sexta-feira, 5 de maio de 2017

Integração Casa-Escola

— Então é verdade? – perguntava meu filho hoje mais cedo, quando chegou da escola.
— É verdade que quando você era da minha idade, as crianças ficavam na casa dos vovôs e vovós enquanto a mamãe e o papai iam trabalhar?
    Ele teve uma aula sobre as diferenças culturais entre sua geração e as anteriores, na qual a professora incentivou que perguntasse mais em casa para contar curiosidades a sua turma. Bernardo é muito esperto, questionou-me sobre diversas dúvidas, as quais tive que responder uma por uma, explicando os detalhes.
    As perguntas começaram com qual era o momento em que os "vovôs e vovós" trabalhavam, já que não podia ser no mesmo horário dos pais porque precisavam cuidar das crianças, e quando respondi que estes não tinham necessidade de trabalhar, pois recebiam uma aposentadoria, ganhei em troca um profundo olhar de interrogação, o mesmo não sabia o significado de ser um aposentado. Claro, isto não era sua culpa, seus avós mesmo ainda não conseguiram se aposentar.
    Tive que explicar que durante minha infância, os idosos costumavam alcançar uma certa idade que lhes permitia receber o benefício da aposentadoria, uma quantia mensal, paga pelo governo, para que  os mesmos pudessem se sustentar sem trabalhar mais, uma vez que a velhice fazia-os cansar mais rápido.
     Logo Benny quis saber o porquê disto ter acabado. Disse-lhe que não havia, somente mudado e que dentro de alguns anos, seus avós já seriam mais alguns entre os aposentados. Em seguida, um enorme sorriso apareceu em seu rosto e este aparentava estar realmente feliz, de modo que foi minha vez de fazer a pergunta, pois não enxerguei a causa da felicidade. Meu filho me surpreendeu quando disse que mal podia esperar para passar as tardes na companhia de seus avós, e não fui capaz de revelar que isto provavelmente não ocorrerá, já que apenas a aposentadoria não é suficiente para pagar suas despesas. Porém, acho que não faz mal, afinal foi a professora quem gerou nele a curiosidade responsável por tudo que respondi, logo é justo guardar um último questionamento para ela.
Ezra Nassar Guimarães

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