A situação está difícil. Imagina ficar preso só com ventilador, televisão e mais dois colegas de
crime? Absurdo. Porém, a “ justiça tarda, mas não falha”. Três meses, deve ter sido de arrancar
os cabelos, ou o pouco que sobrou.
As coisas já estão se ajeitando. Não dá para considerar muito o fato de ter saído de Bangu 9 se,
mesmo sem tornozeleira, não pode viajar e tem que passar os próximos meses dentro da
CASINHA avaliada em 20 milhões. Triste. Mas a vista é incrível, apesar de não ser muito ter
uma das 7 maravilhas quase no quintal. Até parece grandes coisas conseguir prisão domiciliar
e ter um carro de milhões na própria sala. Não, esse não é o Pablo Escobar. Acham o que? Nos
últimos anos o que não faltou foi ver milhões na sala do povo brasileiro. A televisão não para
de noticiar “ Lava Jato”, “propina de milhões”, “ mesadas”, “rombo na previdência”... isso
quando a notícia não era a “precária” situação dos presos milionários dos esquemas.
Do assunto precariedade o sistema carcerário daqui entende muito. Desde a superlotação aos
projetos de maioridade penal para 16 anos o regresso é contínuo. Quando o líder de uma
facção é preso a população acredita que a violência vai diminuir, no entanto aqui é diferente. A
instituição que deveria isolar o indivíduo para depois ressocializar entra em crise. No início do
ano disputas entre facções, dentro dos sistemas penitenciários do norte do país, travaram uma
guerra a qual o mata-mata foi intenso. Lembra Call of Duty, mas sem todos os equipamentos.
O alarde foi de tamanha noticiabilidade que nem parecia acontecer naquela região. Esperava
animais entrando em casas, índios em manifestação por suas terras tomadas por indústria,menos gente com medo de gente. O Complexo do Alemão se mudou e esqueceram de nos
avisar, a única diferença é que na batalha daqui a outra facção é a polícia.
Contudo, o presidente Temer, em outubro de 2016, anunciou investimento de R$788 milhões
para melhorias do sistema. É claro que a construção de novos prédios solucionará a
superlotação, resolverá os inúmeros casos de presos sem julgamento, melhorará o esquema
desumano em que são tratados os carcerários e a violência estrutural, acabará com a
corrupção entre os presos e os policiais e diminuirá o crime organizado lá dentro.
É obvio que a solução maior não é o dinheiro, nem investimento nesse sistema, mas o nosso
presidente que investe milhões de um lado corta gastos em outro. O “pai” que mima seus
filhos para continuar errando enquanto a lei de Execução Penal vai para o ralo.
Mas como diria a Sheherazade, ganhadora do troféu imprensa de showrnalismo: adote um
bandido.
Ízis Duarte
Gostei bastante de seu texto, tem uma crítica forte e clara cujo alvo não precisa ser mencionado explicitamente porque fica perceptível nas diversas situações abordadas. Apesar de alguns erros de escrita existirem, são poucos e perdem destaque por causa da boa construção de ideias. As imagens dialogam muito bem com o que é dito.
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