sexta-feira, 27 de maio de 2022

 Uma resposta mole demais para o Argus Coração-de-Pedra


Argus Stoneheart, você fudeu comigo. Honestamente, não consigo ler seu texto sem debruçar-me em lágrimas. Tudo e todas as suas formas de escrita são muito sensíveis. Infelizmente, suas palavras são precisas sobre tudo se passa em meu interior.


Admito algo que você descobriu sem que precisasse lhe confessar, meus comentários são máscaras. O Shaolin é uma versão de mim crua e sombria, e eu só consigo ser ele sozinho.


Não sou nenhum tipo de matador, apenas se pudéssemos incluir a mim mesmo. Meu pseudônimo surgiu quando tudo em minha vida desabou, querido Argus. Eu já fui alguém inteiro, e não se preocupe, estou buscando me consertar. 


Tento todos os dias com todas as minhas forças não pular de um penhasco sem volta, eu tenho tatuado o quanto eu sou forte, mas adoro desistir de mim mesmo. As minhas máscaras são o meu filtro social, a minha forma de ser aceitável e não incomodar a ninguém com todos os traumas que já tenho, e os que descubro todas as semanas na terapia. Elas são parte fundamental da rotina -eu já me acostumei com elas- e por isso, seria hipócrita não escrever sempre sobre elas.


A verdade é que sou mais quebrado do que a minha versão de 6 anos jamais achou que eu fosse ser. Eu sou confuso, e por isso talvez seja difícil me identificar como Shaolin. Portanto, digo e repito: são as máscaras.


O “Shaolin, o matador de porcos” é muitas coisas, espero poder mostrá-las a tempo para vocês. Porém mais que tudo, talvez o Shaolin seja um pedido de ajuda. Uma tentativa de me enxergarem e de verem as minhas dores. Quando descobrirem quem eu sou, talvez pareça que contei mentiras todo esse tempo, mas nada em minha vida é perfeito. A última vez em que eu estive tão perto do precipício, eu podia contar com uma rede de apoio. Fui obrigado a deixar tudo ir, sem que eu pudesse escolher. Agora, eu só tenho a mim mesmo e a pessoa na qual eu amo. Seria tão injusto jogar os meus pesos para aqueles ombros suportarem sozinhos, por isso mantenho grande parte deles comigo. E eu não sei se isso é o suficiente para aguentar tantas coisas. 


Por fim, acho injusto não saber quem se esconde por detrás desse maldito pseudônimo e máscara. Se algum dia desconfiar quem se encontra do outro lado dessa tela gélida, me conte seu nome, Argus. Você tocou minha alma, com algum tipo de espelho, me fazendo ver meus traumas e formas de pensar de formas cada vez claras. Preciso lhe agradecer e parabenizar, de alguma forma.


Ninguém nunca, em toda minha existência, conseguiu me enxergar de forma tão honesta e complexa (como sempre me enxerguei), querido Stoneheart.


Com carinho,

Shaolin, o matador de porco

 Querida Karmen,


Uma pena ter que esperar uma semana para contar como me senti ao ler o que escreveu sobre mim. Acredito que eu mesmo não escreveria tão bem,nem pesquisaria com tanta destreza como você. A sua sensibilidade ao escrever sobre uma persona estranha e melancólica, como é a que expus, tocou-me. 


Mas acho necessário esclarecer duas coisas: primeira, a única coisa que li do grande Tolstói foi um conto “Kholstomer”, o qual nunca esqueci. Aliás, faço aqui uma sugestão de leitura, esse conto me tirou da realidade. Como pode um cavalo falar e ser mais racional que o próprio ser humano? Foi em uma aula sobre teoria da literatura, meu professor passou minutos falando do quanto Tolstói era um escritor único,  deixou-me  completamente embasbacado com aquele homem que eu nunca tinha sequer ouvido falar.  E ,mesmo assim, acredite, eu não procurei nada dele para ler. Quão preguiçoso! Tenho em minha casa três livros dele, intactos, sem nunca terem sentido o toque selvagem de meus dedos.


Segunda coisa, o nome  Vitorino foi uma escolha muito banal. Uma vez, conheci uma menina que se chamava alguma coisa Vitorino, só isso ficou na minha cabeça, o primeiro nome dela, eu esqueci. Minha mente me trai nos momentos que eu mais preciso. A escolha do meu nome, portanto, surgiu da falta.  Da falta de vontade de ler nosso amado Liev e de lembrar o nome de uma garota muito inteligente e simpática. 


Eu adorei saber sobre esse Vitorino, o nosso Dom Quixote brasileiro,como você mesma diz. Agora posso fingir que o conhecia e me passar por culto? Não, esse mérito é todo seu.  Você conseguiu me abraçar de alguma forma com as suas palavras. Não é todo mundo que sabe abraçar sem machucar, lembrando aqui a letra da música Cinnamon Girl de Lana del Rey. 


Sinto que devo ter quebrado algum encanto. Mas, pense bem, eu não poderia revelar assim um gosto de cara. Sou uma pessoa misteriosa, que coisa de viver no mistério. Certas coisas só significam longe dos holofotes, perto do coração. É por isso que digo, um dia, ei de ser Liev Vitorino, mostrando toda a minha verve, jogando sal aos rostos, na pele crua dos desalmados. 


Enquanto isso, brinco de garoto, porque é até divertido.


Obrigado pelo texto!



Abraços,

          

Liev.

 CORAÇÕES NUNCA SERÃO PRÁTICOS

 

Poderia falar de diversas maneiras sobre este pseudônimo, embora não tenha ideia de quem se trata, reconheço uma semelhança em nossas aflições, é que nós temos o mesmo receio de sermos invisíveis, de sermos esquecidos, não lembrados. Também temos a solidão como companhia e isso, aparentemente, não nos afeta, pelo menos não declaramos assim fora de nosso pseudônimo.

Este pseudônimo é tão sensível que quase tenho medo de tocar, é necessário cautela, paciência e perseverança para ler nas entrelinhas. Argus Stoneheart muito provavelmente é o melhor escritor deste semestre, ainda tenho recordações de alguns textos que ficaram marcados pela nossa angústia dividida, ainda que eu não tenha revelado qualquer coisa parecida em meus textos.

É difícil compreender alguém, principalmente se não sabemos quem é o outro e se as informações transmitidas em seus textos são realmente verídicas. É que eu tendo a duvidar, a vida me deixou calejada. Tenho a sensação de que falhar seja algo dificílimo ao Argus Stoneheart, ser abandonado também, pois remete a uma falha distorcida de si mesmo. “Por que estão me dando as costas?” Se você fez tudo certo, eles não deveriam ir embora, correto?

Alguns textos por aqui me tiraram o riso, os seus me fizeram chorar, devo ter me afogado algumas vezes, depois de inundar as minhas embarcações. É que me sentia um navio solitário navegando por aí, com os meus fardos pesados e minhas âncoras interiores que muitas vezes me impediram de navegar. Reconheci em um de seus textos a dor de precisar crescer antes da hora. Dar a sua vida em detrimento à outra, não necessariamente isso... priorizar o outro, isso fere e nos deixa marcas profundas.

Esta é a primeira vez que não me preocupo com caracteres, tamanho da fonte ou tamanho de texto, eu não ligo, não quero escrever para que achem bonito, bem estruturado, é uma carta aberta ao Stoneheart, é Lilith sendo puramente sincera com alguém que compartilha a mesma dor. Nós temos almas cansadas, envelhecidas e sabemos quão solitário e torturante pode ser uma vida sem erros. Argus permite a sua vulnerabilidade, ainda que dentro de um pseudônimo. Eu jamais fiz isso.

Argus, me dirigindo diretamente a você agora, me chamou atenção em seu último texto, o número dois, você provavelmente entende exatamente o que quero dizer. Eu sei. Essa semelhança me trouxe uma lembrança fria, vazia e obscura, foi quase me deparar com o fundo do poço em que já estive. Fico aliviada que você tenha parado em dois e que esteja hoje aqui para contar fragmentos de sua história e para dividir conosco a sua vulnerabilidade, você foi muito mais sincero do que eu tenha sido em qualquer texto aqui.

A sua linguagem em textos é tão específica que ao ler os títulos consigo saber de quem se trata, as construções poéticas, metafóricas e seus arranjos me deixam sem fôlego. Você prometeu e cumpriu, como tenho certeza de que deve ter feito por toda a vida. O sol, projetado no alto de seu mapa em sua embarcação, (repare, todos temos um) me indica que você será grande.

Saiba que sou uma entusiasta fã de sua escrita. Não permitirei que o seu nome suma entre as galáxias e a imensidão do universo, ele ficará entre as estrelas. Se um dia contarem a minha história, que digam que corri entre os melhores, vivi na época de Ford Prefect, que digam que andei ao lado de Argus Stoneheart, o nome que não se apagará.

ACONCHEGO

 

Um aroma doce e suave adentrou na minha janela. Sinto o perfume do bolo de milho bailar no ar. A fragrância do café está me possuindo... “Vem sem demora” Ouço alguém me chamar de longe. Será que é algo da minha cabeça ou realmente isso é um convite? “Vem...”

Essa ilustre palavra fica latejando em minha mente e, assim como o canto de uma sereia, é literalmente impossível resistir-la. Levanto da cama. Coloco a minha melhor roupa e assim como o nosso querido amigo Pica-pau, sou levada pelo cheiro de aconchego.

Mas como nada é perfeito, minha pior inimiga começa a militar contra eu mesma. E, se assim como os filmes de terror, estão me atraindo para me matar? E, se na verdade estão querendo expor quem eu verdadeiramente sou? E, se no outro lado da porta está um assassino?

Ajeito a postura e tomo uma decisão. Dessa vez não, consciência. Cobram tanto por minha ausência, mas ninguém está nem aí para tudo que aconteceu comigo. Mas a vida é assim, não é?

Viro a maçaneta e encontro um universo novo prontinho para ser desvendado. Uma parte da galáxia que eu não conhecia.

“- Pode entrar, Glória.”

Não penso duas vezes e entro. Só os deuses sabem como eu ansiava por esse momento. A minha vida toda eu estava só aguardando um convite. E você, Lilith Lili, acabou de me resgatar de um poço profundo de insignificância.

Aliás, quem é você Lilith Lili? Quem é esse ser transcendente que em vez de julgar como os outros, me entregou o mais ilustre dos convites?

Não sei quem você é, se é homem ou mulher. Na realidade, nem sei ao certo quem eu sou. Mas de uma coisa eu sei, o seu aconchego me resgatou! Pode colocar mais bolo para assar, faz um suco. Eu compro o pão. Achei o meu lugar. Daqui não saio mais.

 Honorável Nico, você me apontou algo interessante que até o momento não havia percebido, essa questão do distanciamento em relação aos meus textos. e realmente após o primeiro texto tenho me distanciado um pouco, talvez por não me identificar muito com os temas ou talvez por não querer reviver esses traumas. Sinceramente eu não sei, sempre é difícil redescobrir e reavivar traumas que estão no fundo de minha alma.

 Sinto que você analisou bem a minha essência, ou a essência de quem eu mostro ser, me sento muito feliz de ser elogiado por alguém que eu tanto admiro dentro dessa oficina e alguém que para ser sincero me identifico muito.
Sempre me pergunto a razão da escolha de seu pseudônimo, gosto de pensar que você é fã da cantora e atriz alemã Nico. Mas acho que só descobrirei no final da disciplina.

 Querida Manuela,


Nunca me imaginei sendo destinatária de uma admiradora. Obviamente, isso não se dá devido à baixa autoestima — eu estaria mentindo se dissesse que sim — nem ao descuido — por vezes, tendo a ser cuidadosa demais —, mas, na verdade, nunca me imaginei sob a declaração de um admirador apenas por me achar ordinária.


Esse medo de ser comum me assombrou por muito tempo e, nos momentos em que ele era maior que a própria vida, ele me paralisava. Não somente isso, mas ele também fazia com que eu me perdesse. Ele me fazia ouvir músicas que não eram do meu gosto, usar tecidos que não me agradavam, dizer ditados que não combinavam com a minha persona. Esses últimos dias, eu tenho me permitido ser eu mesma — o que quer que isso signifique.


Assim como você me aconselhou, eu tenho deixado de tentar me encaixar nos padrões de outras pessoas. O processo de me conhecer tem sido difícil, mas extremamente recompensador. É aquele momento que você para, se olha no espelho e pensa: vale à pena me esforçar tanto assim? Quando eu acordo todos os dias, eu percebo que sim. Afinal, nos renovamos sempre, não é? Tal qual um copo se quebra?


Tento passar essa mesma sensação pela minha escrita e, apesar de escrever há algum tempo, nunca pensei em ouvir palavras tão bonitas e bem intencionadas quanto as suas. Acredito que a anonimidade tenha um papel significativo nisso; quando nos desprendemos das amarras conectadas aos nossos nomes e identidades, acabamos por deixar alguns sentimentos reprimidos virem à tona. Mesmo não te conhecendo, posso dizer que você é uma pessoa muito carinhosa, já que está disposta a dar esse carinho para um desconhecido apenas por ele escrever algumas palavras meio desconexas.


Ah, eu realmente gosto de comida quentinha e de passar um tempo com a família. Tenho essa mania de me deixar levar pelos pensamentos e às vezes isso me faz um mal danado, mas não sou pisciana. A terra do meu mapa é meio infértil nesse quesito.

 It’s a kind of magic...

Caro Freddie, a vida é, de fato, uma montanha russa de emoções, sentimentos, sensações e experiências malucas. A gente sente medo, se apaixona, se emociona, sente dor, terror, horror, frio, calafrios, fome, tristeza, angústia, melancolia, saudade, nojo, raiva, ódio, se arrepende, aprende; e com tudo isso, se transforma. A montanha russa wild extreme flame wheel na qual embarcamos nos surpreende a cada momento, e apesar dos apesares, apesar das dores e horrores, apesar das perdas, frustrações, erros e decepções ainda é o mais belo espetáculo para estar presente, atuar, apreciar e aplaudir; tudo ao mesmo tempo.

Queria aproveitar a oportunidade para dizer que você não está sozinho, a mente é traiçoeira e recentemente tudo tem estado tão pesado que chega a ser difícil completar uma linha de raciocínio sem ser interrompido pelos monstros da ansiedade e da falta de autoconfiança. Mas tenho certeza que você será capaz de contornar e superar todos os problemas que você diz que lida em seus textos. A solidão, falta de autocuidado e de confiança e constante tentativa de fuga da realidade são sintomas dos tempos atuais e te garanto que você não é o único lutando contra esses demônios. Você irá superá-los, vai se sobressair, prevalecer, vencer!

Gostaria de dizer que a maneira com que você descreveu minhas crônicas me deixou bem feliz. Sou apaixonado pelo horror e pela maneira com que esse gênero nos faz refletir como sociedade. O horror é capaz de causar impacto, te incomoda e tem a capacidade única de se utilizar de ferramentas “terríveis” para discutir assuntos importantíssimos. A beleza da utilização da sujeira, do feio, horrendo e, muitas vezes, assustador, para trazer à tona preconceitos, o lado “feio” da sociedade e pensamentos coletivos que só causam dor e revolta realmente me fascina. Acho que no final das contas “ta todo mundo em pânico” quase sempre, todo mundo desesperado, assustado e impressionado com a montanha russa que é a vida; mas talvez essa seja a beleza, o impensável, o incalculável.  

Agradeço os comentários e pelo carinho que teve no texto. Desejo força, sucesso e espero que apesar de tudo você sempre saiba que o “o show tem que continuar”, que a vida é sim “um tipo de mágica” e temos que aproveitar, e que você se liberte de tudo que te prenda, deus sabe que você tentou, continua e continuará tentando. Espero que saiba que mesmo “sob pressão” nós não devemos desistir e que ninguém, jamais, poderá te parar.

Ps: Os pseudônimos nos dão possibilidades incríveis, abertura para falar e nos expressar. Todavia é um pouco angustiante não saber quem é quem e não poder chegar e dar um abraço, uma palavra amiga pessoalmente. Sinta-se abraçado e assim que a dinâmica da disciplina acabar proponho um papo sincero sobre a vida, o universo e tudo mais. Falar sobre questionamentos, incertezas e por que a pergunta fundamental é tão complicada de ser entendida já que a resposta fundamental é 42. Quem sabe não criamos um laço de amizade, se já não formos amigos. 

Ps nº2: Nunca esqueça sua toalha e o mais importante: NÃO ENTRE EM PÂNICO

Com carinho,

Ford Prefect.

Resposta para Arial Maisul


Caro Arial, é estranho sentir alguém falando sobre Ânima Bardot. Talvez isso ocorra por não estar acostumado com a ideia de que alguém realmente leia os meus textos, talvez por esse motivo eu fale abertamente sobre meus problemas nesse blog, e hoje não seria diferente.

Acho que de alguma forma, você entendeu minha dor, e mais que isso, entendeu minha essência, melhor do que eu, do lado de dentro, entenderia. Acredito que seja possível conhecer pessoas através de palavras. Falam que uma imagem vale mais do que mil palavras, bom, nem sempre. Uma paisagem nunca será tão bela quanto um poema sobre tal paisagem, digo isso porque vejo a escrita, e principalmente a escrita artística, como o caldo da alma humana, e isso nunca seria substituível por uma imagem, já que a escrita traz a subjetividade humana, que é uma das coisas mais belas que existe.

Além disso, concordo quando você diz que eu ando tentando me reconstruir, já que sei que estou quebrada, mas nos últimos dias me sinto ainda mais quebrada do que o normal, tenho cicatrizes profundas, que tenho que aprender a amar, já que fazem parte de mim, o tal copo quebrado que o professor jogou no chão durante a aula.

Eu amo uma mulher, sim, e a interpreto como arte. Ouvi uma frase esses dias: os Românticos são os novos rebeldes, e eu concordo com isso.

Arial, você já amou alguém de verdade? Amar é doloroso, é como ir para o Alasca e ver suas pupilas congelarem ao passo que você ainda sente calor, e esse calor vem de dentro. Mas amar também é muito mais do que eu posso falar com metáforas esdrúxulas. Eu amo a minha estrela, a minha mulher arte, e isso é a minha revolução, minha sina, e parte da minha essência. Talvez eu seja mesmo uma rebelde, ou apenas uma idiota.


Você errou minha cor favorita, eu não sou uma emo\gótica que só usa roupas pretas (mesmo adorando uma jaqueta de couro), mas sim uma romântica que é apaixonada pela cor azul do mar. Além disso, não gosto muito de Strogonoff, mas você realmente acertou quanto a rock internacional antigo e quanto ao meu amor pela escrita e música.

Por fim, agradeço por escrever sobre mim, e desejo a você todo o carinho do mundo.

Com amor, Ânima Bardot

 Carta ao Matador de Porco

Caro Shaolin,
essa carta provavelmente será excessivamente autocentrada mas eu estou realmente muito lisonjeado com suas palavras e, principalmente, em perceber o tempo e a atenção que você dedicou à atividade de descobrir quem é o Akil Ubirajara.

Antes de mais nada, queria dizer que eu estava muito ansioso para saber o que outra persona poderia escrever sobre mim: Será que conseguiria me acertar? Será que teria paciência para analisar todas as camadas dolorosamente construídas? Será que chegaria perigosamente perto, a ponto de deduzir o escritor covarde que esse pseudônimo esconde? Será que passaria tão longe que eu começaria a me perguntar se estou mesmo passando as ideias que imagino passar?
Assim que os textos foram publicados, corri para acessar o blog e ler o que você me tinha escrito. Quer saber o que seu texto me causou? Bom, eu não poderia estar mais feliz. 

Que bom que você pesquisou origem e significado dos nomes que escolhi. Eles foram escolhidos para representar a dicotomia conflituosa dessa e de qualquer parte de mim. Você foi cirúrgico nessa análise e agora estou tranquilo em seguir escrevendo minha verdade da forma como venho fazendo. Mais seguro também em mudar a minha abordagem para escrever o que preciso, quando estiver a fim de inovar, da mesma forma que você já fez em textos anteriores.

Carinhosamente,
Akil Ubirajara

   Querido Canoa Furada


   Você acertou quando disse que eu estou construindo minha autoconfiança, não é um processo fácil. Eu estava prestes a dizer que  não acho que tenho tanta força assim, mas foi exatamente isso que você quis dizer com "uma força maior do que ela imagina ter". 
   Não acho que eu seja inabalável, sou fraca, somos fracos, todos nós. Só entendo que hoje sou mais forte do que eu já fui a um tempo atrás, ou melhor acho que na verdade eu sou menos fraca. A fraqueza não é uma coisa negativa, admitir é um ato de coragem. Obrigada pelas palavras, eu realmente tento muito me reconstruir a cada queda e não desistir de mim, afinal meu caro Caca, a única coisa que temos somos nós mesmos. 
    Você me acha curiosa? Sabe, já me falaram que eu sou uma pessoa muito previsível, discordo totalmente. Você não errou ao falar que gosto de filmes e séries, EU REALMENTE AMO. Adoro arte, ler livros, MPB e conversar cara a cara. Gosto de proporcionar pelo menos um minuto de risos para os meus amigos, mas você também estava certo quando disse que eu não sou uma pessoa fácil de lidar. Você conhece a pessoa por trás da Dandara dos Palmares e eu espero que não se assuste ao ver que eu sou  muito alegre e ao mesmo tempo escrevo coisas muito tristes.

Nem tudo é como parece ser. Te desejo um ótimo dia, 

Da "grande", 
Dandara dos Palmares.

 Querida Dandara dos Palmares, 

Primeiramente gostaria de agradecer pelas doces palavras da crônica anterior. Durante a leitura, me senti acolhida e compreendida o que não tem ocorrido com tanta frequência nas últimas semanas. Confesso que você me surpreendeu ao conseguir captar a minha essência de forma tão certeira, mesmo sem saber quem escreve por trás deste pseudônimo. Notei que, assim como eu, você também é observadora e carrega a sensibilidade nas palavras. No entanto, vale destacar que a minha aparência doce e tranquila não é capaz de definir completamente quem eu sou. Realmente, sou doce e tranquila na maior parte do tempo. Contudo, quando preciso me impor não hesito em deixar transparecer outros traços da minha personalidade. Afinal, o meu maior temor é ser silenciada.  

Entretanto, você realmente me conhece… Comecei a questionar se a ovelha é mesmo o animal que melhor me representa e cheguei a conclusão de que eu pareço uma ovelha. Porém, no meu interior vive uma grande loba e eu não teria percebido isso sem você! Como você sabiamente observou, eu não estou bem… Mas acordo todos os dias na esperança de sair dessa escuridão que insiste em me consumir. De alguma maneira, estou lutando contra isso. Agora, escolho quais batalhas valem a pena e poupo ao máximo a minha energia. Já aceitei que não consigo mudar a mentalidade da minha família são muito conservadores e não aceitam as transformações da sociedade, por isso a minha geração precisa tanto de terapia como também não nasci para agradá-los.    

Ah! Achei ótima sua recomendação de música! Eu adoro ouvir músicas enquanto escrevo… Na verdade, tenho um gosto musical bem eclético nas minhas playlists do spotify. Lá você encontra um pouco de tudo: pop, rock, mpb, samba, nacionais e internacionais. Confesso que ainda não consigo desapegar de músicas antigas do início dos anos 2000 – essas são as que mais mexem comigo pela sensação de nostalgia.

 Respondendo ao seu questionamento: também gosto de tomar um bom vinho nas noites frias do inverno e aprecio muito rolês culturais em museus. Tenho uma relação muito próxima com as belas artes. 

Por fim, espero que com esta carta você consiga me conhecer um pouco mais. Tentei me abrir e sei que você vai me entender. Além disso, sinto que já somos íntimas… Você não está sozinha! Eu estarei aqui para te ouvir e acolher sempre que você precisar. A distância entre nós parece imensa, mas ela não impede o surgimento de uma grande amizade!         


Com carinho, Elizabeth Bennet.

Niterói, 26 de maio de 2022.


Querida Elizabeth Bennet, 


Me utilizo desta carta para apresentar meus sinceros agradecimentos por belas escolhas de palavras ao se referir ao meu pseudônimo. Obrigado por captar alguns elementos das minhas crônicas.

Por mais incrível que pareça, ler “Um olhar sobre o Pedro Bial da depressão” me fez ter vontade de escrever mais, acredito que todos gostamos de ler coisas boas sobre nós.

Afinal, quem é o Pedro Bial da depressão?” Sou teimoso, gosto de fazer as pessoas rirem, e ser um bom ouvinte é o que faço de melhor. Gosto de bons papos e sou bem calmo.

No último parágrafo da crônica você escreve um olhar bem perspicaz, e me arrisco até em dizer que profundo sobre mim, confesso que você está certa. Mas, como tudo de ruim passa, venho com boas novas. Estou melhorando, mas ainda gosto desse olhar melancólico.

Bennet é um ótimo sobrenome, me lembro de uma personagem, de uma série americana teen. 

Bom, por hoje é só minha querida.


Atenciosamente,

Pedro Bial da Depressão.

Carta aberta a Ford Prefect.

Caro Ford,

Que enorme satisfação existir e ser transformado em texto através das palavras de alguém cuja escrita eu admire tanto. Você foi exímio ao examinar e me levar numa viagem através do meu próprio sobrenome fictício. Argus é um nome que não posso revelar porque escolhi, porque implica demais na minha identidade. Já Stoneheart é construção minha, que tem muito a ver com a jornada nos textos que construí até aqui. Eu prometi a vocês uma jornada, e hoje vou levá-los num novo passo. Meu nome.

Não o meu próprio nome, no entanto. Não tenho interesse em transportar minha identidade pra fora daqui. Tudo que Argus significa pra vocês, quero que vocês mantenham no Argus, pra que vocês olhem uns para os outros acreditando que eu possa estar ao lado de vocês, sem que vocês saibam. Ford me levou a enxergar Braveheart, uma versão diferente e mais artística de mim mesmo, mas eu me apeguei demais à rocha dura. Ela é meu conforto. O guerreiro mais corajoso pode se quebrar, mas uma rocha firme é difícil de partir.

No entanto, não é impossível. Sabe por que escolhi esse nome? Quem se lembra das aulas de Biologia vai saber que a vida e a matéria orgânica são originadas das rochas, num longo processo chamado Intemperismo. Como disse, muito me machuquei durante minha vida, e me tornei como uma rocha, mas de alguns anos para cá eu percebi que isso apenas me traria isolamento e uma degradação pessoal. Ninguém seria tão prejudicado por mim quanto eu mesmo. Por isso, eu permiti meu coração rochoso a passar pelo Intemperismo.

Aos poucos, eu aprendo a me desmontar, a esfarelar, me desintegrar, me remontar, degradar e florescer novamente. Aos poucos, eu me desfaço e refaço num compasso que nem todos conseguem acompanhar, mas um coração de pedra nunca foi uma significação da minha incapacidade de ver um futuro mais brilhante, pelo contrário. Stoneheart é justamente a promessa de que minha esperança de renascer há de se cumprir, não importa quantos milhões de anos eu espere. Por hora, eu deixo a chuva, o vento e o Sol mudarem minhas estruturas. Um dia, quem sabe, eu não escreva mais sob o nome Stoneheart, mas até lá, vou me recostar em minha cadeira e aproveitar o processo. Da rocha crua e degradada, um dia ainda há de emergir não mais Argus Stoneheart, mas quem sabe Argus Evergreen.

Ford Prefect tem um olhar perspicaz e muito afiado, e ler o que você acha de mim foi muito reconfortante e gratificante. Você tem um toque especial, uma magia no jeito que você escreve, e fiquei encantado pela forma que você pode me captar nos seus parágrafos. Uma experiência muito prazerosa. Você ainda ver esse coração corajoso sendo ainda mais criativo e artístico no futuro, e desejo ver sua trajetória ser tão frutífera quanto eu espero que a minha seja.

Com admiração,

Argus Stoneheart (por enquanto).

 Chorão acerta mesmo depois de morto


Querido Chorão 

De fato, é substancialmente difícil falar sobre alguém a partir de poucos textos. A amostragem é muito pequena e as impressões podem ser superficiais diante da complexidade daquele ser humano. Também tive cuidado e bastante respeito ao falar sobre o outro.
— Será que fui certeiro e delicado ao falar sobre uma persona? Pensei.
E com toda minha precaução ao falar sobre o outro neste exercício, me veio outra questão. Por que não tenho tamanha sensibilidade ao vivo e em cores no mundo real? O texto anterior abriu uma janela em minha mente, passei dias me questionando acerca da atividade. E, como penso muito, fato que talvez não saiba, resolvi dividir aqui como forma de catarse.
— Quantas vezes já fizemos este exercício, porém na vida real? Ou melhor, quantas vezes já prejulgamos alguém diante de uma atitude pequena? Refleti.
Um gesto, um sorriso, um olhar distante, uma palavra infeliz. Quantas vezes faço isso por dia mesmo que involuntariamente? É duro pensar nas possibilidades perdidas por causa de más interpretações. É triste pensar em como o ser humano - me incluo -  julga sabendo tão pouco.
Agora de volta a você, Chorão. Não te esqueci. Sim, você está certo na maioria de seus apontamentos sobre a minha persona. Sou tímido, ainda que contigo talvez não seja. Digo isso porque sou bem calado no início, porém sou outra pessoa quando crio intimidade. Então pode ser que fique surpreso quando e se souber quem eu sou. Também está certo quando diz que sou inseguro. Sim, me falta confiança e é algo que venho trabalhando comigo mesmo. A autoaceitação faz parte de nossa construção enquanto seres livres das amarras sociais. Pode-se dizer, Chorão, que, assim como disse em algumas crônicas, criei certo pânico social devido ao isolamento social. Contudo, está totalmente superado. Percebo isso, pois criei muitas amizades na uff desde então e não venho tido a menor dificuldade em me relacionar com novas pessoas. Inclusive, tenho me achado sociável demais. Como eu era antes do isolamento. Jamais pensei que eu retomaria a vida social com tanta rapidez e "facilidade". Talvez tenha feito um alarde desnecessário. Talvez o meu lado pessimista/meus demônios internos tivessem me feito acreditar no pior, que eu viveria para o resto da minha vida entocado como um rato com medo da vida.  

 Rio de Janeiro, 24 de maio de 2022


Querido Akil Ubirajara, 


suas palavras me tocaram profundamente e fiquei extasiada com a sua crônica. Confesso que não esperava que o resultado da proposta textual dada pelo professor pudesse ser tão tocante, mas foi. Também não imaginava que eu pudesse transparecer tanto de mim nas palavras, mas a forma como me descreveu bem foi realmente surpreendente. 


Logo no começo do texto, fiquei impactada: “Uma solista, alguém que se basta nessa vida, e ainda assim tem medo da solidão”. Essa frase me deixou perplexa, porque realmente sempre me senti com o peso de ser independente e me bastar, principalmente pelos traumas com os problemas que vivi com a minha mãe no passado. No entanto, a imagem externa e durona que criei para mim não diminuiu meu medo de ser só e a necessidade de companhia, no final das contas. Porque até quem se basta muito precisa de alguém às vezes, sabe? Normalmente não paro para pensar tanto nisso, mas sua análise me surpreendeu e me fez refletir profundamente. E admiro demais uma escrita que tem esse poder de reflexão.


Quando falou sobre minha escrita, abri um sorriso sincero. E no momento que escreveu sobre minhas motivações para ser jornalista, me emocionei. Suas palavras são tão belas e tocantes que é difícil não se sentir abraçada por seu texto. Você escreve com amor e por isso acho que sua paixão não se foi, como você sugeriu na crônica. Ela pode estar adormecida, mas não duvido de que vai conseguir acorda-lá. 


Por fim, obrigada por cada palavra. 


Com amor, Aria Masiul. 

 Querido Bluebird,


Seu texto me tocou profundamente. Acho que eu estava em uma situação na qual precisava “ouvir” aquelas palavras e entender o que você me propôs. É preciso coragem para se jogar de cabeça no que acredita e viver o melhor do que queremos e esperamos da vida. Esses últimos meses me faltou, e ainda falta, essa força de pular sem medo de cair, mas uma hora eu consigo chegar lá.

Agora vou mudar o rumo da conversa. Como você tem sido forte e se jogado nos seus anseios? Será que a ideia que você tem sobre si mesmo é o que você está sendo? É engraçado, veja, por vezes nos privamos do melhor para nós mesmos por puro medo de entender que a vida vai além daquilo ali. Mas eu penso diferente: a graça da vida é que ela vai muito muito além daquilo ali. Isso, as vezes, machuca, mas te ajuda a entender o que é o que. 

Não tenha medo de se jogar, Bluebird. As melhores coisas da nossa existência vêm do risco e adrenalina de não se saber para onde está indo, mas ir mesmo assim. Seu coração não precisa ser um espaço vazio e intocado.

Com carinho,

Nico.

Querido Pedro Bial da Depressão,


Fico feliz que meus mistérios óbvios o tenham guiado a uma descrição tão interessante. Dentre todos os adjetivos conferidos por você na semana passada, o que mais se aproxima da minha realidade enquanto persona por trás da persona é, sem dúvidas, “confusa”. 


Quanto à Karmen, você acertou em cheio. Ela, como o nome diz, é camaleão, se transmuta de acordo com seus medos e emoções: pode exibir-se em faixas avermelhadas, camuflar-se em tons de verde, espelhar as cores de Almodóvar, de Frida Kahlo (já que gostou da referência musical: https://www.youtube.com/watch?v=leL7KSkm97M). 


Nos dias tranquilos, azul, mas quase nunca. 


Você sabe qual é o meu maior sonho, Pedro? Ser ouvida. Não pretendo que me entendam, mas desejo intensamente que um dia minhas histórias e contradições possam lançar raios de luz sobre a vida de alguém, como Clarice um dia fez comigo. Ela se foi há mais de quarenta anos, nunca estivemos juntas neste plano, mas sua obra me salvou de mim mesma. 


Quem sabe um dia, para além das muitas camadas de personas, possamos tomar um café e conversar melhor sobre tudo isso. Também quero desvendar você.


Abraços,

Karmen Chameleon

sexta-feira, 20 de maio de 2022

 O OUTRO

Eu tenho uma teoria em que acredito fielmente. Acho, ou melhor, tenho certeza de que nunca vamos conhecer plenamente o outro. Aliás, quem é o outro? Quem é aquela pessoa que convive comigo durante a semana toda, que assiste as mesmas aulas que eu e que também criou um pseudônimo? Quem é ele? Ou quem é ela? Quem é a Dandara dos Palmares?

Será que ela é uma pessoa que se fecha e tenta esconder seus traumas? Que passou por uma situação bem complicada e mesmo assim teve que prosseguir? Que se auto sabota por não acreditar em si mesma? Que tem medo de começar algo pois pode dar errado? Que se interessa por um texto extremamente irônico e de completa importância de Machado de Assis? Que não se sente à vontade para expor, nas redes sociais, quem realmente é? E que tem dois extremos?

Será que é alguém que se parece comigo? Que também foi quebrada e se tornou um lindo Mosaico? Aliás, no último texto, abordamos o mesmo tema. Será que foi coincidência ou obra do destino?

E se a resposta para cada uma dessas perguntas fosse sim? Me aliviaria saber que somos tão parecidas? Não, na verdade, me preocuparia. Sou ansiosa, tenho medo de tentar algo novo, me escondo atrás de uma máscara, criei um personagem e fiz com que todos a minha volta acreditassem nele...

Será que a Dandara também é assim? Na minha concepção, ela é uma menina muito forte, que teve que superar seus traumas e prosseguir. E, o resultado desta ilustre obra, foi uma linda obra de arte.

Não é fácil lermos a nós mesmos, quanto mais ler o outro. Como vou decifrar uma camada inerte de um planeta desconhecido? Ainda não sei. E se “Dandara” for só um personagem? E se a proprietária deste pseudônimo estiver brincando com todos nós? E se ela, na verdade, criou a Dandara como uma válvula de escape da sua pior versão? E se na verdade, essa pessoa já evoluiu ao ponto de não se ver mais na Dandara?

Aqui nós trabalhamos com fatos, e não com suposições. Querida Dandara, tomando Glória Maria como espelho, digo com plena paz, você é uma menina muito forte, não se acanhe, o mundo precisa ver você brilhar!

 Dentre todos os pseudônimos, para Akil Ubirajara 


Para todos aqueles que não são os donos dessa persona, convido-lhes para uma jornada. Vocês podem se surpreender ao verem no Akil, o seu próprio reflexo em um espelho. 


“Querido Akil Ubirajara,


Esse texto é mais do que sobre a sua persona, é para a sua persona. Espero que aprecie essa obra, que ela te confronte e te instigue assim como o Shaolin propõe para si mesmo todos os dias.


Akil fala sobre sabedoria e inteligência. Conta sobre alguém que usa a razão, e apesar disso, tudo que avistei foram relatos de alguém submerso em suas emoções. 


Seu nome sugere a ideia de um herói indígena, Ubirajara. O homem da lança, mas tudo o que você fez durante todo esse tempo foi apontar para si mesmo. O paradoxo desse pseudônimo foi complexo demais para que eu pudesse compreendê-lo, mas essa é a graça dos nossos encontros. Vivemos na tentativa de desvendar mais sobre aquele que nos escreve, quando não somos capazes de compreendermos sequer a nós mesmos.


Ubirajara, gosto da vulnerabilidade em seus textos. Vejo como encontrou nesse local um ponto de conforto, e agradeço pela oportunidade de fazer parte desses momentos. Em suas palavras existem uma constante evolução, como alguém que se sente cada vez mais confortável. Talvez aqui seja o seu lar, ou talvez seja o seu inferno. Porém como você mesmo disse, às vezes tendemos a gostar mais do inferno que do paraíso.


Seu coração é honesto o suficiente para admitir pecados e sonhos esquecidos, e isso admiro com veemência. Sempre fui de me esconder por detrás de máscaras, sou um alterego podre demais para aquilo que a sociedade espera. A mentira é minha maior companheira nesse oceano de incertezas que é a vida, ela nunca me julgou e sequer irá. Nossa relação de co-dependência é instigante.


A sua verdade brilhou em meus olhos, quando avistei a imagem de alguém quebrado. Tão quebrado como eu, como poderia ser? 


Os trechos que retratam sua imperfeição foram os responsáveis por mais me cativar, Akil. Não tenha medo de ser fraco, as narrativas covardes são as favoritas. 


O maior plot-twist de todas as histórias é: nós devemos nossas maiores gratificações para aqueles que nos quebraram. Esses são os verdadeiros responsáveis por quem somos, por todas as mudanças que fomos obrigados a fazer e todas as versões que deixamos de ser. Portanto, agradeço à Lorena, aos seus pais que não ficaram, ao seu sonho colocado na gaveta, entre tantos outros traumas compartilhados conosco. Afinal de contas, essa versão do Akil Ubirajara é a melhor até aqui.


Transcendi, quando minha terapeuta disse que todas as versões de mim são quem eu sou. Até as que eu mais abomino e gosto de repelir, até o meu personagem favorito e mais sombrio: o Shaolin. Faço essa metáfora para que compreenda que como parte de você, o Akil merece todas as suas facetas. Seja o poeta que você mais gosta de ler, meu caro! 


Por fim, agradeço pela oportunidade! Desvendá-lo foi cordialmente único, e espero poder fazê-lo mais vezes ao decorrer do nosso breve infinito prestes a terminar. 


Com carinho, 

Shaolin, o matador de porco

O nome é de assassino de suínos, mas as palavras são de um coração remendado

Shaolin, o matador de porco. Se estivéssemos num mundo paralelo onde os porcos tivessem evoluído maleficamente a ponto de se tornarem ameaças à vida terrestre, esse seria o nome de um grande herói. No entanto, nesse nosso lúdico mundo digital, é um nome (diga-se de passagem) muito inusitado que me fez rir a primeira vez que li um texto dele. Não ri pelo nome ser engraçado, no entanto, mas pelo fato de uma pessoa com tanto senso de humor ser capaz de escrever coisas tão tristes.

Em seu primeiro texto, você fala de suas máscaras, e de como usá-las por tanto tempo te fez ser incapaz de reconhecer a si mesmo. Já em “Por que eu amo o que não sou?”, fui atingido por um dos trechos que mais gostei de todos os textos que li. ”O sorriso perfeito, as notas exatas e as felicitações irreais. Eu amo o que eu sou, mas eu não sou o que eu acho que sou.” Essa frase foi capaz de transcrever claramente o sentimento do autor, e além disso foi o suficiente pra espelhar esse sentimento em mim. Em “O que a gente poderia ter sido”, você trata de uma sensação provocada pela autossabotagem, que dialoga completamente com o que você trabalhou em “A máscara”. Justamente sua incapacidade de se reconhecer e ser sincero consigo mesmo, rompendo as aparências, é o que gera sua insegurança na hora de se sentir digno ou pronto para receber e retribuir um amor do qual você fugiu, por medo. E, por último, em “Os fragmentos de quem eu sou jamais serão contados por mim”, você coroa a melancolia dos textos anteriores com a triste reflexão de que a sensação de que podemos quebrar novamente é pesada demais para quem já esteve na beira do abismo.

Caro Shaolin, minha função nesse texto não é falar do seu caráter, porque não o conheço.

Não é falar da sua estrutura textual, porque faço questão de tecer elogios nos comentários de suas publicações.

E também não é supor qualquer coisa a respeito de quem você seja, ou denunciar sua identidade. 

Estou aqui pura e simplesmente para falar, que, lendo seus textos, eu percebo uma pessoa que por mais que tente disfarçar o que sente através das máscaras, – elemento sempre presente nas suas narrativas – carrega dentro de si um enorme cansaço. Como disse em meu último texto, nunca tive muitos amigos, então as palavras escritas muitas vezes me fizeram companhia. Por isso, aprendi inconscientemente a detectar o que as palavras querem dizer e o sentimento que elas carregam, mesmo que sem total exatidão. Lendo seus textos, meu coração dói muito. Enquanto digito essas mesmas palavras que você lê no momento, sinto vontade de chorar. Você não diz, mas nos faz sentir o peso dos seus fardos, e por Deus! Como eles são pesados! Só de pensar no quanto você teve que suportar, em todos os sentimentos que você precisou reprimir... Não posso imaginar o quão difícil deve ter sido chegar até aqui. Minha essência empata quase pode me fazer ouvir os seus soluços, e isso me faz querer ser capaz de tirar essas cargas de cima de seus ombros e colocá-las sobre os meus. Você passou por tanta coisa, sozinho, e hoje é alguém calejado, com um coração feito de remendos da experiência.

Por mais que você faça trocadilhos com suas palavras, seja receptivo ao nos chamar calorosamente de companheiros e tenha um carinho enorme ao comentar os textos, isso tudo não me deixa parar de pensar no quanto isso apenas esconde seus pesos. E isso machuca em mim.

Por isso, queridos colegas escritores, posso dizer com clareza que Shaolin, o matador de porco, pode não ter nome de herói, mas com certeza cativou meu coração. Ele faz questão de dar a todos um afeto e atenção preciosos, sendo sempre cuidadoso e profundo em seus comentários, consolidando a si mesmo um exímio contador de histórias. Seus textos são do calibre de um homem que fez da solidão e da aceitação da dor as suas parceiras, e que nos faz sentir suas vivências enquanto constrói um ambiente que seja confortável para quem lê. Nos sentimos íntimos, mas impotentes ao saber que tanta coisa te tenha sucedido e talvez nunca deixemos de ser apenas isso: espectadores. É um sentimento agridoce, ler um texto que me faz sentir tão bem quisto, mas que fale de coisas tão melancólicas. É como comer dar a última garfada no nosso prato favorito.

Shaolin, eu peço a você com toda a minha alma: não deixe esse peso ser a âncora que vai te levar pro fundo de um mar de sofrimento. As coisas não precisam ser assim. Quem te fala agora não é mais Argus Stoneheart, o autor, mas Argus Stoneheart, que tentou dar um fim a si mesmo 2 vezes justamente por negligenciar a si mesmo e disfarçar o que sentia. Seus textos me lembraram da época da minha depressão, e eu me vi nas suas palavras. Por isso, eu peço que você procure ajuda quando for difícil demais, e que cuide de si mesmo. Quando eu percebi que minha situação estava caminhando para um beco sem saída, eu resolvi aceitar ajuda e mudei de direção, e hoje afirmo que estou no caminho da construção da alegria. Muitas vezes eu passo por situações difíceis, me canso, fico triste e choro inconsolavelmente, mas no fundo, eu continuo sendo uma pessoa feliz. Isso que é a plenitude da vida, saber que a alegria não é como o oxigênio, sempre presente. Ela mais se assemelha ao Sol. Às vezes tímido, às vezes some, mas não importa o quão escura sejam as nuvens, sempre vai haver um Sol brilhando acima delas.. Você vai precisar quebrar o seu orgulho, e fazer coisas que pensou que nunca faria, mas quando você finalmente sai dessa fase, você vê que valeu a pena. 

Eu não posso te tocar, não posso te abraçar, não posso pegar seu rosto em minhas mãos e enxugar suas lágrimas, e talvez fora desse blog nem nos tornemos amigos, mas eu quero dizer uma coisa a você: eu sinto suas palavras, eu vejo sua carga, eu compreendo sua trajetória, e eu admiro sua capacidade. Espero que em breve, pelo menos uma vez você seja capaz de escrever um texto que não me faça sentir mais a sua dor, mas a sua superação.

Você sobreviveu a um total de 100% de todos os seus dias ruins até agora. Você é Shaolin, o matador de porco, e saiba que Argus Stoneheart para sempre vai estar marcado por ti.

 QUEM É DANDARA DOS PALMARES?

  Pelo jeito que ela escreve, acredito que Dandara seja uma mulher que ainda esteja construindo sua autoconfiança, porém esse processo não apaga sua principal característica: uma força maior do que ela possa imaginar que tem. Pude enxergar um lado difícil de sua vida no texto, cheia de rupturas, mas que estão sendo reconstruídas pela sua força de vontade e resiliência. Se mostrar inabalável não é sinônimo de força. O verdadeiro poder está na reação depois de uma queda dura, que nos deixa despedaçados e fracos. Dandara me fez sentir que, independente do que aconteça, ela pode levantar e reconstruir-se.
  Além disso, é uma pessoa muito criativa e curiosa, que está sempre buscando aprender coisas novas para aprimorar seu lado intelectual, mas também seu lado artístico. Portanto, além de escrever muito bem, aprecia uma boa leitura e provavelmente alguns filmes e séries no final de semana. Além, claro, de se provar uma grande artesã ao recolher os estilhaços de seu copo e reconstruí-lo. Acho que Dandara é discreta, meiga e que talvez não seja tão fácil de se lidar inicialmente, mas com o tempo mostra sua bondade e gentileza. Posso estar me equivocando nas minhas impressões, ainda é um mistério. Sem dúvida eu gostaria de conhecer a verdadeira personalidade por trás das palavras da grande Dandara dos Palmares.

 Desvendando Aria Masiul


Um nome como esse, tão significativo e sonoro, deve ter sido pensado com muito esmero para nomear uma persona que aprendeu a ser melodiosa por si só. Uma solista, alguém que se basta nessa vida, e ainda assim tem medo da solidão. Tem medo de perder o que acredita ter.

Moldada principalmente, entre inúmeros outros elementos, por um relacionamento complicado. Algo que parece ter resolvido de maneira saudável. Lendo seu primeiro texto achei a situação injusta (e acho ainda) mas percebo que é um elemento fundamental para sua evolução e você não seria a escritora que é hoje sem a superação desse trauma. Sua escrita é sempre muito bem construída, tanto em regra como em conteúdo, sem ser nem um pouco pretensiosa. Você passa a mensagem que precisa sem se preocupar em "lacrar", você simplesmente escreve porque precisa. E é aí que está a verdadeira arte.

Uma menina, garota, mulher idealista que acredita na conquista da felicidade, do amor, da verdadeira democracia. Escolheu o jornalismo porque acredita na democratização da informação como a melhor ferramenta para mudar vidas. E, vida por vida, quem sabe, mudar a realidade desigual do país. Me identifico profundamente porque eu também já fui assim. Eu também já fui idealista e apaixonado pela mudança. Será difícil mas espero que você nunca perca essa paixão. Espero também que ainda seja possível recuperar a minha. 


Não posso apontar com absoluta certeza (aliás, nada do que está aqui pode ser afirmado com 100% de certeza) mas acredito que o motivo para não ter publicado um texto sobre autossabotagem esteja presente no último: "Gosto de estar certa sempre e por isso admitir o erro é horrível". Mas existe uma grande vontade de reconhecer as próprias falhas para se reinventar. O processo será extremamente difícil mas acredito que você consiga pois outra característica que transparece em seus textos é a sua determinação. 

 É A GLORY MARY

Inicio este texto com certa cautela, afinal falar sobre o outro sempre é algo problemático, afinal corremos o risco de ser injustos e de fazermos um mau julgamento. Tenho receio em causar feridas, por isso esta leitura é recomendada para quem quer relaxar. Eu, a quarta parede, escrevo com sensibilidade e é por esta, que falarei sobre a Glória Maria. Discreta, de construções poéticas e metafóricas bem estruturadas, noto certa invisibilidade, me parece que há muito a dizer, todavia, tenho impressão de que as vezes não quer.

Ela é misteriosa.

Parece-me alguém que não se expõe, fecha-se em seu casulo, e dentro dele, não conseguimos vislumbrá-la. Ora nos deparamos com seus textos incríveis, ora não a vimos pela multidão. Pluf. Poderia até chamá-la de Noturno, vide a forma abrupta como some e volta. Vai e vem, oi e tchau, sim e não. Embora não haja constância na frequência de seus textos, há firmeza em suas palavras, suas costuras não permitem lacunas e ela as realiza com maestria. Estou traumatizada... Espelho d’água.

Sua poesia é ímpar, talvez pautada em suas vivências, ou quiçá apenas tenha sido abençoada pelos deuses, vindo agraciada com dons sobrenaturais, estes em que vogais e consoantes despertam emoções em quem tem o privilégio de ler. Glória Maria talvez se assemelhe a própria Glória Maria, apresentadora e jornalista, também discreta, mas potente em suas colocações, em sua história de vida profissional. Eu gostaria de saber mais sobre a Glória Maria da UFF, qual a razão de ter escolhido este pseudônimo, suas vivências, o que lhe aflige ou o que a emociona. Se é homem ou mulher, se mais ri do que chora, porque ora escreve e ora não.

Estas questões muito provavelmente nunca saberei, então a mim resta apreciar suas palavras tímidas e precisas, na expectativa de que este texto a convide a adentrar mais nesta casa. Como quando recebemos uma visita querida, a tratamos com afeto e com ela ceamos, eu te convido a ficar mais por aqui, arrumei a casa para que você se sentisse à vontade, fiz um bolo de milho quentinho, o café está passado, vem sem demora. Não gostaria de permanecer? Você pode sentir o cheiro no ar? Sinta, esse odor de café é para te remeter ao aconchego, pode vir, não se acanhe, eu quero te ouvir