Vivi o sonho de muita gente: namorei minha primeira crush da escola. Sim, aquela pessoa que você dorme planejando um futuro, se arruma todo para encontrá-la e se envergonha e nega até a morte quando perguntam se você gosta dela. Depois de oito anos de amizade, o primeiro beijo. Depois de um mês, o pedido de namoro. Tudo ia bem, até eu me convencer de que não merecia ser tratado com tanta indiferença por alguém que fazia de tudo por mim. Tudo ia quase bem, até eu me convencer de que aquela pessoa que me arrancava risadas infinitas não me fazia bem. Me sabotei, percebi que errei e a vida continuou com não mais uma namorada, mas uma amiga.
Depois disso, entrei para a terapia por diversos motivos, entre eles porque quando estava com meus amigos, que cantavam The Way You Are do Bruno Mars toda vez que me viam, me sentia excluído. Depois de alguns meses me dei alta. Me sabotei, percebi que tinha cometido um dos maiores erros da minha vida e voltei muito menos amazing do que na primeira vez. Escolhi meu curso de faculdade, estudei muito e passei. Agora, em meio a lágrimas e sentimento de insuficiência, cogito trancar o curso, mesmo gostando e vendo que seria uma boa profissão.
Penso, no final de tantas outras experiências de sabotagem, que me saboto, pois não me suporto. É difícil estar na minha pele. Lidar comigo é provavelmente uma das coisas mais difíceis que eu tenho que fazer diariamente. Minha inconstância, o meu amo-odeio, todos os traumas e síndrome de impostor que me rodeiam fazem de mim essa versão insuportável. Tantas coisas lindas que deixei de viver por achar que não merecia, tantas coisas lindas que vivi quando essa versão estava adormecida. Talvez essa ausência de equilíbrio seja o que me torna eu, mas é difícil conciliar esse pensamento com o de sempre querer evoluir como pessoa. E não pensem vocês que eu não mantenho o acompanhamento. Depois de publicada, essa crônica vai direto para minha terapeuta. O problema é que não sei se continuo gostando da abordagem dela. Olha a sabotagem mais uma vez.
Muito bom seu texto, e a maneira que no final colocou duas pulsões foi muito inteligente, parabéns!
ResponderExcluirObrigado, Cara. Nem tinha percebido essas duas pulsões, mas que bom que consegui, hahaha.
ExcluirO texto está ótimo, gostei muito da abordagem e da intensidade. Não desista, Michael, você tem um futuro lindo e pode contar com seus colegas para ajudá-la
ResponderExcluirMuito obrigado, Cigana :)
ExcluirEsse texto me prendeu do início ao fim, muito bom! Me identifiquei com o trecho "Lidar comigo é provavelmente uma das coisas mais difíceis que eu tenho que fazer diariamente." Assim como você, me sinto insuficiente sobre a faculdade e outras coisas. Parabéns pela crônica
ResponderExcluirMuito obrigado, Estela. Espero continuar te prendendo nas próximas (:
ExcluirApesar de me identificar em diveros momentos do texto, gostaria de te parabenizar por conseguir descrever SEUS sentimentos e a SUA vivência muito bem, eles são únicos. E a não ser que a sua situação financeira, psicológica, etc. estiver realmente te prejudicando, não larga o curso não, você ainda tem um futuro brilhante pela frente. Eu não faço ideia de quem você é, e provavelmente você também não sabe quem eu sou, mas se você quiser conversar em algum momento eu estou aqui, como pseudônimo ou não.
ResponderExcluirObrigado, Princesa. Foi doloroso, mas é minha história, né? Muito obrigado pela disponibilidade, faço das suas palavras minhas :)
ExcluirMuito bom o texto. E espero muito que você não desista, Michael! Toda vez que titubeio fazer algo seja por medo, insegurança, incapacidade... Eu sempre penso que vou me arrepender mais se não fizer então vou e faço. Talvez essa filosofia te ajuda a enfrentar as coisas que você se autossabota.
ResponderExcluirVou tentar pensar assim, Mônica. Muito obrigado pelo feedback!
ExcluirCaramba, o texto me prendeu a ponto de me deixar sem respirar com a sensação de aflição que você demonstra. O primeiro passo é entender que você se sabota e isso já é super importante. Desejo que você encontre a melhor maneira de lidar com você mesmo e que saiba que não está sozinho.
ResponderExcluirObrigada, Joana. No final tudo dará certo!
ExcluirEstou boquiaberto de como foi espontâneo e fluente os seus sentimentos no texto.
ResponderExcluirNão faço ideia do que se passa na sua cabeça e do que você está passando agora, para entrar nesse conflito de largar ou não a faculdade que você tanto estudou para entrar, mas desejo que você consiga se entender melhor e lidar com tudo isso!
Nossa, muito obrigado, Rita. Como disse acima: vai dar tudo certo! Mais uma de minhas inconstâncias...
ExcluirNossa, fiquei impressionada com os detalhes e em como você se colocou dentro do texto. Gostei muito da estrutura do texto e da frase final. Obrigada por ter compartilhado essa história com a gente e espero que você fique bem. Você não está sozinho, Michael.
ResponderExcluirObrigada, gato. Espero que goste das próximas também! <3
ExcluirÓtima crônica. Gostei de como você detalhou bastante os acontecimentos, a escrita esta boa e o texto flui bem. Parabéns!
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