sexta-feira, 20 de maio de 2022

 Dentre todos os pseudônimos, para Akil Ubirajara 


Para todos aqueles que não são os donos dessa persona, convido-lhes para uma jornada. Vocês podem se surpreender ao verem no Akil, o seu próprio reflexo em um espelho. 


“Querido Akil Ubirajara,


Esse texto é mais do que sobre a sua persona, é para a sua persona. Espero que aprecie essa obra, que ela te confronte e te instigue assim como o Shaolin propõe para si mesmo todos os dias.


Akil fala sobre sabedoria e inteligência. Conta sobre alguém que usa a razão, e apesar disso, tudo que avistei foram relatos de alguém submerso em suas emoções. 


Seu nome sugere a ideia de um herói indígena, Ubirajara. O homem da lança, mas tudo o que você fez durante todo esse tempo foi apontar para si mesmo. O paradoxo desse pseudônimo foi complexo demais para que eu pudesse compreendê-lo, mas essa é a graça dos nossos encontros. Vivemos na tentativa de desvendar mais sobre aquele que nos escreve, quando não somos capazes de compreendermos sequer a nós mesmos.


Ubirajara, gosto da vulnerabilidade em seus textos. Vejo como encontrou nesse local um ponto de conforto, e agradeço pela oportunidade de fazer parte desses momentos. Em suas palavras existem uma constante evolução, como alguém que se sente cada vez mais confortável. Talvez aqui seja o seu lar, ou talvez seja o seu inferno. Porém como você mesmo disse, às vezes tendemos a gostar mais do inferno que do paraíso.


Seu coração é honesto o suficiente para admitir pecados e sonhos esquecidos, e isso admiro com veemência. Sempre fui de me esconder por detrás de máscaras, sou um alterego podre demais para aquilo que a sociedade espera. A mentira é minha maior companheira nesse oceano de incertezas que é a vida, ela nunca me julgou e sequer irá. Nossa relação de co-dependência é instigante.


A sua verdade brilhou em meus olhos, quando avistei a imagem de alguém quebrado. Tão quebrado como eu, como poderia ser? 


Os trechos que retratam sua imperfeição foram os responsáveis por mais me cativar, Akil. Não tenha medo de ser fraco, as narrativas covardes são as favoritas. 


O maior plot-twist de todas as histórias é: nós devemos nossas maiores gratificações para aqueles que nos quebraram. Esses são os verdadeiros responsáveis por quem somos, por todas as mudanças que fomos obrigados a fazer e todas as versões que deixamos de ser. Portanto, agradeço à Lorena, aos seus pais que não ficaram, ao seu sonho colocado na gaveta, entre tantos outros traumas compartilhados conosco. Afinal de contas, essa versão do Akil Ubirajara é a melhor até aqui.


Transcendi, quando minha terapeuta disse que todas as versões de mim são quem eu sou. Até as que eu mais abomino e gosto de repelir, até o meu personagem favorito e mais sombrio: o Shaolin. Faço essa metáfora para que compreenda que como parte de você, o Akil merece todas as suas facetas. Seja o poeta que você mais gosta de ler, meu caro! 


Por fim, agradeço pela oportunidade! Desvendá-lo foi cordialmente único, e espero poder fazê-lo mais vezes ao decorrer do nosso breve infinito prestes a terminar. 


Com carinho, 

Shaolin, o matador de porco

Por Shaolin, o matador de porco.

2 comentários:

  1. Texto perfeito do início ao fim. A construção partindo do significado do nome conseguiu capturar a essência desse pseudônimo. Além disso, gostei bastante de como você se conectou com a outra persona, reconhecendo traços semelhantes entre vocês. Escrita certeira e carinhosa.

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  2. Shaolin, o seu texto é sensível e delicado. E foi muito bonito de ler o quanto você abraçou o Akil e todas as partes fragmentadas dele nos textos aqui publicados. Você fez um trabalho minucioso e o resultado foi um texto fácil de ser compreendido e de ser sentido. O modo como você se relaciona com o destinatário é lindo. Parabéns pelo seu texto.

    Abraços do Liev

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