Olhando fotos antigas guardadas em uma caixa cheia de poeira e cupim, corro os olhos
lentamente pelas fotos enquanto vou passando pelo álbum. Viajo em meus pensamentos
imaginando o que poderia ter sido diferente. Lembro do dia em que fomos de bicicleta
ao centro. Passamos pelo mercado municipal e o senhor pediu um pastel com suco.
Certamente foi um dos pastéis de frango mais gostosos que já comi! Voltando para casa,
minha sandália de repente rebenta. Você carinhoso e solícito pegou e guardou meu
tamanco de plástico, que eu tanto gostava. Logo em seguida, vem em minha mente
aquele dia em que voltando da casa de vovó num domingo à noite prendo meu pé na
roda da bicicleta e começo a chorar desesperadamente. Você entra em desespero e fica
aflito! Mas mesmo assim decide rapidamente me levar direto pra casa primeiro, afinal já
estávamos quase chegando. Depois disso fez um curativo correndo e me levou para o
hospital com o coração na mão, rezando pra não ser nada grave e para que eu ficasse
bem. Nessas duas situações eu lembro que existia amor ali, uma verdadeira relação
entre pai e filha. Havia carinho, afeto e cuidado. Você amava tanto quando eu escrevia
cartinhas de dia dos pais, mamãe nunca gostou. Eu te achava o meu herói, um cara
incrível que ia me ensinar a andar de bicicleta. Tempos se passaram e muros foram
criados. Parece que existe uma barreira entre nós dois. "Bom dia" ,"boa tarde", "boa
noite" , "com licença", "obrigado". Parece até palavras proferidas para um atendente de
loja por educação. Vivemos na mesma casa, mas parecemos dois estranhos. Eu não te
conheço! Não temos diálogo, você não me escuta. Se põem como dono da razão e se
recusa a ser contrariado. Não aceita ouvir a verdade, apenas a sua!
Às vezes eu vejo buracos nesse muro de tijolos construído entre nós dois, mas eu não
sei se um dia ele será derrubado...
Mônica Magali
Excelente texto, serviria pra muitos pais por ai. Achei que poderia ter explorado mais a "criação dos muros", vc diz "tempos se passaram", poderia ter explorado melhor o que aconteceu nesses "tempos", talvez conseguisse desenvolver algo ainda mais impactante! Mas isso nem se enquadra em crítica, é uma opinião só, o texto esta impecável.
ResponderExcluirParece que a grande maioria de nós tem relações paternas complicadas (ou não tem nenhuma relação) é tão difícil... Você descreveu muito bem o episódio marcante em que você se sentiu mais próxima dele, parabéns. Eu prefiro ler relatos menos diretos, mas é só questão de gosto, você escreve muito bem !
ResponderExcluirRelações paternas são muito complicadas de falar abertamente, eu acho que apenas gostaria de te ver explorar um pouco mais a forma como você se sente ou o como esses muros se criaram. No geral, gostei do texto!
ResponderExcluirTambém senti falta de um período de tempo entre as duas situações.. Torcendo para que vocês recuperem a proximidade.
ResponderExcluirRelações familiares e seus problemas. É bom que essas memórias se mantém na sua cabeça. Senti falta de mais desenvolvimento entre as ideias e a metáfora do muro, mas parabéns pela força e coragem de escrever um texto tão delicado.
ResponderExcluirEu li esse texto imaginando a figura do meu pai. O título foi bem elaborado, principalmente na separação proposital das silabas, mas ainda acho que poderia envolver ainda mais aspectos e palavras para explicar a escolha do titulo. No mais, parabéns, ótimo texto.
ResponderExcluirGostei do texto, mas acho que você poderia ter desenvolvido mais a construção desse muro, tem muitos detalhes no início mas parece que a parte sobre o muro é pulada. Relações familiares podem realmente ser complicadas, espero que vocês consigam recuperar a relação que tinham. antes.
ResponderExcluirfique mais atenta a erros gramaticais. Sobre o conteúdo, consegui me ver em seu lugar e entender os sentimentos, creio eu que esse seja o objetivo principal do tema da semana e você atingiu com louvor
ResponderExcluirQuais foram os erros gramaticais? Se vc me apontar agradeceria bastante! :)
ExcluirGostei de como você formulou esse texto. A quebra no meio foi muito boa, saltando do amor para o muro, mas como o pessoal disse, parece que foi "do nada" que tudo ficou assim. Acho que essa ideia poderia ser um pouco mais explorada. Torço pra que tudo fique bem entre vocês!
ResponderExcluirRelações são complicadas, é necessário esforço das duas partes para que elas se mantenham saudáveis e agradáveis. Já passei por isso. Como já mencionaram, sentimos falta do aprofundamento quanto ao "muro" e um pouco mais sobre o presente.
ResponderExcluirGostei demais dessa separação das sílabas no título, muito inteligente.Como já foi mencionado antes gostaria de rever mais essa analogia durante o texto mas, em geral, ficou muito bom.Dá pra ver a diferença do apreço pelas memórias da infância e a "secura" do presente.Espero que você e seu pai consigam se reaproximar!
ResponderExcluirDesejo que passe um trator nesse muro. Poderia ter falado mais dele no presente para assim já ter começado a derruba-lo. Não é fácil, mas nenhum muro é forte o suficiente que não possa ser derrubado.
ResponderExcluirAprofunde mais e fale mais das fraquezas desse muro nos dias de hoje, vai facilitar a derrubada.
Carrego o mesmo sentimento. Sinto muito que você também passe por isso.
ResponderExcluirAchei muito bonito como você descreve de forma vivida as partes boas da relação, o saudosismo é muito evidente e eu consegui sentir isso ao ler. Por outro lado, gostaria que a metáfora do muro tivesse sido trabalhada de forma mais presente, muitos espaços ali caberiam uma linguagem mais criativa e menos descritiva da situação.
Te desejo muitas coisas bonitas e que um dia você consiga derrubar esses muros.
Gostei muito do seu texto, Mônica. Me identifiquei e sempre questiono o momento exato em que o muro começou a ser construído, mas nunca descubro realmente. Parabéns pela crônica!
ResponderExcluirCrônica muito bem escrita e de leitura agradável. Único ponto contrário são alguns erros ortográficos, como "rebenta" e "de vovó". Achei muito verdadeira sua escrita e ela reflete o problema de muitas relações parentais. Parabéns!
ResponderExcluirGostei bastante da elaboração do título e como você o relacionou com o texto, a metáfora do muro foi ótima também. Outro ponto que eu gostei bastante foi a forma que você usou para mostrar o antes e o depois, mas senti falta de um pouco mais de detalhes nessa transição. Ótimo texto! Espero que esse muro caia, te desejo muita força!
ResponderExcluirGostei muito da metáfora do muro, mas a passagem da primeira situação para a segunda, poderia ter sido realmente melhor detalhada, até mesmo para aproximar mais o leitor do processo.
ResponderExcluirAinda assim, gostei muito!