Costumo esquecer as coisas.
Acho que já faz parte de mim. Não lembro de muitos acontecimentos da minha vida, principalmente os traumáticos, que eu sei que ocorreram, mas minha mente insiste em apagar todos os detalhes. Normalmente, quando quero relembrar algo do ensino fundamental, por exemplo, recorro a uma amiga, que guarda muitas das minhas memórias dessa época. É um exercício curioso, porque ela sempre lembra de coisas que eu apago completamente do consciente (como a vez que um professor de educação física me carregou nas costas dele).
Ao pensar em momentos notáveis e “antigos”, me lembrei de um. Em 2015 (sim, aparentemente eu só escrevo sobre esse ano), no meio do caos que estava sendo a escola, um trabalho de feira de ciências se tornou um acalanto pra mim. Já tinha me apresentado no colégio e na feira municipal, levando o primeiro lugar com o grupo composto pelas minhas duas melhores amigas, quando uma nova proposta viria para me animar durante os próximos meses do ano: ir pra feira estadual.
Aquela ideia me encantava, e ouso dizer que virou um sonho, um objetivo, o qual eu nem sabia que poderia ter. Olhando de onde estou, percebo, foi o propósito que eu precisava um um contexto tão conturbado. Pude, por algum tempo, me sentir importante para a instituição (onde eu me sentia constantemente incapaz), até porque ninguém nunca tinha ido nesse evento representar a escola.
Me recordo de uma tarde depois das aulas estar com o professor de ciências, na biblioteca que também era sala de vídeo, formulando os textos e preparando a inscrição na feira. A partir disso, passei a destinar meu foco a idealizar o momento da esperada “aprovação”. Lembro de ler uma lista em que o meu grupo não estava, pensar que não tínhamos conseguido, e depois achar o nosso nome em outra. Lembro também, de pessoalmente dar a notícia para minha amiga, na rua de casa, enquanto descia as escadas. Por fim, conseguimos ir para a capital do estado apresentar o nosso trabalho.
Foi uma experiência alegre, mas não sei até que ponto cada detalhe aconteceu ou imaginei a partir das minhas idealizações criadas. E vou além: não tenho certeza de que foi plenamente feliz para mim no momento. Definitivamente, é muito mais fácil julgar de forma positiva um período quando ele já faz parte do passado.
Estela Lia
"precisava um um contexto" no terceiro parágrafo.
ResponderExcluirGostei do final, parabéns pela crônica
Bem pontuado, não tinha me atentado a esse erro. Obrigada, Cara de Pescoço!
ExcluirMinha memória funciona igual a sua, juro! Gostei bastante da crônica, principalmente do final.
ResponderExcluirÉ triste hahaha
ExcluirObrigadaa!!
Agora, as pontuações da minha amiga sobre a lembrança:
ResponderExcluir-Na verdade não foi o professor que nos indicou e apresentou a ideia do evento regional, e sim a feira municipal da nossa cidade que nos inscreveu;
-Não foram meses, e sim um período muito curto (nessa eu fiquei surpresa hahahaha)
-Virou um sonho sim e a gente só falava disso o tempo inteiro kkkkkkk;
-Nos sentimos importantes na escola sim, pq a gente era mto diminuída lá;
-A tarde com o professor pra mandar os textos de inscrição foi real (pensei que eu tinha inventado essa parte);
-Essa lista em que não estávamos existiu, e depois realmente saiu outra com nosso nome;
-Eu realmente dei a notícia pra ela, mas foi por WhatsApp, e depois de ter recebido a mensagem do professor sobre a aprovação (então não deve ter sido pessoalmente como eu narrei hahaah e eu não fui a primeira a ler e saber);
Esse foi o relato dela. Não esperava ter acertado boa parte do que aconteceu, porque minha memória costuma ser péssima hahaha foi legal a experiência de recordar esses momentos.
Adorei o relato e a lembrança da sua amiga, hahaha. Parabéns, Estela. Muito boa a crônica.
ResponderExcluirObrigada pelo comentário, Michael :))
ExcluirHistória muito interessante, me identifiquei bastante porque a minha memória é péssima também, sempre tem aquele amigo pra me ajudar a lembrar. O texto foi bem escrito, me prendeu na leitura e gostei de que como terminou o texto. Parabéns!!
ResponderExcluirMuito obrigadaaa
ExcluirGostei da conclusão que você chega, é bem verdade mesmo.
ResponderExcluirAdorei o relato de forma leve e intimista, incluindo o comentário de sua amiga!
ResponderExcluirAcho que essa foi a intenção ao escrever. obrigada!!
ExcluirGostei muito da forma como você descreveu a história, que complementou com todos as observações sobre memórias. O texto ficou bem legal, parabéns!!
ResponderExcluirTexto fluído com boa escrita e a frase final me deixou reflexivo! "é muito mais fácil julgar de forma positiva um período quando ele já faz parte do passado."
ResponderExcluirMe identifiquei com o primeiro parágrafo, minha memória é assim também. Gostei do texto, está bem escrito, a parte que chamou mais a minha atenção foi a conclusão, é um ótimo ponto para refletir.
ResponderExcluirTexto tranquilo, bem escrito, tudo certo! A frase final é 100% verdadeira kkkkkk
ResponderExcluirAdorei, parece que estou lendo o texto de alguém super próximo de mim, e eu adoro essa sensação.
ResponderExcluirO comentário com as memórias da sua amiga de certa forma, pra mim, complementam muito da sensação que eu apontei acima, me parece uma outra amiga em comum no meio da conversa complementando o que você esquecia de falar.
Parabéns, somente apontaria o mesmo detalhe que já foi apontado no primeiro comentário.
Minha memória também é péssima e me identifico 100% com você, Estela! Muito legal ver os relatos da sua amiga também. Você conseguiu passar a sua empolgação com esse que foi um grande evento pra você. Parabéns pelo texto, muito bem escrito!
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