Eu devia ter uns sete anos. Minha família tinha marcado de ir para Campos do Jordão. Eu, meu primo e as mulheres da família chegamos no início da semana. Ficamos num hotel que tínhamos feito reserva para toda a família.
Do nada, minha memória da um pulo. A família toda se encontra em uma casa grande. Logo na entrada tinha uma escada de uns cinco degraus de pedras, com um jardim extenso, uma grama muito verde. Lembro que tinha uma roseira, confesso que recordo disso porque tenho fotos até hoje no meu celular. Essa casa ficava em frente ao tal hotel.
Ao entrar na casa, o piso era todo de madeira, havia uma lareira e dois sofás em frente. Me recordo apenas de dois quartos, mas sei que tinham mais. Um para meus pais, um que eu dormia com meu primo e minha avó e, provavelmente, um para meus dindos. A casa era cheia de desenhos, feito por mim e meu primo, colados na parede com um durex todo decorado com desenhos infantis. A lareira nunca era apagada e sempre saímos para comer e passear.
Eu amava o fondue de chocolate que vendia numa galeria colada a uma feirinha, eu o de morango e meu primo o de banana. Minha mãe, minha dinda e minha avó entravam em todas as lojas que viam na frente.
Uma das partes mais marcantes, era a hora de dormir. Eu e meu primo não conseguíamos ficar quietos e vivíamos acordando minha avó. Ela roncava muito e a gente achava engraçado, ficávamos ligando o abajur. Mas, com toda certeza do mundo, a parte que nunca irei esquecer, foi quando eu estava brincando com meu pai e ele sem querer me deu uma cotovelada na boca e meu primeiro dente caiu. Por causa disso, sempre fui a primeira pessoa do meu ciclo de amizade a usar e tirar o aparelho.
Engraçado... eu tenho um irmão e meu primo tem dois, e eu não consigo me lembrar deles na viagem. Mesmo vendo fotos e as pessoas contando, eles são invisíveis nas minhas lembranças da viagem.
Depois de um tempo, minha avó disse que fomos para aquela casa porque o dono do hotel tinha ficado apaixonado por ela e viu que a família era grande. A casa era dele, disse que podíamos ficar lá pelo preço das reservas. Eu nem sei a verdade do porquê fomos parar lá.
Nossa, isso faz uns 15 anos e eu ainda lembro do vento frio batendo no meu cabelo e do cheiro do chocolate quente e fondues de queijo. A memória é realmente algo fantástico.
Rita Skeeter
Essas memórias são as melhores, as que envolvem comida :D
ResponderExcluirParabéns pela crônica!
Adorei, ainda mais uma lembrança tão antiga assim, ótima crônica!
ResponderExcluirMeu primo já começa falando que fomos parar naquela casa porque a mãe dele reclamou muito do hotel e o dono, para se redimir, nos colocou na casa. Disse que tinha um portão com grades. Minha avó nos acordava com mordidas no bumbum, colocava a gente em cima da barriga dela, nos remexendo sem parar e fazia a gente dormir com a história que ela inventou, o He Man comeu as bolinhas do cocô da formiga, achando que era azeitona. E ainda por cima, o He Man era amigo da Xuxa. Todas as crianças brincavam de escolinha. Ficávamos na beira da escada de pedras dizendo repetidamente “quem fala que é, vai casar com jacaré” e cantávamos a música “Papo de jacaré”, que estava em “alta”.
ResponderExcluirEu, Rita Skeeter, não lembro de nada que escrevi acima. Lembro que brincávamos de escolinha, que minha avó acordava a gente e que amávamos essa música. Mas não nessa viagem. Se bem, que lendo isso que ele escreveu, eu começo a me recordar de alguns desses fatos.
Eu, particularmente, amo essas histórias ricas em detalhes. Essa crônica foi tão levinha e nostálgica que parece que eu estava nessa história. Consegui visualizar isso tudo com tanta clareza... Adorei, Rita.
ResponderExcluirTexto muito gostoso de ler e nostálgico, e o título não poderia ser melhor, porque me prendeu até o final para saber quem era esse dono e aonde ele entrava na história. Parabéns!
ResponderExcluirTexto muito bom, os detalhes deixaram a história muito leve e agradável de ler. Como a Cigana disse, também fiquei esperando o momento em que esse dono iria aparecer na história. Parabéns pela crônica!
ResponderExcluirGostei muito do texto!! Muito bom ler essas lembranças tão antigas, tão cotidianas, tão reais. Você conseguiu transformá-las em um bom texto, parabéns!
ResponderExcluirLeitura muito fluida, amei! Memórias assim, felizes, são ótimas de serem relembradas e você descreveu muito bem.
ResponderExcluirGostei do texto, fluído e descritivo.
ResponderExcluirPassou uma sensação muito nostálgica, gostei do texto, bem escrito e leve.
ResponderExcluirMe prendeu do início ao fim, me senti parte da história tamanhos detalhes. Parabéns.
ResponderExcluirÓtima crônica, bem cheia de detalhes. Parabéns!
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