sexta-feira, 27 de maio de 2022

Querido Pedro Bial da Depressão,


Fico feliz que meus mistérios óbvios o tenham guiado a uma descrição tão interessante. Dentre todos os adjetivos conferidos por você na semana passada, o que mais se aproxima da minha realidade enquanto persona por trás da persona é, sem dúvidas, “confusa”. 


Quanto à Karmen, você acertou em cheio. Ela, como o nome diz, é camaleão, se transmuta de acordo com seus medos e emoções: pode exibir-se em faixas avermelhadas, camuflar-se em tons de verde, espelhar as cores de Almodóvar, de Frida Kahlo (já que gostou da referência musical: https://www.youtube.com/watch?v=leL7KSkm97M). 


Nos dias tranquilos, azul, mas quase nunca. 


Você sabe qual é o meu maior sonho, Pedro? Ser ouvida. Não pretendo que me entendam, mas desejo intensamente que um dia minhas histórias e contradições possam lançar raios de luz sobre a vida de alguém, como Clarice um dia fez comigo. Ela se foi há mais de quarenta anos, nunca estivemos juntas neste plano, mas sua obra me salvou de mim mesma. 


Quem sabe um dia, para além das muitas camadas de personas, possamos tomar um café e conversar melhor sobre tudo isso. Também quero desvendar você.


Abraços,

Karmen Chameleon

Por Karmen Chameleon

Um comentário:

  1. Karmen, achei interessante a sua construção enquanto persona e pseudônimo, me recordei de uma personagem muito querida por mim, a Clementine, de o brilho eterno de uma mente sem lembranças. Assim como você, o cabelo dela vai mudando de acordo com o humor, achei uma coincidência muito legal isto vir em sua carta. Esse é um dos meus filmes preferidos, meet me in Montauk. Provavelmente nunca saberei quem é você, mas deixo o elogio sincero sobre sua escrita maravilhosa. Um abraço!

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