Eu e o Pitter combinamos de fazer uma viagem, nada demais, só um final de semana longe de tudo. Comprei as passagens de avião, horário marcado, mas como era de se esperar nos atrasamos. Tudo culpa dele, detalhista que é, demora para se arrumar, demora para arrumar a mala, demora para tudo. Perdemos o voo e fomos de ônibus, não podíamos desistir fácil, ninguém aguenta ficar na rotina sempre, tem que fazer algo diferente pra relaxar, faz bem pra mim, ando com vários problemas na coluna, mas coisas diferentes me ajudam.
A viagem não foi tão legal, no primeiro dia ele se enfiou em uma discussão que eu nem entendi bem com um cara que não conhecíamos, depois ele me contou e eu concordei, discutir é uma coisa típica dele, desde sempre. A gente já foi por todos os cantos que você imaginar, conhecemos o mundo de verdade, tentamos vivenciar novas culturas, conhecer novos lugares. Petter por todo lugar que passa leva algo, aprende muito, mas sabe se portar, sempre dá um jeito para tudo dar certo.
Conheci todos os tipos de gente na vida. Alguns muito autoritários, alguns super influenciáveis, diversas coisas que de fato fazem me desanimar com a pessoa, não é o caso dele. Petter é uma pessoa interessante. Se fizer uma pergunta que ele não saiba a resposta, coça a cabeça, para, pensa e no fim ele vai atrás dela. Quando descobrir será um inferno para você, pois ele não vai parar de falar sobre aquilo pro resto da vida, em todo lugar que ele for.
Com certeza é um dos melhores no que faz, quando ta trabalhando eu viro fã. Guerras podem não existir se não forem contadas, e contar história é uma coisa que ele faz como ninguém. Uma vez Petter disse que tinha que andar armado pra ir atrás das notícias de guerra, fico imaginando ele armado, faz mal nem a uma mosca, imagina dar um tiro. Foram tempos difíceis, mas passaram.
A única coisa que me preocupa são essas amizades, anda com cada tipo de gente louca, acontece cada coisa maluca na vida dele e ele vem me contar, fico passada. Falo pra todo mundo mesmo o que acontece, sabem que eu sou assim. Não escondo nada de ninguém, ele me fala, eu passo pra todo mundo. Ele não é tímido, nem liga, quer mais que todo mundo saiba mesmo. Ficou doidão esses dias, só olhei, fiquei quieta, se fosse ele vendo os outros tava por ai falando à beça. Jornalista é assim mesmo, ele tem essa mania.
Eu vou ser sincera, o que mais me preocupa agora é que ele me deixe. Vejo ele falar de mim, mas não é mais como antes. O carinho, a dedicação e o apego que ele tinha diminuem, não vou achar alguém assim tão fácil. Cada loucura que fez por mim que se eu contar ninguém acredita. Um apego aos detalhes que me dá saudade, um jeito puro e tranquilo difícil de se ver. Antes era jornal pra cá, jornal pra lá, antes me passava tudo, agora não mais. Eu não vou ser a mesma sem ele, vai deixar saudades demais.
Luiz Inácio
O texto parece narrar bem o perfil de Arnett e parabenizo o autor por isso. Ou seria a autora? Vejo que na crônica, narrada em primeira pessoa, o eu-lírico é feminino, o que parece não corresponder com o pseudônimo masculino. No entanto, isso é apenas uma observação, não uma crítica. Narrou de fato o perfil de Arnett, faltou apenas um pouco de lirismo talvez, mas nada que comprometa o texto em si.
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