Querida Elizabeth Bennet
Eu conheço alguns medos seus, traumas, inseguranças, sei que você tem uma tal de tia Fátima que mora em Campo Grande e não gosta como te colocam em pedestais. Eu te conheço Liz, juro que a Dandara seria uma boa amiga porque eu te entendo em muitos pontos. Você é doce, gosta de ler (o seu nome denuncia), suas crônicas são fluidas e me prendem sempre. Escrevo para ti, mesmo sabendo que não será a única a ler. Somos quase íntimas Liz, só não sei quem está por trás dessa tela, entretanto, queria que você soubesse que a ovelha não é o animal que melhor te representa. Sabe por quê? Você é um lobo, querida.
“Tic-tac, tic-tac, tic-tac.” O tempo não para né? Me fez lembrar de uma música, “Eu tô bem - Luiz Lins”, acho que você deveria escutar. Melhor! Para o que você está fazendo (lendo, obviamente), coloca essa música e continua a leitura. Eu sei que você não está nada bem, pelos seus relatos você é uma pessoa alegre por fora e triste por dentro. Imperfeita e cheia de marcas? Quem te cobra a perfeição Liz? O que você chama de “marcas” foram feridas expostas um dia, elas cicatrizaram e não deixe que alguém tente reabri-las, nem você mesma.
A sua aparência é uma interrogação pra mim, não faço a menor ideia de como você é fisicamente e no fundo não me importo. Óbvio que conhecer seus traços ajudaria a criar uma boa narrativa na minha mente, mas o que tem me ocupado é continuar lendo você e seus anseios. Você gosta de poesia, chuto que também curte Djavan, Elis e talvez escute uns sons lendários do Cazuza. A senhorita Bennet também gosta de arte e vinhos? Vou te confessar uma coisa: a relação que temos é semelhante a relação que eu tenho comigo mesma. Eu te conheço, mas não sei quem você é.
Eu aguardo a sua resposta, Elizabeth. Espero porque sei que outra vez você vai me surpreender. Aah! quase esqueci de te falar uma coisa sobre a sua última crônica. Não procure uma receita para o recomeço e nem livros de autoajuda, VOCÊ é a própria autora dessa história e talvez ela já tenha reiniciado.
Com amor, aquela que você não faz a menor ideia de quem seja e mesmo assim conhece muito bem.
Dandara dos Palmares.
Por Dandara dos Palmares
A-d-o-r-e-i essa crônica, que deleite poder ler um texto tão rico, com construções interessantes e poder observar a semelhança entre você e a Elizabeth, embora não tenha uma ideia sequer de quem seja você ou ela. Curioso, no mínimo. Parabéns pelo texto maravilhoso.
ResponderExcluirDandara, primeiramente gostaria de agradecer por esse texto tão carinhoso! Sinceramente, nunca me vi como um lobo. Mas, depois da sua colocação, consigo me enxergar por outro ângulo. Realmente, depois de tudo o que passei e ainda não expus aqui, faz sentido ser forte, mesmo ainda sendo frágil em alguns momentos. Você está totalmente certa quando diz que aparento ser alegre por fora, enquanto estou triste por dentro. Tento lidar com essa questão interna, mas ainda não consegui resolvê-la. O problema de estar cercada por pessoas com atitudes tóxicas faz com que eu absorva muita coisa no meu dia a dia. Como válvula de escape, ocupo meu tempo com leituras, principalmente de romances, e tento viajar no tempo enquanto trabalho a aceitação. Já aceitei que não posso mudar o mundo e nem as pessoas ao meu redor, mas trabalho para mudar a minha realidade e me desprender do que tanto me abala. Eu já reiniciei a minha trajetória. Por fim, fico feliz por saber que você me compreende tão bem. Obrigada, de coração!
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