sexta-feira, 5 de maio de 2017

José

Sou do Norte, trabalho desde cedo. Desde os 12, a partir das 7.
As vezes, começo as 8. O cansaço, chega as 19. Só paro as 22. E tenho só 44. Não sei
mais se de idade ou de problemas monetários.
Informado eu sou! Assisto o jornal todos os dias. Mesmo que, para isso, eu tenha
Que começar as 8.
Em todos eles, a reforma da previdência é pauta. E eu, só sonho em poder reformar a
minha casa. Se é que, um dia, poderei ter uma. Para sair do aluguel. Casa, serviço e
agregado!
Contribuir com o INSS, como?! Se mal sobra pro reparo?! Do corpo e da mente. A comida e
é o lazer. Esse último, nem sei direito o que é. E se reformar, vou saber?
Tenho filho “pra” criar! Mas se com um pouco mais de mil “tá” difícil sustentar, trabalhar
quase a vida toda até não aguentar, “pra” receber um “salário”, mínimo, como vai me
ajudar? Não vai. É difícil não duvidar que morro antes de me aposentar.
Contando essa história me exalto, não dá “pra” evitar! Saber que a previdência que deveria
me respaldar, quando o corpo, velho e surrado, já não tiver força para o reparo, do carro,
não puder mais ultrapassar as limitações causadas por anos de trabalho, pesado.
Mas, segundo o jornal, infelizmente, também sou culpado. Um desfalque na previdência é
muito falado. E essa, há 5 anos, não pago. Então, nesse cálculo, a falta no “amparo”, ao
velho e ao aleijado, sou eu?

-Nina Campos

2 comentários:

  1. As rimas acabaram por comprometer a oralidade da crônica, principalmente no primeiro parágrafo. A estrutura também não ficou muito boa, o que compromete também a perenidade do seu texto.

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  2. As marcas de oralidade ficam melhor sem as aspas. Achei criativo mas nem sempre as rimas foram ao seu favor.

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