sexta-feira, 27 de maio de 2022

 Querida Karmen,


Uma pena ter que esperar uma semana para contar como me senti ao ler o que escreveu sobre mim. Acredito que eu mesmo não escreveria tão bem,nem pesquisaria com tanta destreza como você. A sua sensibilidade ao escrever sobre uma persona estranha e melancólica, como é a que expus, tocou-me. 


Mas acho necessário esclarecer duas coisas: primeira, a única coisa que li do grande Tolstói foi um conto “Kholstomer”, o qual nunca esqueci. Aliás, faço aqui uma sugestão de leitura, esse conto me tirou da realidade. Como pode um cavalo falar e ser mais racional que o próprio ser humano? Foi em uma aula sobre teoria da literatura, meu professor passou minutos falando do quanto Tolstói era um escritor único,  deixou-me  completamente embasbacado com aquele homem que eu nunca tinha sequer ouvido falar.  E ,mesmo assim, acredite, eu não procurei nada dele para ler. Quão preguiçoso! Tenho em minha casa três livros dele, intactos, sem nunca terem sentido o toque selvagem de meus dedos.


Segunda coisa, o nome  Vitorino foi uma escolha muito banal. Uma vez, conheci uma menina que se chamava alguma coisa Vitorino, só isso ficou na minha cabeça, o primeiro nome dela, eu esqueci. Minha mente me trai nos momentos que eu mais preciso. A escolha do meu nome, portanto, surgiu da falta.  Da falta de vontade de ler nosso amado Liev e de lembrar o nome de uma garota muito inteligente e simpática. 


Eu adorei saber sobre esse Vitorino, o nosso Dom Quixote brasileiro,como você mesma diz. Agora posso fingir que o conhecia e me passar por culto? Não, esse mérito é todo seu.  Você conseguiu me abraçar de alguma forma com as suas palavras. Não é todo mundo que sabe abraçar sem machucar, lembrando aqui a letra da música Cinnamon Girl de Lana del Rey. 


Sinto que devo ter quebrado algum encanto. Mas, pense bem, eu não poderia revelar assim um gosto de cara. Sou uma pessoa misteriosa, que coisa de viver no mistério. Certas coisas só significam longe dos holofotes, perto do coração. É por isso que digo, um dia, ei de ser Liev Vitorino, mostrando toda a minha verve, jogando sal aos rostos, na pele crua dos desalmados. 


Enquanto isso, brinco de garoto, porque é até divertido.


Obrigado pelo texto!



Abraços,

          

Liev.

Por Liev Vitorino

2 comentários:

  1. Liev, normalmente os seus textos trazem conteúdos que me deixam pensativo, as vezes posso ficar pensativa também. Gosto de suas construções, apesar de saber que nem sempre deixo comentários por aqui. Seus textos sempre vem carregados de dominância e não me refiro às estruturas, mas de alguém que sabe o que quer, o que gosta e exatamente como fazê-lo. Uma escrita clara e concisa. Aprecio muitíssimo!
    Com carinho, Lilith

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  2. Querido Liev, suas construções verbais e analogias me encantam. Parabéns pelo texto.

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