Você tem alguma dúvida de que o Brasil está vivendo um caos? Na verdade, a paz por aqui teve seu fim decretado quando, da caravela de Pedro Álvares Cabral, alguém gritou: “terra a vista!” O drama brasileiro se estende a praticamente todas as áreas. Notícias como “Rio de Janeiro está à beira do caos” (01/2017), “Michel Temer assume a presidência da República até dezembro de 2018” (08/2016), “OAB decide apresentar à Câmara pedido de impeachment de Michel Temer” (05/2017), fazem o brasileiro ter certeza de que se Renato Russo estivesse aqui, faria muito sentido se ele fosse desses cantores que só fazem sucesso com suas músicas antigas, tipo Fabio Jr. “Que País é esse” seria a “Alma Gêmea” de Renato. Apesar disso, existe uma teoria entre os psicólogos sem diploma que diz: para ajudar a superar o próprio problema, pense que existem pessoas com problemas maiores. Isso é péssimo de ouvir para quem está deprimido, por exemplo. E o Brasil tem todo o direito de estar em depressão profunda. O respeito passa muito longe da realidade do nosso povo. Falando em respeito, as pautas em que sua presença está em falta são basicamente todas. Difícil escolher apenas uma, mas vamos falar de... preconceito.
Você acredita que existe preconceito até mesmo contra o assunto preconceito? “Ah não aguento mais falar disso, tudo drama dos negros que adoram se vitimizar. Drama dos homossexuais, drama das mulheres, vitimização, vitimização, vitimização... Preconceito não existe mais. Pricinciti ni ixisti miis” Enquanto alguém que provavelmente sofre preconceito por não ser tão inteligente fala algo desse tipo, uma mulher recebe em sua conta bancária 25,6% a menos que seu colega de trabalho do sexo masculino, mesmo que ambos exerçam exatamente a mesma função. Comentários como “fulano tem o pezinho na senzala, olha esse cabelo!”, são ainda muito comuns nos dias de hoje. O homicídio de mulheres negras aumentou 54% de 2003 a 2013 (última data do estudo). As pessoas discutem nas redes sociais por discordarem a respeito de religiões, e perdem amizades por isso. Pior do que perder a amizade é perder o direito de ir e vir, quando homofóbicos se sentem “poderosos” o suficiente para tentar impedir que casais homoafetivos circulem por lugares públicos.
Que país é esse, Renato Jr? Esse é o país que está preocupado com a cúpula de Brasília, mas não se comove com a história de Dandara, que foi hostilizada e agredida em uma festa, simplesmente por usar um turbante. Esse é o país onde um homem reconhecido no meio artístico tenta justificar o assédio cometido, com sua idade avançada e geração ultrapassada.
Ah, Brasil... não digo você deva ignorar seus grandes problemas. Digo que você precisa se importar com problemas que também são grandes! A reforma política é muito importante, mas não vai ser isso que vai fazer você perceber que o negro não tem o pé na senzala. Não é o impeachment da Dilma e/ou do Temer que vai te fazer respeitar as mulheres em todas as esferas em que ela quiser se colocar. No nosso caso, Brasil, o problema do outro é o nosso próprio problema. Quando é que vamos nos dar conta disso?
Carolina Caracol
Imagens de apoio:
- caravela de Cabral
- Renato Russo
- Foto do personagem Aaron Bailey (Miko Hughes)
- Dandara
Nenhum comentário:
Postar um comentário