Quem diria que uma breve ida ao restaurante seria um dos melhores momentos da minha vida. Estava tranquilo e despretensioso tentando decidir o que comer quando resolvo observar as pessoas ao meu redor. Sempre tive esse hábito de imaginar as histórias das pessoas: o que elas fizeram que as levaram até ali, o motivo pelo qual elas escolheram aquele restaurante, se elas estão felizes ou tristes... Enfim, tique de jornalista, acho.
Depois de algumas risadas internas por conta de pensamentos que só fazem sentido para mim, me deparo com um senhorzinho muito bem arrumado. Terno preto, camisa azul e gravata vermelha eram o diferencial do dia. Com um sorriso daqueles que parecem nunca sair do rosto estava Peter Arnett, sozinho, provavelmente aguardando o seu pedido.
Sem hesitar, levanto e ando em sua direção. Precisava achar um jeito de abordá-lo sem incomodá-lo, sem ser invasivo. É engraçado como algumas pessoas são tão inteligentes que parecem possuir o dom de notar as outras e suas intenções antes mesmo delas próprias. Sem tirar o sorriso do rosto em momento algum, me pergunta se está tudo bem e se gostaria de me juntar a ele. Estava tão na cara assim? Ainda um pouco atordoado, aceito o convite. Ao explicar quem era e o motivo pelo qual protagonizei aquela cena de humor, Peter solta uma alta gargalhada e se diz extremamente lisonjeado por ver que um simples garoto como eu não só o conhece como o admira.
Sem perder tempo já digo o quão importante era aquele momento para mim, por ter crescido vendo-o agir e por tê-lo como o modelo perfeito de como um jornalista deveria ser. Com seu bom humor característico, muito mais visível pessoalmente, Peter diz que espera que o modelo seja apenas no modo de trabalhar, já que não quer ter que interromper sua refeição para pagar um par de óculos para mim. Quando o seu prato chega à mesa, mais uma surpresa: me preparando para levantar e voltar ao meu lugar, o simpático jornalista me pergunta se eu não gostaria de comer ali, junto a ele, dizendo não gostar de realizar refeições sozinho.
Aproveitando da oportunidade única na minha vida, pergunto sobre suas experiências ao longo de sua carreira profissional. É genial a forma como sua linguagem simples, serena, direta e descontraída expõem suas ideias de forma rápida e clara, sendo possível apenas admirá-lo enquanto fala. Ouvir as suas histórias sobre as entrevistas com Saddam Hussein e Osama Bin Laden é uma experiência única, mas nada se compara com a sua cobertura da guerra do Vietnã. É incrível como alguém consegue ter o olhar claro e aberto disposto a entender e descrever diferentes versões de uma guerra estando presente diretamente nela.
Ao fim do almoço, Peter Arnett se despede de mim com uma cortesia sem igual. Agradecendo a companhia durante o agradável almoço, diz querer ter a oportunidade de encontrar mais pessoas como eu, dispostas a ouvir e entender, não apenas esperar sua vez de falar. A influência positiva que este nobre senhor pode ter na vida de alguém é inacreditável. Graças a ele decidi me tornar jornalista, e também graças a ele tenho a certeza de que me tornarei um profissional muito melhor.
Michael Douglas
É um texto simples e claro, narra devidamente o perfil de Arnett. No entanto, creio que houve uma quebra de expectativa em relação ao último texto apresentado pelo autor. Esperava algo mais desenvolvido e aprofundado. Mas ainda assim é um bom texto e obedece aos tópicos requisitados sobre um perfil.
ResponderExcluirSenti falta de mais criatividade para descrever ele, como também senti falta de mais informações sobre ele. Vi muito sobre o local, a situação e o contexto e pouco do Peter em si.
ResponderExcluirConcordo com Sunny quando diz que viu mais sobre o contexto do que sobre Peter Arnett. No entanto, diferente de Louie, não considero que tenha havido quebra de expectativa: essa nova proposta de crônica é completamente diferente da anterior.
ResponderExcluirCertamente Michael Douglas pode mais, mas reconheço que também tive maior dificuldade neste texto.
Abraço!