Minha dor-amor

 Será que considerar que não me saboto já é uma auto sabotagem? Fico numa linha tênue  de não sentir certas coisas ou não querer sentir. As justificativas para certos  comportamentos meus, pelo menos para mim, fazem sentido pelo meu jeito de ser…  para ele nem tanto. Eu sei que acabo fugindo por insegurança de sofrer de novo, de doer  de novo, mas isso não tem nada a ver com o meu jeito. Não posso deixar que alguém  me diga que tem problemas no meu jeito. O jeito é meu. Ele não vai mudar o meu jeito. 

Foi muito complicado tudo o que eu vivi. É difícil explicar. Eu amava muito, mas eu  sofri o dobro. Era um amor que machucava e eu nem sabia que amor também era dor.  No início era só amor no sentido bonito que aprendemos ao longo da vida. Depois foi só  dor. Uma dor que deixou sequelas até hoje, tem certos lugares que ainda dói. Dói  principalmente quando ele quer que eu dê espaço para esses lugares serem tocados de  novo. Dói de um jeito que eu não quero que doa mais. 

Era amor? Amor dói? Ninguém gosta de sentir dor, acabei não querendo sentir amor…  porque para mim o amor se apresentou como dor e até agora é isso que eu sei que é  amar. 

Eu tento. Juro que eu tento acreditar que ele está disposto a me mostrar que o amor pode  doer muito, mas também pode curar tudo. Só que ainda dói. Eu não queria entregar pra  ele um corpo machucado. 

Eu estou prevenindo o amor não ser dor para ele ou eu estou cultivando o amor ser dor  em mim? Ele não merece o amor como dor. Eu também não merecia, mas não tiveram o  mesmo cuidado comigo. E cuidar? Cuidar espero que seja o início da minha nova forma  de amar. 

Cuidar de mim. 

Cuidar da minha dor. 

Cuidar para não me enganar com aquilo que era amor. 

Cuidar de quem quer cuidar do meu novo amor. 

Cuidar do amor.

                                                                                                                 Nakia Okoye