sexta-feira, 13 de maio de 2022

 A METAMORFOSE                               


Eu poderia começar citando Kafka, como o título sugere, mas acho que citar Led Zeppelin é bem melhor…

“Então é melhor você parar e reconstruir todas as suas ruínas, pois a paz e a confiança podem ganhar o dia apesar de todas as suas derrotas”.

No trecho final de  Immigrant Song, música composta por Jimmy Page e Robert Plant, integrantes da banda Led Zeppelin, vemos uma mensagem motivacional em que eles nos falam que devemos reconstruir nossas ruínas e que, apesar de todas as nossas derrotas, ainda podemos ganhar  o dia. Mas eu não sei como me reconstruir.

O professor disse que todas as noites nos tornamos copos quebrados e perguntou como nós podemos reconstruir os cacos, mas penso que é fisicamente impossível reconstruir os cacos da mesma forma do que foram.

De alguma forma, o copo vai ser diferente, seja porque terá a cola em seu meio, seja porque os cacos deixaram evidente que o acidente aconteceu, sempre existirão marcas que atrapalharão o futuro do copo.

Por isso, é impossível voltar ao seu estado inicial. Milhares e milhares de poetas já escreveram sobre como gostariam de voltar para a sua infância, em que não existiam problemas e quase tudo era perfeito, mas sabemos que essa não é uma possibilidade.Assim, como eu estava dizendo, nós mudamos cada vez que nos quebramos, e eu posso provar isso com a minha própria história.

Eu mudei de forma diversas vezes em minha vida, de modo que fui me tornando diferentes versões da  nima Bardot que vocês conhecem hoje. Tudo começou na minha infância com a primeira  nima, ela era pura e inocente, mas coisas ruins aconteceram com ela, o que a fez se fechar cada vez mais em si, criando a segunda  nima, que estava completamente em uma posição de defesa. Logo depois, a segunda  nima conheceria a arte, criando a terceira  nima, muito parecida com a primeira, sendo extrovertida, feliz e realizada, mas a traição de um amigo mudaria tudo. Após ser traída por um dos seus melhores amigos, A terceira  nima virou a quarta  nima, que novamente se reprimia e teve que lidar com um quadro depressivo bem grave, além de ansiedade e Toc. Por fim, chegamos à  nima que vocês conhecem hoje, que eu ainda tento descobrir quem é, mas que se sente diferente a cada dia que passa.

Assim, chego a uma conclusão para a resposta do professor: Para reconstruirmos os cacos do nosso copo quebrado, devemos deixar para trás quem éramos para nos tornar uma pessoa completamente nova, a cada dia. Dessa maneira, poderemos nos reconstruir e seguir em frente, a cada dia, nos tornando pessoas novas, com identidades diferentes, e aí que está nossa verdadeira felicidade. Devemos ser uma metamorfose ( Não a de Kafka), a fim que a paz e a confiança que vem dessa aceitação de que mudamos toda vez que nos quebramos, nos faça ganhar o dia, assim como é dito por Jimmy Page e Robert Plant em sua música.
Por Ânima Bardot

2 comentários:

  1. Ânima, gostei da intertextualidade com Kafka e Led Zeppelin (você tem bom gosto). Você conseguiu amarrar tudo no seu texto de maneira fácil de elucidar e nos deu uma dimensão dos seus sentimentos. Não tenho noção de qual Ânima foi a autora desse texto, mas seja qual das três, parabéns pela progressão narrativa.
    Com afeto, Argus.

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  2. Ânima, seu texto é muito gostoso de ler. É interessante que cada texto nos toca de forma diferente. O seu meu fez flutuar, deslizar. Parabéns pela sua estrutura textual, só foi possível sentir conexão com a sua história porque você soube muito bem utilizar os elos coesivos e a intertextualidade, construindo uma narrativa com fluidez e entrega.

    Abraços do Liev.

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