sexta-feira, 9 de outubro de 2020

“Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe

Ignorância

substantivo feminino

sf. 1. Condição de quem não é instruído. 2. Falta de saber 3. Estado de quem ignora ou desconhece alguma coisa.

As definições desta palavra têm estado cada vez mais presentes na sociedade, de forma explícita e constante. Além delas, não é difícil identificarmos outros tipos de ignorância ou de ignorantes. 

Com as redes sociais as informações ganharam um grande impulso e um fluxo complexo, capaz de criar novas formas de comunicação e discussão. É justamente dentro deste cenário, que teoricamente traria avanços para a comunicação e mais possibilidades de adquirir conhecimento através dos debates, que a ignorância parece ter encontrado um lugar pra chamar de seu. Há então, “discussões” que desqualificam o conhecimento alheio em detrimento da sua falta de conhecimento, que colocam como uma dúvida o formato da terra e que vão até receitas que matam um vírus na base do chá ou de uísque com mel.

Martin Luther King disse uma vez que “Não há nada nesse mundo mais perigoso do que a ignorância sincera e a estupidez consciente”. E isso se torna visível quando uma sociedade com tantos avanços e informações consegue retroceder e seguir um caminho desconexo mesmo quando tudo diz e prova o contrário. Como pode haver tanto retrocesso na era da informação? Por que certos indivíduos insistem em exercitar essa conduta e muitos se recusam a aprender e a abrir os olhos? É intrigante observar que num mundo tecnológico e cheio de informação haja tal comportamento de autossabotagem. 

Toda essa ignorância, que se manifesta das mais diversas formas, que fecha os olhos para os fatos que estão estampados em todo lugar, que acredita somente no que lhe convém, que se transforma e até mesmo transborda em agressividade, tem conseguido manter seu lugar porque ela possui seus interlocutores e seus divulgadores. Espero que algum dia a perigosa ignorância citada por Luther King perca aos poucos seu lugar e que as pessoas saibam, queiram saber e gostem de quem sabe.


                                                                                                                 Gato de Chita


11 comentários:

  1. Genial. Texto bem escrito, repleto de sentimentos e que liga o início ao fim com precisão.

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  2. Boa, Gato. Texto muito bom. No documentário Dilema das Redes eles explicam bastante isso. Infelizmente vivemos não só a era da informação, mas da seletividade de informações. E não necessariamente isso é consciente e escolha nossos, mas feito especialmente para que não pensemos fora dessa caixa, afinal, o ser humano busca o conforto. Muito bom o texto, parabéns.

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  3. Inteligente a maneira de referenciar através do significado da palavra, parabéns!

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  4. Muito bom!
    Infelizmente, ainda que na era da informação, essas informações são bem seletivas e bem fechadas em uma bolha. Complexo, mas necessária a reflexão. Ótimo texto.

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  5. Gostei da escolha de conceituar com o dicionario, o texto todo é bom e levantou um debate importante

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  6. Gostei da forma que utilizou os significados de uma palavra e como ela ganha novas interpretações numa sociedade da (des)informação como a nossa. Tenho exemplos bem próximos de pessoas que possuem acesso à informação, mas preferem ignorá-la, como propõe o significado 3 mostrado em seu texto. Isso tudo causa um enorme desânimo e mesmo com sucessivas tentativas de diálogo, não podemos mudar a cabeça do outro, a única coisa que temos controle é sobre nossas ações. É importante que continuemos com essa comunicação aberta e tentando fazer a nossa parte.

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  7. Parece que vivemos num paradoxo que de tanta informação nos tornamos burros, é bizarro! Gostei de ver a ideia de iniciar o texto com a definição do dicionário como fiz na minha primeira crônica. Texto bem escrito e estruturado, parabéns!

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  8. Gostei muito do seu texto, Gato de Chita! Acho que a facilidade de acesso nos tornou preguiçosos para buscar informações reais. Parabéns!

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  9. Para quem e como as informações estão postas? É necessário pensarmos os diferentes tipos de ignorantes.

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  10. Muito irônico o fato de termos tanta informação disponível e ter tanta ignorância. A época da infodemia.
    Parabéns pelo texto!

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  11. Ótima abordagem, as referências encaixaram muito bem, cumpriu a proposta. Parabéns!

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