Acho que eu nunca questionei por que eu sempre afasto novas pessoas de mim. Sempre foi quase um reflexo, é automático inventar um motivo para não sair, uma desculpa para não me abrir para alguém.
Eu sempre tive isso na minha cabeça: eu não sou feita para relacionamentos como outras pessoas. Eu tenho amizades que eu amo, mas que mesmo assim nunca saberão de tudo que passa na minha cabeça e por algum motivo distorcido só fiquei com pessoas que eu tinha certeza de que não se tornariam um envolvimento romântico real.
Ouvindo pela primeira vez o conceito de autossabotagem, acho que posso começar a ter uma noção. Eu tenho essa tendência a fazer isso em todos os aspectos da minha vida, essa “síndrome de impostor” que não me deixa aproveitar meus momentos bons no 100%.
Me questiono se eu realmente mereço minhas amizades, minha posição em uma universidade, tudo que já ganhei e todas oportunidades que já tive, e isso só me bloqueia para o futuro, porque eu sei que toda vez que eu encontrar alguém e toda vez que a vida me jogar uma oportunidade, aquela voz no fundo da minha cabeça vai estar ali me incentivando a deixar o momento passar e depois me culpar por sempre estragar tudo.
E eu queria não ser assim, queria ser uma pessoa aberta e espontânea, mas eu sinceramente sinto como se nunca fosse ser capaz de apenas viver sem questionar o universo por tudo que ele me traz. Eu sei que está tudo na minha cabeça, mas eu me deixo convencer que não mereço as coisas que eu quero e que meu único e inevitável destino é acabar sozinha e frustrada.
Mesmo escrevendo esse texto, mesmo reconhecendo o quão infundados esses sentimentos são, ainda me vejo exatamente da mesma forma: sozinha e indigna.
Lizzy Bennet
Lizzy, eu ia escrever sobre isso também! Quero te indicar um livro: Diários do subsolo, do Dostoievski. Parabéns pelo texto! Gostei bastante
ResponderExcluirAdorei a crônica, Lizzy. Realmente é sempre um sentimento de não merecimento constante.
ResponderExcluirMuito boa a sua crônica. Me identifiquei bastante, esse sentimento de não servir pra relacionamentos em geral como outras pessoas é péssimo e me impede de tanta coisa...Obrigada por falar sobre isso!
ResponderExcluirVocê não faz ideia do quanto eu estou assustada!! Lizzy, não tem uma única frase desse texto que eu não me identifique. Acho que nem eu conseguiria expressar tão bem todas essas minhas angústias, angústias essas que estão comigo desde que eu me entendo por gente. Eu sei o quanto isso nos faz mal e quanto nós gostariamos de mudar mas não conseguimos, é difícil demais. Ao mesmo tempo que é triste saber que você se sente assim, também é de certa forma reconfortante saber que não estou sozinha. Não sei nem como concluir esse comentário, acho que após esse minitexto que estou escrevendo seria um tanto irônico dizer que fiquei sem palavras, então, termino dizendo que você me deixou assustada (da maneira mais positiva possível, juro). Parabéns!!!
ResponderExcluirNossa, a síndrome do impostor é muito real!! E pra mim tá mais latente agora na faculdade. Enfim, bom texto e achei que você cumpriu com a proposta, parabéns!
ResponderExcluirÓtima crônica, fiquei impressionada em como me identifiquei com muitos desses sentimentos. Gostei da estrutura do texto e do desabafo, parabéns!!
ResponderExcluirSua crônica está muito boa. Esse sentimento é realmente horrível de se ter , mas você merece todas as coisas boas nas sua vida!
ResponderExcluirLizzy, primeiramente, você não está sozinha. Seja por ter pessoas com o mesmo sentimento que o seu, seja por pessoas que te amam e são próximas a você ou seja por aqueles que te amam e estão afastados.
ResponderExcluirEntendo o medo de se abrir para as pessoas, é muito insegurança envolvida. Esse sentimento que estar sozinha e ser indigna é muito ruim e imagino que você lute muito para ele sumir.
Mas nunca coloque seus méritos, conquistas, sortes e afins em dúvidas por causa disso. Você pode ter coisas maravilhosas na sua vida sim!
Que crônica poderosa e difícil, Lizzy! Também me identifiquei com todas as palavras. Você conseguiu definir em poucas palavras a potência e impacto que esses sentimentos e angústias têm na gente. Só consigo pensar na quantidade de relatos parecidos que vi recentemente. Acho que isso só nos mostra o quanto essa é uma questão não só pessoal, mas da sociedade como um todo. Como fomos criados, a forma como concebemos as informações. Acho que absorvemos tudo isso e reproduzimos muitos resquícios inconscientemente. Mas a partir de um questionamento, uma lâmpada interna se acende e começamos a perceber situações repetitivas com um olhar diferente. A sua lâmpada já está acesa e com certeza só vai te mostrar tudo de maravilhoso que tem dentro de você e que você se esqueceu. Você não está sozinha!
ResponderExcluirGostei muito da estrutura do texto. O sentimento que você expressou foi muito bem aflorado.
ResponderExcluirMe identifiquei muito com você, Lizzy. Crônica bem escrita e sincera, parabéns!
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