“O copo quebrado deve ser você todas as noites”, foi o que o professor disse. Estranhamente isso me fez pensar. E pensar. E pensar mais um pouco. O quanto eu me permito ser quebrada para poder ser reinventada? Provavelmente pouco. Não me leve a mal, eu sou jovem e adoro me redescobrir e reinventar, mas no sentido “bom”, sabe? A parte de viver a vida intensamente e criar diversas versões de si mesmo, é isso que eu faço. No entanto, parei para pensar no quanto eu permito me reinventar a partir dos meus erros, o quanto eu dou o braço a torcer e reconheço que errei para poder mudar a partir desse falha. Definitivamente muito pouco. Na verdade, pensando bem agora, as diversas versões de mim mesma provavelmente acontecem por alguns erros que eu definitivamente não quis reconhecer. Sabe, é isso que eu faço: crio novas versões para justificar o erro e assim não precisar assumir a culpa total por ele, porque existe uma realidade paralela onde tudo pode ser justificado. Faço isso tudo porque errar dói e eu normalmente não lido muito bem com a dor. Gosto de estar certa sempre e por isso admitir o erro é horrível. Como posso ter feito algo que não está certo por culpa exclusivamente minha? Esse sensação é ruim demais. Gosto de estar no controle sempre. Entretanto, o professor me fez pensar. E pensar. E pensar mais um pouco. Consegui concluir que eu definitivamente tenho que aprender a lidar com as coisas que não dão certo, principalmente as que não dão certo por minha causa. Porque faz parte da vida, acho. Esse eterno errar e aprender e errar de novo e aprender mais uma vez. Então hoje, quando deitar na cama, vou me permitir ser quebrada. E amanhã, quando acordar, vou poder me reinventar. Não como forma de anular os erros, mas como forma de assumi-los e repará-los. Então vou tentar aprender a perder o controle e ficar bem até quando estou quebrada. Não preciso estar inteira sempre, acho. Vou tentar.
Por Aria Masiul
Aria, a transformação nasce na mudança de pensamento. Bom você admitir sua deficiência na questão de não conseguir se desculpar, porque, pessoalmente, pessoas que não são capazes de reconhecer os próprios erros são muito difíceis de se relacionar. Sem ofensa. Parabéns pela reflexão e por nos fazer te acompanhar no seu processo de mudança.
ResponderExcluirCom afeto, Argus.
Reconhecer nossos erros é um sinal de maturidade. Muitos passam a vida inteira sem chegar a esse ponto de reflexão, então só posso te parabenizar! Fico feliz que as aulas e o processo de escrita estejam te ajudando a conhecer novas (e melhores) versões da Aria.
ResponderExcluirAria,é estranho o quanto nos torturamos achando que precisamos sempre ser o lado mais forte, correto e belo, né? Como se a nossa face tivesse que sempre ser perfeita ou até que não existisse certa poesia nas coisas grotescas, feias e malcheirosas. Quando conseguimos chegar a essa conclusão que você chegou no seu texto, percebemos o quanto não valorizamos os detalhes da nossa vida, sejam eles bons ou não. Porque tudo é vida.
ResponderExcluirA gente tem mesmo que parar e apreciar "a beleza de uma noite sem paixão".
Abraços,
Liev.
Aria, você admitir que precisa lidar melhor com as coisas que não dão certo já é ótimo, eu seria hipócrita se eu te escrevesse algo sobre se reconstruir, até porque eu sempre fujo dessa parte mas eu entendo que é uma coisa extremamente importante. Espero que essas reflexões feitas te ajudem nesse processo, parabéns pelo texto!
ResponderExcluirFreddie Mercury