desejos momentâneos. Mas ao

mesmo tempo em que tudo é efêmero, a minha relação com o meu eu me mostrava que

a pessoa que permaneceria por mais tempo na minha vida seria só e somente eu e com

isso, algumas mudanças precisariam ocorrer.

E aos poucos fui identificando a minha dor. O curioso é que não só eu sofro com ela,

mas toda uma geração que nasce e cresce diante dos avanços tecnológicos e facilidades

advindas deles. Os aplicativos de relacionamento maquiaram todos os meus anseios

mais profundos de compartilhar a vida com aquele alguém especial. No fundo eu queria,

mas recalquei tanto esse desejo que por vezes falava dele com puro desprezo.

A minha dor foi ter me privado de viver tantas situações por causa do medo. E eu sei,

ainda sou jovem, tenho muita vida pela frente, ainda assim é inevitável esse sentimento

de desconforto ao descobrir que eu estive me autossabotando durante todo esse tempo.

Bom, aconteceu e agora eu sei disso. E a culpa, uma das melhores amigas do medo,

tenta se aproximar de mim também, mas dessa vez eu não deixo, ela e o medo podem

comprar uma passagem só de ida para alguma ilha deserta. Eu continuarei bem aqui,

vivendo a minha vida com novos olhos e um coração aberto e curioso para viver os

riscos do desconhecido.


                                                                            Incenso de Baunilha

                                                                    

12 comentários:

  1. Gostei do seu texto, é um sentimento que acredito que toda nossa geração se identifique muito!

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  2. Texto muito bom, reinvenção sempre, Incenso.

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  3. Fico feliz que você tenha entendido esse sentimento, lidado com ele e agora está aberto a novas experiências. O desconhecido assusta mesmo mas é nele que você pode vivenciar coisas inimagináveis! Seria um desperdício viver 70 anos sem ter se jogado nesse oceano de sensações desconhecidas pelo menos uma vez. 🌿

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  4. Achei bem escrito, facilitaria um pouco ter dividido em parágrafos

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  5. Texto nem um pouco cansativo. Gostei da ideia da era dos autos e isso de certa forma abriu minha mente!

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  6. Achei ótimo como você conseguiu abranger tanto a esfera pessoal e íntima quanto a geracional mesmo.Muito bom texto!

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  7. O texto fluiu muito bem, me senti envolvida no seu medo.

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  8. Gostei do texto e de como abordou essa coisa dos autos. Me identifiquei com algumas coisas que você disse.

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  9. Bom texto, Incenso! É muito importante reconhecer e admitir o problema, para que assim possa entrar em um processo de cura. O tema que abordou é pertinente e creio que alguns leitores podem se identificar contigo.

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  10. Talvez se os parágrafos estivessem divididos mais precisamente a leitura teria sido um pouco mais clara, no entanto, texto muito cativante, parabéns!

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  11. Ótimo texto, acho apenas que se tivesse com divisões demarcadas facilitaria a leitura e o desenvolvimento dela.
    Que bom que você identificou algo que estava te machucando, agora é a hora da ação.

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  12. Ótimo texto, adorei a parte dos autos no início e a conclusão. Parabéns!

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