Quem é você, Mrs. Dolloway?
Ora, ora. Para escrever sobre uma persona construída ,paulatinamente, tijolo por tijolo, é preciso que eu tente não ser tão taxativo. Preciso me quebrar um pouco para encontrar você. E só me desfazendo de algumas limitações que antes me despiam, consigo olhá-la melhor. Vejo-a dançando atrás das palavras, sorrindo entre as linhas, acenando que está ali à minha espera.
Nos primeiros tons, você aparenta tristeza, os olhos vermelhos, a alma partida. Talvez por ser altruísta e se importar muito com quem ama. Por ser extremamente humana. Mas, ao me demorar um pouco mais nos seus fractais, percebo uma pessoa que consegue enxergar além da dor, perceber que a vida é feita de processos. Sabe que uma hora pode estar extremamente feliz, conversando com amigos, e depois até terrivelmente triste, com a quase morte de uma amiga muito querida.
Será que Mrs. Dolloway tem um pouco de Virginia Woolf? Será que Mrs. Dolloway lê Virginia?
Seu senso de autoconhecimento exprime uma mulher, imagino, admirável e perspicaz. No seu último texto, pude ver mais de você. Acredito que não seja de rótulos petrificados, mas de se ver líquida, em constante movimento. Correndo pelos obstáculos e passando por entre folhas, adentrando florestas. Não posso defini-la senão como uma autêntica desbravadora. Não das externalidades, mas de si.Porque, quem em sã consciência decide arrumar a bagunça da sua própria casa, do seu próprio eu, senão você, nossa brava Mrs. Dolloway?
Tudo isso é“um tiro no escuro com muita confiança”. Espero não ter me equivocado totalmente, entenda que foi muito difícil. Nesse processo, acabei gostando mais ainda de você. Acho que tenho muito a aprender com essa pessoa que encara os problemas como etapa e não como martírio.
Até breve, nobre Mrs.Dolloway.
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