sexta-feira, 6 de maio de 2022

O que a gente poderia ter sido 


Quando as primeiras ideias do que seria a minha escolha inundaram minha mente, a maior parte delas certamente foram sobre você. 


Gostaria de deixar claro que essa é só mais uma tentativa do seu querido autor de conectar-se com seu público através de seus fracassos, numa súbita tentativa de autoajuda.

Poderia escrever como das últimas vezes, porém prometi ressurgir, leitores. As coisas serão diferentes daqui em diante, e talvez vocês encontrem meu pseudônimo em outras feições.


Autossabotagem? Haveriam mais narrativas do que o necessário para colocar nesse desabafo, no qual confio a vocês meus piores pesadelos. Afinal de contas, qual seria a minha maior pulsão de morte? A nossa música começou a tocar na playlist escolhida, sempre soube sobre o que dissertar. 

Eu sempre te desejei muito mais do que gostaria de admitir, e a verdade é que eu nunca soube lidar com a ideia de amar. Hoje entendo os traumas e inseguranças que rodeavam meu inconsciente, tudo poderia ter sido tão diferente. 

Um filho falho, um profissional desatento e um péssimo amante, seria complicado demais explicar, meu querido confidente. Um ciclo cansativo e repetitivo de insuficiência, quando se trata de mim mesmo.

Numa súbita tentativa de te provar, eu te afastei, me autodestruí. Hoje sei que eu não conseguia me enxergar sendo amado com tudo que você poderia me proporcionar, eu nunca mereci um amor daqueles de cinema. Tudo poderia ter sido tão diferente.

Os anos que seguiram, após aquele passo em falso, foram os mais cruéis. Pior do que amar, é não ser amado reciprocamente, e eu nunca poderia te culpar por isso. Observar seus sorrisos em dupla que possuíam mais química do que nós dois poderíamos sequer ter algum dia me matou aos poucos.

Questiono-me se existe alguma realidade paralela na qual eu nunca me questionei sobre nós, tempo o suficiente para nos sabotar. Aquele refrão nos prometia a felicidade que nunca encontramos, e eu te escrevi mais vezes do que deveria. 


Já se passou tempo demais desde a última vez que os nossos olhos se cruzaram e o seu meio sorriso me fez questionar todas as minhas crenças, o meu primeiro amor foi o meu calcanhar de Aquiles. 

Seus lábios encontram outros, eu sou quebrado demais para um amor tão puro, no final. A gente poderia ter sido tão diferente.


Se um dia a vida nos esbarrar novamente, quem sabe aquela música não esteja tocando por tempo o suficiente para que nós mudemos de opinião?


Não foi por acaso escolher o tema, com sorte o amor e as dores de amar nos conecte, meus caros. Sempre foi sobre aceitação e sobre sentir-me amado, mas quando os encontrei, nos empurrei do precipício sem paraquedas. 


Nesse show de horrores finitamente curto, qual será o seu próximo ato falho, companheiro(a)?


Talvez a humanidade seja mesmo um ciclo eterno de autodestruição. 

Por Shaolin, o matador de porco


3 comentários:

  1. Muito bom, Shaolin! Se reinventar é sempre necessário e experimentar novas formas de fazer algo enriquece as nossas vivências. Seu texto foi muito bem escrito e o conteúdo me tocou porque consegui me identificar facilmente nas suas palavras. Me sinto grato em acompanhar essa sua nova fase de escrita. Parabéns!

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  2. Shaolin, sua escrita foi profunda e dolorosa, acho que é porque passei pela mesma situação e a gente lê as coisas com os olhos das bagagens que carregamos. Gosto da sua escrita e gostei, especialmente, de como você finalizou esse texto.

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  3. Shaolin, amei o seu texto! Bem escrito, profundo e com uso de rima logo no início. Gostei especialmente da ênfase em "tudo poderia ter sido tão diferente" e como você transformou em "a gente poderia ter sido tão diferente." Lamento que você tenha afastado o seu primeiro amor e espero que você se permita viver os amores que ainda estão por vir.

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