sexta-feira, 27 de maio de 2022

 Uma resposta mole demais para o Argus Coração-de-Pedra


Argus Stoneheart, você fudeu comigo. Honestamente, não consigo ler seu texto sem debruçar-me em lágrimas. Tudo e todas as suas formas de escrita são muito sensíveis. Infelizmente, suas palavras são precisas sobre tudo se passa em meu interior.


Admito algo que você descobriu sem que precisasse lhe confessar, meus comentários são máscaras. O Shaolin é uma versão de mim crua e sombria, e eu só consigo ser ele sozinho.


Não sou nenhum tipo de matador, apenas se pudéssemos incluir a mim mesmo. Meu pseudônimo surgiu quando tudo em minha vida desabou, querido Argus. Eu já fui alguém inteiro, e não se preocupe, estou buscando me consertar. 


Tento todos os dias com todas as minhas forças não pular de um penhasco sem volta, eu tenho tatuado o quanto eu sou forte, mas adoro desistir de mim mesmo. As minhas máscaras são o meu filtro social, a minha forma de ser aceitável e não incomodar a ninguém com todos os traumas que já tenho, e os que descubro todas as semanas na terapia. Elas são parte fundamental da rotina -eu já me acostumei com elas- e por isso, seria hipócrita não escrever sempre sobre elas.


A verdade é que sou mais quebrado do que a minha versão de 6 anos jamais achou que eu fosse ser. Eu sou confuso, e por isso talvez seja difícil me identificar como Shaolin. Portanto, digo e repito: são as máscaras.


O “Shaolin, o matador de porcos” é muitas coisas, espero poder mostrá-las a tempo para vocês. Porém mais que tudo, talvez o Shaolin seja um pedido de ajuda. Uma tentativa de me enxergarem e de verem as minhas dores. Quando descobrirem quem eu sou, talvez pareça que contei mentiras todo esse tempo, mas nada em minha vida é perfeito. A última vez em que eu estive tão perto do precipício, eu podia contar com uma rede de apoio. Fui obrigado a deixar tudo ir, sem que eu pudesse escolher. Agora, eu só tenho a mim mesmo e a pessoa na qual eu amo. Seria tão injusto jogar os meus pesos para aqueles ombros suportarem sozinhos, por isso mantenho grande parte deles comigo. E eu não sei se isso é o suficiente para aguentar tantas coisas. 


Por fim, acho injusto não saber quem se esconde por detrás desse maldito pseudônimo e máscara. Se algum dia desconfiar quem se encontra do outro lado dessa tela gélida, me conte seu nome, Argus. Você tocou minha alma, com algum tipo de espelho, me fazendo ver meus traumas e formas de pensar de formas cada vez claras. Preciso lhe agradecer e parabenizar, de alguma forma.


Ninguém nunca, em toda minha existência, conseguiu me enxergar de forma tão honesta e complexa (como sempre me enxerguei), querido Stoneheart.


Com carinho,

Shaolin, o matador de porco

Por Shaolin, o matador de porco

Um comentário:

  1. Querido Shaolin, ao mesmo tempo que é incrível como alguém que "não conhecemos" nos decifra, também é assustador... Eu te compreendo.

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