quinta-feira, 25 de março de 2021

Cariocar

 “Ser carioca é tipo assim. Paixão, prazer, amor sem fim. Se misturar pela cidade, compartilhar felicidade...” União da Ilha,2016.

“Carioca, sou da Lapa, Patrimônio cultural. E me banhei de alegria, tiro onda, dou meu jeito, minha Vida é um carnaval...” Acadêmicos do Salgueiro,2008.


Ser carioca é sempre se achar o mais foda e, que tudo na cidade maravilhosa, apesar de seus problemas e contradições, é incrível. O Rato Guaraná, como bom morador do Rio de Janeiro, também é assim. Botafoguense, Salgueirense e tijucano, não necessariamente nessa ordem. Carrega, além das paixões pelo time, pela escola e pelo bairro, diversos nomes em seu coração.

O seu primeiro amor se deu logo após sair da maternidade, afinal, sua família sempre morou na Tijuca e, todo tijucano de verdade, já nasce apaixonado pelo bairro, a “zona sul da zona norte”. O segundo amor se deu em preto e branco, chorou copiosamente ao escutar, pelo rádio, o gol do Túlio Maravilha contra o Santos que deu o campeonato brasileiro de 1995 ao alvinegro do Rio. Ali, aos 7 anos de idade, se apaixonou perdidamente pelo Botafogo de Futebol e Regatas, o time mais tradicional e carioca, na minha humilde opinião, do Rio de Janeiro. O terceiro amor veio na adolescência, logo quando começou a frequentar os ensaios dominicais da vermelho e branca na Rua Conde de Bonfim, se apaixonou pelo Acadêmicos do Salgueiro e, como tal, nunca foi melhor nem pior, apenas diferente.

Mas, sua vida não foi feita só de três amores. A começar por sua primeira e única namorada, até então, mais velha, tão linda, cantora, viajava ouvindo ela cantar, voz suave, adorava quando ela sussurrava no seu ouvido, porém, como um sopro, tudo se acabou. Ela se foi. Sofreu e, depois disso, nunca mais se permitiu amar intensamente. Viveu de pequenos prazeres. As segundas, com a Bruna, as terças, com a Marcele, as quartas, com a Patrícia e, foi vivendo assim, cada dia, um novo prazer.

Entretanto, mesmo com todos esses amores, paixões e decepções, seu maior amor se manteve intacto. Rato Guaraná é, acima de tudo, um apaixonado pelo Rio de Janeiro. Suas montanhas, mares e lagoas. Prédios, casas e condomínios. Zonas Norte, Sul, Oeste e a Baía de Guanabara. Rodas de Samba, grupos de pagode e no Copacabana Palace. Favela e asfalto. Em cada canto da cidade, há um pouco de Rato Guaraná, afinal ele segue vivendo, desfrutando e cariocando por aí....

* Esse texto é uma singela homenagem de um paulista ao Rio de Janeiro, ao Botafogo de Futebol e Regatas, ao Acadêmicos do Salgueiro, ao tradicional bairro da Tijuca e, primordialmente, ao Rato Guaraná, que me encanta, semanalmente, com seus textos tão bem escritos e, no meu ponto de vista, muito cariocas.

 Jubiabá

Apresento a vocês: Tessa Gray

 Olá queridos leitores, quero apresentar a vocês uma amiga: Tessa Gray!


Quem é ela? Vocês devem se perguntar.


Bem, eu a descreveria como uma mulher de estatura média, e cabelos pretos (um pouco

abaixo da altura de seus ombros). Gosta de se vestir com roupas que a deixem mais

confortáveis. A maior parte das vezes, opta pela simplicidade e praticidade: calça jeans,

tênis e uma camisa de manga curta. Maquiagem para ela é algo básico, mais natural, não

gosta de nada carregado. Óculos? Talvez tenha, os usa para suas várias leituras. Por

falar em leituras, acredito que prefira os livros dos seguintes gêneros: fantasia e drama,

tudo com uma boa dose de sentimentos inclusas neles.


Uma mulher introspectiva. Com muito o que falar e expressar para todos, mas incapaz

de externar em voz alta o que sente. Acaba acumulando sentimentos nela e se

sobrecarregando, deixando para extravasá-los, aqui em seus textos (ótimos, por sinal, de

tamanha profundidade).


E quanto sua família e amigos? Diria que é uma mulher que ama demais os seus entes

queridos, porém muitas vezes, se sinta incompreendida por eles. Isso, se evidencia em

seus relatos de conversas com sua mãe vistos em seus textos, sempre mostrando toda

esta incompreensão. Eu diria que Tessa busca aceitação de sua mãe em tudo que faz,

quer deixá-la orgulhosa. Orgulho esse, que ela acredita que sua mãe não tenha dela.


Nesse relacionamento de mãe e filha, só mesmo pegando papel e caneta para conseguir

externar o tamanho da angústia que Tessa sente. Grata por tudo que sua mãe fez por ela,

opta, com isso, por se isolar e calar, garantindo assim, aceitação que busca daqueles que

ama.


Nos seus momentos de lazer, gosta de fazer passeios, ao ar livre, com seus amigos.


Não acredito que Tessa só tenha como hobby as leituras. As leituras, para ela, são

ótimas sim, mas também são fugas desses problemas que ocorrem em sua vida.


É muito distraída nas atividades que se propõe a fazer. Isso se deve a sua ansiedade, por

estar com a cabeça sempre cheia e ativa, repleta de dúvidas que a norteia, o que

demonstra muita a sua insegurança. “E se?”, seria sua frase de efeito!


Perfeccionista e muito crítica consigo, demonstra sua preocupação em acertar sempre,

adiando suas tarefas pelo simples medo de errar. Mas afinal de contas quem não erra

Tessa?


Se me pedissem, por fim, para descrevê-la em uma só palavra eu diria: Sentimento. É

bem a cara dela.


Íris M.

Única

 À moda antiga. Cada vez menos temos o privilégio de conhecer pessoas como ela. Apesar de

já ter levado muita porrada, acredita cegamente no amor. Ainda sonha com o príncipe

encantado descendo de um cavalo e resgatando ela, mesmo que os príncipes anteriores

tenham agido como sapos. Não se engane, isso não faz dela uma mulher frágil, pelo

contrário, essas desilusões a calejaram a ponto de se tornar perigoso entrar de cabeça em um

romance com ela.

Apesar desse romantismo todo, ela não passa seus dias idealizando suas vivências

amorosas. Responsável, cumpre com excelência as atividades acadêmicas, incluindo sua

participação no blog da oficina de produção textual. Competitiva, quer estar sempre à frente,

morre de medo de estar na média, ser só mais uma. Não é, passa longe de ser, só essa vontade

já te difere da maioria das pessoas.

Falando em pessoas, sei que vive rodeada delas. Afinal, quem não gostaria de passar o

precioso tempo de sua vida com uma pessoa que fala com propriedade sobre assuntos dos

mais diversos, exala sensualidade e não tem papas na língua. Vamos combinar, quando a

verdade deve ser falada, você fala. Com uma rebuscada sutileza, mas você fala. Não há quem

te cale.

Na hora de escolher uma roupa para sair, não há opinião de amiga nenhuma que mude a sua

decisão. Sua personalidade forte não permite esse tipo de intervenção, né? Ninguém vai te

convencer a usar uma roupa menos brilhosa, definitivamente você não está saindo para passar

despercebida, e nem deveria.

É difícil encontrar pessoas como você por aí, até mesmo por isso eu te escolhi pra fazer

esse texto. Fazer a minha imaginação ser obrigada a desbravar mistérios de alguém que ela

sequer fez contato visual, mas que já se fez íntima pela conexão que ela mesmo estabeleceu

na leitura das suas crônicas. Certeza que não foi só a minha, quantas outras não devem ter

viajado junto com você a cada palavra? Até porque, você marca, Ellis Bell. Você passa longe

de ser só mais uma.


Rato Guaraná

A menina da calça vermelha

 Pela manhã o alarme toca umas três vezes, ela adora dormir!

Com seus mais ou menos 19 anos, a Tessa Gray é uma jovem ora ousada ora medrosa. Gosta

de roupas curtas, não se prende às impressões alheias e quer mesmo é se divertir. Eu sei que

adora ler, então imagino...

Imagino uma garota, que é ousada e também bem sensível. Imagino-a, agora, com aqueles

óculos estilo meio nerd meio fashion lendo um livro ou passando horas dedilhando o celular e

fuxicando a vida alheia nas redes sociais.

Em casa usa aqueles shorts de malhar folgadinhos, não quer nada, absolutamente nada

incomodando, gosta de estar à vontade. É despojada!

Mas na rua, quer causar!!! Calça vermelha. Quem usa calça vermelha quer o que? Quer ser

observada! Ela quer ser o centro das atenções. E, se não a observam, ou ao menos não recebe

um elogio, o mundo acaba. Apesar disso, ela não reclama. É contida!

Aparenta ser uma pessoa good vibes. Mas não se engane! Tem a resposta na ponta da língua.

Aquele tipo, a barraqueira reprimida.

E para finalizar, pela manhã o alarme toca umas três vezes, ela adora dormir. Mas na

realidade não é só dormir, ela quer sonhar.

Ela ama sonhar!


Estrela Téte

Uma biografia (não) autorizada de Tessa Gray

Tessa, confesso que quando vi seu pseudônimo pela primeira vez pensei que fosse uma homenagem para a Tessa de After, a Tessa Young. Para minha surpresa, era outra! Confesso - mais uma vez - que tive que pesquisar para ver de onde vinha Tessa Gray e acabei por descobrir que é do universo de livros da Cassandra Clare, dentre eles, "Os Instrumentos Mortais".

"Puxa, como vou falar sobre alguém que nem sei quem é?"- eu pensei. Decidi, então, olhar mais informações sobre a personagem. Graças ao site shadowhunters.fandom.com, achei mais características dela, tanto físicas quanto de personalidade. E, com certeza não por coincidência, os traços se encaixavam como uma luva nas ideias que já tinha ao ler seus textos! Vamos lá. Inteligente, temperamento forte, carinhosa, calorosa, gentil, compreensiva, teimosa, curiosa e determinada. Parece uma leitura de mapa astral de alguém de Áries, mas é a descrição da personagem mesmo (já aproveitando para dar esse palpite do seu aniversário...). A base que temos para formar as nossas ideias são exclusivamente vindas dos textos e dos comentários - e foi nesses últimos que senti as ideias encaixando.

Desde o começo percebi o carinho que você tem para comentar nos escritos das pessoas, geralmente com um comentário construtivo e uma despedida bem calorosa, que, particularmente, sempre alegram o meu dia. Não se restringindo apenas aos comentários, seus textos são escritos com muita sinceridade, permanentemente passando emoções e a forte mensagem principal de maneira muito inteligente.

Passando agora para a parte puramente imaginativa da minha descrição, imagino você muito fã de cultura pop em geral. Talvez tenha começado a gostar de livros de fantasia ao ler Harry Potter (apesar de inicialmente ter tido uma certa teimosia, a sua parte curiosa venceu) pela primeira vez (aproveitando a intromissão, chutaria também que é de Corvinal). Na música, mesmo sendo eclética, tem uma preferência por pop internacional: ainda que tenha ficado muito triste com a saída de Zayn da One Direction, entendeu a situação e foi compreensiva com ele (mas hoje prefere a carreira solo do Harry Styles, que talvez considere como um ídolo). Determinada a ser uma grande jornalista, não mede esforços para treinar diariamente a habilidade da escrita e adora escrever textos que facilmente poderiam virar músicas ou livros.

Para encerrar, possivelmente carrega a frase "trate as pessoas com gentileza", do seu possível ídolo Harry Styles, como um lema pessoal, gostando de conviver com pessoas assim por perto e, certamente, sendo um ótimo exemplo disso.
Ah, já ia esquecer de dizer! Por acaso eu tenho aqui alguns livros da saga "Os Instrumentos Mortais" e que, por preguiça, nunca li. Certamente isso tudo me incentivou a finalmente começar!

Rosto Fosco 

Carta para meu irmão de mãe diferente

 Muito pensei sobre a quem dedicaria este texto. Para alguém tímido e introvertido como

eu, dizer o que acredito sobre alguém, que não seja a mim mesmo, é um desafio curioso.

Entre algumas opções que vieram brevemente na minha mente, apareceram a geminiana

indecisa Maria Antonieta, a filósofa Ellis Bell e a bem humorada Paty Maionese.

Entretanto, resolvi escrever sobre você, quem eu fui separado na maternidade, meu

irmão Jubiabá.

Sinto que entre todos os escritores, logicamente é com quem eu me aproximo mais.

Compartilhamos de muitas coisas em comum, como o nosso amor pelo esporte,

principalmente o futebol, o jeito de escrever os comentários nos textos, a opção sexual.

Embora nunca tenha passado por algum infortúnio como o problema da polícia pará-lo

no ônibus, já tive meu Guizinho e tenho os meus queridos dindos da vida. Logo, me vi

um pouco em sua pessoa.

Poderia escrever sobre coisas mais simples, como o fato de acreditar que você tenha

preferência por comida salgada a doce, que azul possa ser sua cor favorita, embora goste

bastante de vermelho também ou até mesmo que prefira Friends a How I Met Your

Mother, embora particularmente ache um crime.

Todavia, escrevo baseado nas minhas experiências. Por exemplo, imagino que deve

ficar puto, quando o Santos joga mal, independente do resultado, porque o futebol

jogado bem bonito é tão necessário, quanto a vitória. Você sente, quando vivencia um

caso de injúria, apesar de termos sido ensinados a demonstrar força e superioridade,

mesmo quando achamos não ter sanidade e estômago para isso. Não esquecendo do

lado amoroso, ainda deve se autosabotar quando começa a gostar de alguém, porque é

muito mais difícil para pessoas como nós, principalmente quando não sabemos a opção

sexual do outro.

Uma pena a pandemia existir, neste exato momento em que começamos nossa aventura

estudantil na faculdade, nos impedir de nos encontrar, tão pouco poder te dar um

abraço, mas quando tudo acabar, te espero na Cantareira para tomarmos uma boa gelada

e discutir qual time é maior: o meu tricolor ou seu alvinegro praiano.

 Fique bem. 


Modo Anônimo

Quebra-cabeça das palavras

 Para chegar a um lugar que ainda não conhece, a humanidade criou recursos

técnicos, como as bússolas. Minha bússola pra escrever a crônica dessa semana

são as palavras, elas serão meu guia no desafio de falar sobre alguém. Afinal, é

somente por meio delas que temos nos conhecido, desde que embarcamos nessa

jornada como cronistas do blog.

Toda semana lendo os textos sou atingido pelos sentimentos expressos pelas

palavras, que atingem como flecha a minha consciência e o meu coração. Me

detenho agora na busca por imaginar como seria a pessoa que dispara a flecha.

Esse texto eu adiei pra escrever. Não sabia se conseguiria expressar bem como eu

enxergo alguém só pelo que vi nos textos. Mas consegui entregar no prazo. Ufa!

Viver com emoção, como a pessoa que escolhi retratar gosta de chamar. Vamos

ao que imagino dela, então.

Ela mergulha fundo no que se propõe a fazer, e realmente entra no personagem

quando escreve, sua marca registrada aqui no blog.

Ela gosta de se desligar um pouco da nossa realidade turbulenta e mergulhar em

novos lugares, os infinitos horizontes dos reinos fantásticos, com que nos

brindam os livros, as séries e os filmes. É o que costuma fazer no tempo livre, e

com isso nem vê as horas passarem.

Ainda não li ou assisti Shadowhunters, então não posso fazer associações com a

Tessa Gray original, mas eu sei que essa que eu estou conhecendo pelo blog é

incrível! Recebo sempre com muito carinho os seus beijos e abraços virtuais.

Acho que Tessa gosta das cores e do que elas transmitem. Geralmente o que

veste reflete o seu humor, ou o que ela espera do novo dia que nasce. Ela gosta

de roupas vermelhas, imagino que esse tom também deve estar presente na cor

do batom, principalmente nas ocasiões que exigem mais glamour na produção.

Acho que Tessa é uma pessoa emotiva, mas também consegue rir de alguns

problemas. Com isso, nos brindou com crônicas bem diversas, consegue

expressar sentimentos profundos e tristes, mas também descontração e leveza.

Acredito que é no suceder dos dias, no decorrer dos momentos que Tessa

encontra inspiração para o que escreve. Por isso, frequentemente, deve viajar nos

seus pensamentos, enquanto olha pra algo comum, mas que desperta ideias

longínquas e férteis. Eu sou assim, depois me diga se é algo que temos em

comum, ou se imaginei errado.

Bom, montei o seu quebra-cabeça com as peças que consegui juntar, mas para

preencher algumas lacunas tive que imaginar. Vamos ver agora se a imagem que

formei corresponde à realidade.

O Náufrago

Querida Elipse


Querida Elipse,

Não pensei em falar de outra pessoa senão você, talvez pela identificação que sinto pela sua persona. Dividimos as mesmas questões e consigo imaginá-la perfeitamente dividindo uma mesa de bar comigo.

Imagino você chegando toda cheia de si, como quem consegue bem esconder suas inseguranças, com um sorriso largo desses que mostra quase todos os dentes, e claro, um batom vermelho, quase vinho, causando um impacto. Os cabelos longos sendo bagunçados pelo vento e uma jaqueta preta, afinal você adora preto e faz um pouco de frio essa noite.

Você pede uma dessas bebidas coloridas que vem em uns copos inusitados e quando começa a ficar “altinha” é possível ouvir sua risada longe, alta e sincera com uns ronquinhos no final. Comemos bastante, você mais que eu, já que está sempre faminta. Ficamos a noite toda retirando histórias do baú e nos divertindo com elas e o tempo passa rápido demais. Apesar do breve e descontraído momento, você sabe as coisas certas a serem ditas, com toda sua profundidade de canceriana, tem sempre ótimos conselhos para dar (mesmo que você mesmo não os siga).

Assim encerramos a noite e você provavelmente vai esquecer de tirar a maquiagem antes de dormir e se arrepender disso pela manhã. E se arrepender pelos drinks também, vai até mandar mensagem dizendo que não vai mais beber essas coisas, mas a gente sabe que não vai ser assim. Até a próxima.

Maya

A singularidade dela

 Íris M.

Quem é, Íris M. ?

Ela é aquela moça, que ama ouvir Beatles, e usa moletons cor de marfim. Ama beber café

ao leite, e às vezes, um gole de gin. Suas meias listradas, o coque alto com cachos soltos,

e os óculos redondos, compõem sua identidade suavemente intelectual.

Ocasionalmente, aplica tranças de lã, cor de chocolate, aroma Johnson 's Baby.

A boca de Íris, cuidadosamente desenhada por linhas brancas, estremece ao se sentar em

sua varanda. Sente o vento a acariciar cada traço do rosto, enquanto se concentra para

escrever. As unhas, quase sempre pintadas de café, criam um som ritmado contra a mesa

de madeira. Ela irá escrever.

Lembrou de um amor antigo, um porre recente, o vício em cigarros. Não sabia o que

retratar.

Ria para si. E que sorriso !

Seria esse o tema ? Bem provável…

Dizia ela sobre a beleza, singular e plural, subjetiva e generalizada.

Assim, me permito descrever nessa pequena crônica, a beleza de Íris M. . Ou a beleza que

eu criei para ela.

Seu cabelo, bagunçado e castanho, sua voz, levemente rouca, e seus olhos, perfeitamente

amendoados, cor de café, para combinar com a monótona coloração de suas unhas. Linda,

singularmente linda.

Só não mais que suas escritas.

Renascida das Águas.

Aprendiz de Feiticeira

 Tessa Gray. Foi nome de uma feiticeira. Mas aqui é o nome de uma menina mulher que

se esconde atrás de belos textos e comentários afetuosos.

Cabelos castanhos e longos, a pele parda, os olhos cor de mel e um sorriso doce. Um

rosto muitas vezes tomado pelo cansaço de viver nos dias atuais. Em dias está querendo

ser ousada e usar uma calça vermelha para sair e se sentir confiante, mas em outros só

precisa vestir seu pijama mais confortável e ficar na cama assistindo vídeos do tiktok ou

umas séries na netflix. Gosta de se arrumar, se maquiar e passar um belo batom vermelho

que, como as calças, é ousado e a faz se sentir confiante; gtirar fsta também de tirar fotos,

gravar vídeos e sair com os amigos. Aprecia todos os momentos, principalmente os

simples.

Uma pessoa leve e simpática, daquelas que qualquer um quer por perto. Uma boa amiga,

preparada para dar ótimos conselhos e acolher, quando assim for necessário.

Se preocupa em mostrar aos outros suas qualidades e defeitos com uma gentileza

admirável. Alguém que se cobra para sempre fazer o melhor, e sente medo quando avista

algum empecilho. Uma jovem que já luta contra tantos conflitos e, mesmo assim, não

deixa de mostrar empatia diante dos problemas alheios.

Parabéns, Tessa, por sempre conseguir mostrar sua essência através de suas palavras e

assim, me fazer imaginar como você é. A Tessa Gray feiticeira, nascida do século XIX,

com certeza está se sentindo lisonjeada de ter alguém como você fazendo uso de seu

nome. Espero um dia poder ser amiga dessa aprendiz de feiticeira – e futura jornalista.


Com carinho,

Alice no País das Loucuras

As facetas de Maria

 Um pseudônimo não poderia lhe caber mais: Maria Antonieta, a rainha que foi da

realeza a guilhotina. Assim como ela, gosta de extremos. Com você é 8 ou 80, sem

meios termos. Não se contenta com pouco, possui ambição suficiente pra conquistar o

que deseja, sem precisar descer do salto para tal. Tem dois irmãos, está acostumada a

dividir atenção e constantemente precisar provar ao mundo que você pode, e pode

muito.

Curte tardes frias e nubladas, todos odeiam esse tipo de dia, mas você sabe que dias

“feios” deixam os ensolarados mais bonitos. Tem uma caneca preferida, daquelas que te

trazem conforto, e a usa para tomar um chá enquanto assiste a série que mais gosta, ou

relê seu livro favorito pela centésima vez. Já ligou muito para o que os outros pensam,

hoje não liga mais, já aceitou e compreendeu o fato de que tem outras prioridades.

Possui personalidades únicas que se contrastam e se complementam. Ao mesmo tempo

que gosta e se importa com questões sociais e quer mudar o mundo, encontra em seu

quarto o refúgio necessário para chorar e escutar o álbum favorito de uma de suas

cantoras favoritas quando as coisas não dão certo. 1989? Red ou Reputation, talvez.

Gosta de coisas simples, mas tem um gosto complexo. Se arrumar para sair é uma tarefa

particularmente longa, pois quer sempre estar na melhor versão de você. Curte maquiar

e se cuidar, não para agradar os outros, mas para passar um tempo com você mesma,

você sabe valorizar esse tempo. Adora se conectar com as pessoas, e eu digo

emocionalmente, afinal, não dá para abraçar as pessoas no virtual, não é mesmo?

Por fim, jamais entraria em algo para perder, mas admite derrota quando necessário,

apenas para voltar mais forte, desistir não está em seu vocabulário. Você se adapta, pois

sabe muito bem que aqueles que sabem se adaptar são os que sobrevivem.


Asas de Ícaro

Sobre minha quase amiga íntima: Asas

 Oi, Asas de Ícaro! Como já sinto que somos íntimas, vou te chamar só de Asas.

Assim como Ícaro, você é uma pessoa que se encanta fácil? Imagino que sim.

Já começo dizendo que queria ser sua amiga, você parece ser uma boa amiga.

Como uma grande fã de seus textos, vejo que é boa com as palavras, apesar de achar que você

prefere as guardar para si, pelo menos na vida fora do blog.

Vejo você como uma pessoa tímida, que não gosta de ser o centro das atenções, que

costumava sentar no meio da sala de aula, nem muito na frente, nem muito no fundo,

mantendo uma distância segura para se misturar.

Ligar a câmera durante a aula? Duvido, prefere ver a aula com a câmera desligada.

Você tem um corte de cabelo na moda, gosta de calças jeans e prefere blusas de manga a

regatas.

Sua cor favorita é vermelho. Ou rosa. Melhor, um vermelho rosado.

Será que você tem muitos amigos? Sinto que não, acho que você valoriza mais qualidade do

que quantidade.

Na tabuada da vida, você prefere o número 13 ao número 17 (tomara).

Seu tipo de música favorita é pop, mas não o brasileiro. Você é fã de Ariana Grande, Lana Del

Rey e Taylor Swift. Mas também curte as alternativas brasileiras.

Você insiste em dizer para todos que tem certeza que a Capitú não traiu o Bentinho (e sim, eu

concordo com você nessa).

Na discussão de friends x how i met your mother, você não escolhe um lado, gosta muito das

duas. (Mas eu sei que no fundo do seu coração você sabe a resposta, e eu também.)

Sobre Team Cap x Team Iron, você nem pensa duas vezes antes de defender o Capitão

América. Ficou do lado dele no filme da guerra civil, diz que tinha motivos melhores. Acho que

isso pode ser baseado na sua fidelidade com seus amigos.

Também acho que defende com unhas e dentes que cabiam dois naquela porta... pena que o

Jack era ruim em noção de espaço.

Você prefere Percy Jackson a Harry Potter, sem motivos, eu só acho.

Sua casa é Grifinória, apesar de simpatizar muito com a lufa-lufa. Corajosa e fofa.

Seu personagem favorito é a Hermione, ou o Dobby, um dos dois com certeza.

Você gostava mais da Sam do que da Carly, não me peça para dizer o motivo, eu

simplesmente sei.

Quem era seu membro preferido da falecida One Direction? Essa pergunta vem martelando na

minha cabeça. Eu diria que é o Harry, mas você é enigmática quanto a isso. Será que você

poderia confirmar essa questão para mim? Não quero mais perder nenhuma noite de sono.

Letra x do alfabeto

Segunda-feira, 17:45, Praia de Icaraí

 De canto eu observava uma menina sentada em uma canga, lendo e anotando coisas em um

bloco. Eu poderia ter focado em outra pessoa, mas algo nessa menina me chamou atenção.

O cabelo dela estava amarrado em um coque frouxo, com duas mechas bem encaracoladas

balançando devido ao vento. Ela vestia uma calça larga e uma blusa de meia manga

estampada com planetas e estrelas. Esparramada pela canga estavam alguns livros, uma

câmera, uns óculos com lentes transparentes, mas que não eram de grau, uma mochila e

um casaco preto básico. Ao mesmo tempo em que lia, se preocupava em anotar no bloco,

em não perder o momento perfeito para fotografar o pôr do sol e ao sorrir e cumprimentar

quem por ela passava. Gostava de fazer tudo ao mesmo tempo e parecia se atrapalhar um

pouco com isso.

Ainda no canto, senti vontade de me aproximar, mas continuei por uns minutos a observá-

la. Parecia perdida nos seus pensamentos. Fazia muitas expressões para o livro e ria sozinha

do que anotava. Agradecia de forma muito educada todos os ambulantes que ofereciam a

ela seus produtos e até chegou a comprar um churro de chocolate que, pela cara de

contente e pressa em achar as moedinhas no bolso da mochila, julgo ser seu preferido. As

cores do céu ficaram vibrantes e ela correu para tirar a tão aguardada foto. A mão cheia de

açúcar do churro borrou a lente toda. De longe vi sua frustação e, como expressiva que era,

não hesitou em revirar os olhos e espernear por 2 segundos. Logo pensei comigo "ih, é

daquelas que todo dia posta no instagram foto de paisagem e escreve "mais um dia.

obrigada, Deus” na legenda".

Até que decidi ir de encontro a ela. Como se já me conhecesse, tagarelou sem parar (essa é

das minhas). Ficamos conversando um tempo, contei que adoro gente curiosa, bem-

disposta, educada e contente, e que por isso ela tinha chamado minha atenção. Ela contou

que faz jornalismo, mas que tem o coração divido entre psicologia e letras também. Tinha

acabado de sair da faculdade e estava esperando o ônibus para ir embora. Papo vai, até que

deu a hora e ela esqueceu (perdidinha, como eu disse). Saiu correndo com a mochila aberta,

os livros equilibrados em uma mão e a câmera com o celular na outra. Entrou no ônibus e

gritou que foi um prazer me conhecer. Gritei de volta:

-Foi um prazer também, Estrela do Mar!

Elipse

Como ela

 Era como uma tela em branco. Difícil falar. Difícil de lembrar. Difícil de escrever. Essa tem

uma memória de elefante igual a mim, um dos seus pontos mais interessantes.

A sua forma tão eloquente e profunda de escrita nos transporta para vários universos que

antes pareciam ser só dela. Todos sentem raiva, euforia ou até ficam deprimidos, mas com

ela era outro patamar, uma outra dimensão, aparentemente, ainda não descoberta, mas ao

mesmo tempo, descrevia a todos enquanto se apresentava. Uma verdadeira figura

carismática. Desculpa incluir sociologia aqui, mas eu, realmente, me vi neles, tão claro

como a água potável que bebemos todos os dias (não a da Cedae).

Essa escritora tão anônima quanto os seus medos perante a vida, não se esconderão para

sempre. Como ela, também nem sempre sou a melhor em tudo, apesar de buscar a

perfeição constantemente e como ela, nem sempre consigo demonstrar meus sentimentos

de forma tão clara como pode ser em uma metáfora. Seu nome me recorda uma grande

cantora brasileira, Elis... esqueci o resto, mas principalmente me remete a grande escritora

que um dia ela pode ser.

E nesse vai e vem de emoções, ainda posso ver o quanto quer ser percebida e amada.

Todos querem isso, né? Mas com ela, eu realmente desejei junto, como em uma torcida de

futebol organizada frente a uma possível vitória, todos acabam por cair no mesmo

sentimento. É muito louco, pois, como ela, nem sempre vejo um fim como um ponto final, às

vezes, é apenas uma interrogação.


Estrela do Mar

O Rato Guaraná de cada dia

 Lá estava ele, sentado em sua confortável cadeira escrevendo crônicas para a aula do

professor Felipe. Rato Guaraná tinha um olhar cansado, ele não conseguira dormir bem na

noite passada e teve que acordar cedo hoje. Quando despertou, de início não quis levantar,

mas logo se motivou. Ele ansiava por escrever. Caminhou até o banheiro para escovar os

dentes, e enquanto escovava se olhou no espelho. No espelho ele viu um rapaz, com o cabelo

castanho bem cortados, curto. A barba sempre bem-feita, não por questão de higiene ou por

vaidade, mas porque ele não suportava a sensação da barba no seu rosto. E fora as olheiras,

nada chamava muito atenção em seu rosto. Ele era uma pessoa completamente normal, pelo

menos por fora. Dentes escovados! Hora de escrever! Na saída do banheiro ele calça seus

chinelos e põe uma regata qualquer. Agora seu visual estava completo. Regata, bermuda e um

par de chinelos. Esse era seu uniforme, com essas roupas que ele se sentia mais confortável.

Tomou café da manhã, nada muito grande, apenas um pão e café com leite. Tudo pronto,

finalmente foi escrever. Ligou seu computador, se curvou para frente e começou a digitar em

seu teclado. Ele estava sentado a menos de dez minutos e já sentia dor em suas costas, ele

sabia que precisa aprender a sentar direito. Essa dor e algumas outras já o vinham

incomodando a algum tempo, e pelo menos a dor de suas costas ele sabia que conseguiria se

livrar com um pouco de disciplina e ergonomia. Texto completo! Ele sorri, o primeiro sorriso

do dia. Ele acha que escreveu um bom texto, afinal o tema era algo que ele gostava de falar:

sua infância. Na crônica ele discorreu sobre como ele se divertia no colégio com seus amigos,

e em como ele constantemente se juntava com seus amigos da rua para jogar bola depois da

aula, conta que teve até uma vez q ele machucou feio o joelho jogando futebol, e inclusive tem

a cicatriz desse machucado até hoje, e disse também que foi no fim da infância que descobriu

sua paixão pela escrita. Foi um bom texto, ele estava satisfeito. Primeira tarefa do dia

concluída! Mas agora ele precisava se apressar, ele ainda tinha muitas outras tarefas para

concluir.


Homem Macaco

O Jubiabá

 Quem é Jubiabá? Um homem experiente, para não dizer velho, carioca da gema, com

seus 1,78m de altura, cabelo curtinho na máquina 2, barba sempre por fazer e os olhos

castanhos claros, mas que compenetram até a alma de quem o conhece, inclusive da ex-

esposa, que se divorciou há 2 anos. Vive uma rotina pacata e talvez até monótona, como

colunista do jornal Extra. Acorda todos os dias, sem exceção, às 5 da manhã, toma o seu

café Pilão extra forte e começa sua rotina jornalística. Ele sempre antenado com as

atualidades e como bom é velho apreciador da política e do futebol, botafoguense

fanático que é, ama ler a Folha de São Paulo e o jornal Lance. Outras leituras que não

saem do seu cotidiano são as crônicas do jornalista Felipe Pena e as obras de Stephen

King. Ele se amarra na culinária brasileira, principalmente no bife com batata frita de

sua mãe, porém toda sexta feira degusta um bom vinho europeu e os queijos mais

diversos, apesar de não negar convites ao bar, para tomar sua boa e velha Brahma

gelada e jogar conversa fora. É muito apegado ao espiritismo, umbandista fiel que é. Ele

não é uma pessoa muito emotiva, mas quando o assunto é seu cachorrinho e fiel

companheiro Túlio, aí ele se derrete inteiro, ama como se fosse seu próprio filho. Aí

vocês me perguntam, quem é Jubiabá? E eu respondo: "Este é Jubiabá, gente como a

gente!"


Sarah da KGB

Jubiabá está resfriado

 Bom, eu não sou Gay Talese, Jubiabá não tem um resfriado e essa não é a Esquire, mas

por meio desse texto vou tentar apontar as características do perfil dele com base nas

minhas percepções sobre os seus textos.

Eu escolhi Jubiabá para a realização dessa tarefa porque ele, pra mim, foi uma das

pessoas que mais deixou transparecer os seus sentimentos e gostos em seus textos.

Então vamos lá.

Jubiabá cresceu envolto de questões e dúvidas, mas hoje em dia tem a sua confiança

restaurada, com suas respostas e suas verdades encontradas. Creio que tenha em torno de

20 anos de idade; suas maiores paixões são o puro suco do brasil, ama samba e mpb; ama

a literatura brasileira, e dos esportes, o seu preferido é o futebol, não sei seu time ao certo,

mas pela sua aversão a São Paulo, Palmeiras e Corinthians, deve ser algum time paulista,

muito provavelmente o Santos, já que é também a sua cidade natal. Curioso como eu,

Jubiabá já foi logo fazendo um apanhado geral na página da Wikipédia do professor antes

do início da primeira aula. Nutre grande paixão por pautas militantes e possui muito

interesse na história geral.

Pela forma que se expressa, Jubiabá parece ser um cara gente boa, daquele que atrai gente

boa pra si. Cativante e simpático, as pessoas gostam de o ter por perto, pelo seu jeito leve.


Paty Maionese

Mel azedo ou limão doce?

 Elas se conheciam há 10 anos. Sabem de todos os podres uma da outra e compartilham várias

memórias juntas. Tessa sabia, por exemplo, que a amiga tinha surtos de produtividade. Lembrava

quando acordou com várias mensagens enviadas pela amiga às duas da manhã com uma lista de

coisas que iria começar a fazer para mudar sua vida. Quando perguntou o que era aquilo, a

resposta chegou às três da tarde, que foi o horário que a amiga agridoce acordou.

Agridoce, porque seu humor era instável. Em alguns dias, estava super alegre. Outros, com

sangue nos olhos. Doce e azedo. Com o tempo, ela aprendeu a ler suas expressões. Pensava que

talvez fosse culpa do ambiente familiar. A mãe e o pai eram ausentes, nunca interessados na vida

da filha, então ela guardava seus pensamentos e sentimentos desde pequena.

Quando tinham 12 anos, recordava que ela começou a ler. A partir daí, andava sempre com um

livro - ficção, de preferência - diferente em mãos e acabava o mais rápido possível para ler outro

em sequência. Acreditava que isso era uma forma de escudo para não pensar sobre a vida.

Aos 14, leu Harry Potter e passou um ano inteiro falando sobre a franquia. O chapéu seletor

escolheu Grifinória, mas era medrosa demais e não combinava com a casa. Chegaram a uma

conclusão que Lufa-Lufa era a decisão perfeita levando em conta sua personalidade, mesmo que

odiasse amarelo.

Como passava a maioria do tempo segurando um livro, ela decidiu que queria escrever mais

sobre suas histórias favoritas. Passou a escrever fanfics e Tessa lia todas para apoiar a amiga. Ela

escrevia bem e, sem dúvidas, teria um futuro na área. Em consequência, o sonho de fazer

jornalismo foi despertado nela.

Entrando no ensino médio, as amigas se separaram com a mudança de escola. Por dois anos, elas

tinham contato mínimo, somente para saberem se estavam vivas. Perdeu histórias da vida

amorosa e dos “quase” relacionamentos da amiga. Ao final do segundo ano, a saudade bateu e

viraram inseparáveis novamente.

Para Tessa, a amiga sempre seria a menina alta, loira e desengonçada que conheceu aos 11 anos.

Aquela que usava um óculos rosa, aquela que leu um livro de seiscentas páginas em um dia,

aquela que brigou com ela por um suposto roubo de batatas-fritas, aquela que sempre falava o

que queria fazer, mas nunca fazia, aquela que era tímida demais para falar com desconhecidos,

aquela que uma vez fez um pacto com ela de casarem aos 40, caso não encontrem ninguém,

aquela que estava chateada com a falta de empatia das pessoas por causa da pandemia, aquela

que se transformou em um mulher agora.


Tessa Gray

Tessa Gray – Sinopse da biografia.

 Segundo a Tipologia de Myers-Briggs, INFPs são pessoas idealistas que procuram

enxergar o melhor de todas as pessoas e situações, sendo conhecidos como

“mediadores”, esses indivíduos são calmos e reservados, mas tendem a ter um lado

extrovertido quando se sentem seguros e confortáveis.

Hoje escrevo sobre Tessa Gray, a mediadora talentosa que nos presenteia semanalmente

com seus textos tão profundos e comentários repletos de amor. Mas afinal, quem é

Tessa?

Senhorita Gray é uma garota sonhadora, amante de todas as artes e que sente empatia

por toda e qualquer criatura viva. Parando com a análise unicamente positiva até aqui

feita, Tessa já foi uma conformista. Ela já fez de tudo para agradar a sua família, mesmo

que fosse contra sua vontade. Nossa garota viciada em livros, péssima em matérias de

exatas e biológicas passou grande parte de sua vida considerando fazer medicina para se

encaixar nos padrões da família; para agradar a mãe; para não ser a prima fracassada.

Felizmente, Tessa seguiu seu coração e, aparentemente, mandou as cobranças alheias

para a casa do caralho. Hoje, Tessa não segue os conselhos da sua tia intrometida.

Sua relação com a mãe não é uma das melhores e isso formou muito da personalidade

da garota. A pessoa que se doa sem esperar nada em troca, aquela que traz carinho e

compreensão para seus amigos (mesmo sem nunca ter recebido tais confortos em casa),

um livro aberto para a família que ela escolheu e uma muralha enorme para a família

que lhe foi dada pelo universo.

Tessa é uma garota em tons pasteis: delicada, amorosa e marcante de forma

despretensiosa, mas consegue intensificar seus padrões e se tornar vermelho sangue,

púrpura ou amarelo ouro. Seu cabelo comprido e ondulado que me lembra tanto

mocinhas dos filmes da Lily Collins, também pode mostrar seu poder interior e sua

força de vontade, como a Katniss Everdeen ou a Feiticeira Escarlate. Sendo canceriana

com ascendente em libra e lua em escorpião, astrólogos podem a rotular de sensível e

frágil, mas Tessa tem a ambição de Capricórnio, a autoconfiança de Leão e um talento

incrível com as palavras, como uma geminiana nata.

A protagonista de fanfic é uma inspiração para mim, sinto que somos amigas através de

comentários, elogios e a semelhança de gostos que possuímos. Gostaria de ver beleza

nas coisas mais simples como Tessa, Luna Lovegood, fiel aliada de Harry Potter, ou

Lucy Pevensie, a garota que descobriu um armário que levava até Nárnia; três INFPs

que eu sinto profunda admiração e carinho.


Maria Antonieta

Quer ser minha amiga?

 Acho que ela esqueceu.

Esqueceu que tem aula, que tem que publicar, que tem que escrever, que tem que comentar.

Eu não queria falar assim, mas... eu sinto sua falta.

Inteligente, parece que sabe tudo de psicologia. Até comenta falando três pontos importantes

sobre isso. É sincerona, direta e não tá nem aí.

Por isso, talvez não tenha muitos amigos. Sem dúvidas, muito difícil de lidar.

Mas quando é para ser fofa, ela consegue. Até com o jeito meio robusto de comentar, a gente

sabe quando ela realmente quer ser fofa.

Acho que é por isso que eu estou escrevendo de você. Talvez um pouco incompreendida pelas

pessoas a sua volta.

Mas isso é problema dos outros! Com você não tem tempo ruim. É isso, então é isso. Você

não vai se esforçar para fazer os outros gostarem ou não de você. O que importa é que no fim

dia você vai continuar brilhando, enquanto os outros perderam a luz descontando em você.

Eu te imagino como um amigo meu. Uma pessoa muito engraçada, fala o que der na telha,

sonsa- no melhor dos sentidos-, grossa e debochada. Tudo o que eu amo!

Mas no fim, quando eu comecei a criar empatia por você, você sumiu. Por onde você anda,

Rihanna ex-cantora?

Saudade de quando eu entrava em todos os textos só para ler seus comentários e rir comigo

mesma- menos no que você pegava muito pesado; nesses eu ficava com um pouco de raiva.

Você vai responder esse meu texto?

Abre seu computador, coloca seu shortinho jeans, sua blusa colorida de botões, faz aquela

careta de quem não tá entendendo nada, reclama com sua voz fina que o computador não está

ligando, come seu lanchinho da tarde, entra no blog e começa a rir sozinha com esse texto

detalhado de como eu te imagino.

Espero que eu não esteja errada, mas, mesmo se estiver, a pergunta continua válida.

Ellis Bell

SRN, meu chapa

 Jubiabá é encantado por futebol e, sempre quando pode, sai por aí exibindo o brasão do seu

tão querido Santos. Ele não perde um jogo, vibra, xinga e, como qualquer torcedor,

coleciona itens de seu time. Quando pequeno, o sonho de sua vida era ser jogador

profissional e um dia vestir o manto branco do seu Peixão. Hoje em dia, apesar de mudar

sua escolha e ser um aspirante a jornalista, ainda carrega consigo um pouco das suas raízes.


Por outro lado, Jubiabá ama literatura e história. Diria até que é um cara culto. Assim como

o romance de Jorge Amado intitulado como seu pseudônimo, ele possui referências

espirituais e entendeu ao longo da vida o mundo onde vive. Sua estante é lotada de

clássicos da literatura, principalmente os da brasileira, e, quando tem tempo, ele os devora

sem piedade alguma. Jubiabá é um apaixonado. Um curioso. É alguém que abre mão do ócio

pela paixão da descoberta, pelo prazer que é a cultura.


Jubiabá é forte. Mais do que imagina. Ele é da luta. Se o convocarem, ele estará presente.

Conhece a sua história e a de seu povo. É um reflexo de quem admira. E, como qualquer

outra pessoa, também é frágil. Possui autossabotagens e cicatrizes. Sua trajetória não é

linear. Ele não escapa de sentimentos, sejam eles bons ou ruins. É um humano como outros

7,8 bilhões, mas ainda assim possui sua singularidade.


Não conheço Jubiabá por outro lugar que não seja suas palavras, mas mesmo assim é o

suficiente para eu querer ser sua amiga um dia. De algum modo, acho que temos

experiências parecidas. E, além do mais, eu adoraria zombar de sua cara quando o Santos

levar uma goleada do meu poderoso Flamengo.


Honey Lemon.

quinta-feira, 18 de março de 2021

Rousseau nunca esteve certo

 A aceitação.

Sem dúvidas muito difícil se aceitar na sociedade de hoje. Estamos sempre sendo

bombardeados de moldes, padrões, sucessos. Você pode dizer o que você quiser, mas todos

nós temos nossas inseguranças em relação a nós mesmos.

E nós ficamos loucos com isso. Nós tentamos nos encaixar em uma sociedade que não quer

que a gente se encaixe nela. Porque isso a torna mais forte. E essa perpetuação de paradigmas

só faz o sistema girar em torno de si mesmo.

Quem precisa de inimigos quando a gente é o nosso próprio inimigo?

A gente se julga, se cobra, se enche de tarefas, se obriga a fazer o que não quer. Tudo para

agradar o sistema que não quer ser agradado.

E isso nos deixa malucos. Loucos. Pirados.

O tempo passa e tudo só piora. As redes sociais continuam com essa história de mundos

perfeitos. E a gente continua igual uns idiotas achando que isso existe.

Porque nós somos um palhaço que quer agradar uma plateia vazia.

O tempo passa e a gente não se toca de que tudo isso faz parte da ideia de vender, vender e

vender mais. Não que eu não colabore com esse estilo de vida. Eu contribuo para tudo isso.

Eu contribuo para o meu próprio fracasso.

Porque nós somos palhaços em uma sociedade de espetáculo. Mas o que não nos contaram é

que o espetáculo não existe.

E no final disso tudo, quando a gente se ver mergulhado em ruínas, o sistema continuará

intacto. Novas pessoas virão para repor os que se foram.

E no final disso tudo o palhaço continuará sozinho, tentando fazer graça. Mas ele nunca

ascende ao poder. Porque o poder nunca fomos nós.

Ellis Bell

Um grande F

 Não negue. Eu tenho um pouco dele em mim, e você também.

Nós queremos ser livres: da hipocrisia, do falso moralismo, do negativismo e de

ser depósito das vontades de outras pessoas, não das nossas próprias.

Igualmente, queremos ser corajosos. Falar e agir, sem temer o futuro. Sem

saber das consequências.

Por fim, queremos ascender. Sermos nós em nossa totalidade. Esquecer o que

a sociedade, que nos julga, muitas vezes não nos permite ser. Matar (lê-se no

sentido figurado) tudo aquilo, que nos coloca pra baixo e nos impede de

evoluir. 

Nós somos capazes de tudo. Portanto, devemos dizer um “Foda-se” pra todas

as coisas ruins, que nos assombram.

Assim, quem sabe, nós deixaremos de lutar contra a maré dos nossos

pensamentos, sentimentos e angústias. Para viver sem passar pela comum

dificuldade de respirar, enquanto subimos os degraus da escada da vida, mas

da leveza e alívio de quando estamos descendo.


Modo Anônimo

O gran finale

Eu vejo um baile de máscaras. Todos os dias. No ônibus às seis da manhã, na escola às sete, no

trabalho às duas da tarde e durante o resto do tempo. Quando me olho no espelho ou quando olho o

outro passar por mim. Nesse baile não toca música, só o compasso acelerado do relógio marcando a

hora que ele começa e termina.

Quando saio de casa coloco a minha máscara. Não sou fraca, não tenho inseguranças, não tenho medo

e não fico triste. Sou produtiva conforme o capitalismo requer de mim. Volto para casa e produzo mais

um pouco, pois como falam, o segredo do sucesso é trabalhar. Dane-se meu cansaço. Dane-se o seu

também. Sabe o que fazer para melhorar? Compra um carro novo. Ah, compra um celular da moda

também. Gasta todo seu dinheiro, esse que você rala o mês inteiro pra ganhar, em coisas supérfluas e

obsoletas. Ostenta elas. Posta nas suas redes sociais. Mostra o quão feliz você está mesmo que não

tenha dormido oito horas essa noite, ou que não tenha tido tempo de digerir sua comida, mesmo que

esmagada em um ônibus por horas, mesmo que tenha acabado de ter uma crise de ansiedade no

banheiro do serviço. No final o ter é mais importante que o ser. E parecer ser e ter é mais importante

ainda. Afinal, não é por isso que estamos de máscaras?

Deixe que essa rotina massacrante desse sistema opressor dilua sua identidade. Dance conforme o

som do relógio. Enquanto o tic-tac marca o começo e o fim do baile está tudo bem. Só mais um dia. Só

mais uma semana. Só mais um mês. Mas o pior é quando ele marca o fim do espetáculo e você

percebe que não viveu. Tic-tac. Morreu mais um. Sem tempo para ascender. Só mais um palhaço.

Elipse

João, o palhaço Coringa.

Boa noite moço(a),

Sou João Lopes da Silva. Assim como muitos, sou só “mais um Silva que a estrela não brilha” lá de Itaquera , zona leste da maior cidade do Brasil. Filho de Exu. Não tenho herdeiros, nem esposa e nem mesmo um primo distante. Como bom morador da periferia paulistana, sou corintiano, maloqueiro e sofredor( Graças a Deus!) e o Timão tem sido, ultimamente, o único motivo das minhas raras alegrias. Trabalho, diariamente, num dos maiores circos da cidade de São Paulo. Sim, eu sou palhaço, transmito alegria para crianças, adolescentes, adultos e idosos. Mas, o que essas pessoas talvez não saibam é que eu, tão feliz e dono de si nos palcos, sou, no fundo, um baita de um infeliz.

Minha vida é terrivelmente monótona. Acordo, tomo banho e vou tomar meu café na mesma padaria, todos os dias. Na volta, passo em frente a linda e grandiosa Arena Corinthians( Como bom crítico do futebol moderno, me recuso a chamar de Neo Química Arena) e me pergunto se um dia terei dinheiro e  companhia pra entrar e assistir a um jogo do “Coringão”. Leio a Folha de São Paulo, assisto ao SPTV e, quando vejo, já está na hora de almoçar. Depois de comer, parto pra labuta, trem da CPTM, metrô, ônibus e, enfim, chego ao Itaim Bibi, onde fica o circo no qual o João solitário sai de cena pra dar lugar ao palhaço Coringa. No meu show, as risadas e aplausos do  público, atualmente, já me soam muito  falsos e forçados. No retorno pra casa, ao descer as escadas da estação de trem, fumo meu cigarro e, depois, bebo minha branquinha na barraca do Seu Manoel, afinal, não há problema nessa mundo que uma boa cachaça não possa resolver. 

Eu ,assim como Exu, sou  da gira , do povo , das ruas e encruzilhadas, malandro e marginalizado. Mas, não perco a esperança. Ainda sonho com uma vida melhor, com uma esposa, com filhos, com maior reconhecimento do público, da mídia , do povo, com uma casa no Guarujá, com aplausos sinceros, com risadas verdadeiras, com charutos cubanos e ternos de linho, com a verdadeira ascensão do palhaço Coringa e de outros. E, pra completar, com o Corinthians tri campeão mundial. Vai, Corinthians! Laroyê, Exu! Mojubá,Axé!

 

Quem me protege não dorme,

Jubiabá

A vida é uma escalada, mas a vista é ótima

 Ele fuma seu cigarro. A expressão impassível. A mente conturbada.

Por um momento pensa ver a fumaça que sai de seu cigarro formando HAHAHAHA.

Como se a vida caçoasse dele. Como se o universo soubesse da dor que ele insiste em

esconder.

Isolado, intimidade e expulso da sociedade. Vítima de seu próprio fracasso.

Ele desce as escadas e enxerga não só seu declínio físico, mas seu declínio social.

Subir escadas não é um processo fácil, gera desconforto, cansaço e dor.

Subir escadas exige esforço, mas há quem diga que no final, no topo, a vista compensa.

Na escada social, existem atalhos que fazem alguns alcançarem o topo antes de outros.

Descer escadas exige bem menos esforço.

A escada social tem topo, mas não tem fim. Nunca está tão ruim que não possa piorar.

Em um dia, você é um modelo social; no outro, está desempregado, falido e divorciado.

‘’ A Ascensão do Palhaço’’. Mas de que forma? A que custo?

Eu me vejo no palhaço: fracassada, descendo uma escada sem fim, pensando que a vida

e o universo caçoam de mim. Nem mesmo minha fé pode me convencer do contrário.

Não existe moldavita que traga mudança positiva em meio a tanta desgraça, nenhum

quartzo rosa faz eu me amar ou amar o fato de ser o que sou, a ametista que costumava

me proteger está sobrecarregada e deve ter pedido demissão do cargo. Desde que dormir

à noite toda em paz se transformou em uma missão impossível, acredito que até mesmo

meus avós falecidos, que me serviam de guias espirituais, desistiram de me ver andando

em uma corda bamba.

Palhaço, estou com você. Me compadeço da sua expressão impassível e da sua mente

conturbada.

Talvez, um dia a vida melhore. Talvez, um dia a gente consiga subir degrau por degrau

até chegar no topo.


Maria Antonieta

V. A. Z. I. O

Era uma tarde quente de outubro ao lado de fora do cinema e eu estava com meu namorado comentando sobre a sessão que tínhamos acabado de ver, Coringa havia estreiando e estávamos eufóricos para assistir.

 - Amor, ainda estou sem palavras, não consigo descrever o que acabei de assistir, o ator é muito bom, aquela cena do banheiro dançando sozinho é brilhante, acho que o Oscar vem aí, o que você acha?

 Minhas mãos foram automaticamente para aquela cabeleireira que amava bagunçar o tempo todo até ele ficar irritado, dois beijinhos, algo está tocando no meu bolso enquanto a boca do meu namorado gesticulava sobre o que ele pensava do filme, li na tela a palavra “mamãe”.

 - Oi, o que houve?

 Encontrei teu irmão enforcado, ele quase morreu, se eu tivesse chegado mais tarde, ia encontrar ele morto, sentir que tinha que vir pra casa cedo e encontrei ele se contorcendo com a corda no pescoço na sala de casa, levamos para o hospital e estamos aqui esperando ele terminar de ser avaliado, teu pai tá em casa com o menorzinho, tu vais demorar? Vou terminar aqui e te vejo em casa.

 - Amor? ei? O que houve? Você está sem cor no rosto, sua mãe falou o quê? Me responde, por favor.

 - Eu tenho que ir para casa, por favor, preciso ir, vou chamar um uber, não acredito que isso está acontecendo, não comigo, na minha família, como não percebi antes?

 Enquanto esperava o uber que me levaria para minha casa, relatei ao meu namorado a pequena tentativa de suicídio que meu irmão havia cometido naquele fatídico dia em que estávamos rindo e sendo felizes.

Quarenta e cinco minutos foi o tempo que levou da parada em que estava do cinema até a entrada da rua onde moro, parece que foram os minutos mais agonizantes que passei, fiquei pensando o tempo todo o que aconteceu? E se fosse eu? O que faria? Como reagiria? Quem chamaria e se encontrasse ele morto, como falaria isso aos meus pais?

 Abro a porta da frente, meu irmãozinho está assistindo algum desenho bobo na TV, meu pai está no quarto fingindo que nada aconteceu como sempre, mas o semblante no rosto da minha mãe é devastador. Ela me alerta que ele está dormindo, dopado, no meu quarto, pediu cuidado ao entrar, deixá-lo dormir o máximo possível e que depois iriamos conversar sobre o que havia acontecido.

 Mas voltando ao tema que é falar o que sentimos ao ver a imagem, sinto um vazio e nada além disso, talvez a imagem tenha ou não a ver com o filme mas lembro apenas desse fato que me ocorreu e nada mais.

Milles Elliott

 

Desesperança

- Argh! Não consigo! Preciso de um tempo! – ele disse frustrado enquanto se afastava

do computador.

Ele sabia que precisava voltar ao trabalho logo, mas naquele momento, ele não tinha

cabeça para aquilo. Sua mente estava em outro lugar, pensava em outras coisas,

outras pessoas. Esses pensamentos o levavam a lugares no qual ele não queria ir, mas

ele simplesmente não conseguia evitar. Como pensar que ele não suportava mais o

seu emprego, que ter que sentar todo dia de frente para aquele computador era

excruciante, e pensar que estava ficando velho e não tinha realizado nem 1/3 dos seus

sonhos, mas pensar nela era o que mais o afetava, quando ela vinha a sua mente ele

não tinha outra opção senão tentar distrair-se de alguma forma.

- Onde foi que deixei meu cigarro? - disse para si, enquanto procurava seu maço no

meio da bagunça que era seu apartamento.

Quando finalmente encontrou seus cigarros, ele se dirigiu a porta e saiu para

caminhar. Ele chama o elevador. Ele não vem. Só então ele percebe o aviso preso na

porta que dizia “elevador em manutenção”. Ele então decide ir pelas escadas. Ao

deixar o prédio seus pensamentos retornaram. Todos esses pensamentos lhe

causavam dor, mas nenhuma dessas dores era novidade, por isso elas não causavam

muito alarde. Ele põe um cigarro na boca e só então percebe que havia esquecido de

trazer o isqueiro. Ele retorna ao seu apartamento, acha o seu isqueiro e faz o caminho

de volta às escadas. No meio do caminho ele para. Já estava cansado. Ele ignora os

avisos de “proibido fumar” e acende seu cigarro ali mesmo nas escadas. Ele dá uma

tragada. Duas. Tenta fugir de seus pensamentos. Não consegue. Ele termina o primeiro

cigarro e acende mais um. Dá mais uma tragada. Ele se entrega aos seus pensamentos.

Já estava cansado demais para fugir. Enquanto isso, o pouco de alegria que lhe restava

ia embora junto com a fumaça do cigarro.


Homem Macaco

O dono do circo

 A partir desta quinta-feira (18), o cidadão carioca ganhará mais uma opção em seu quadro cultural: o

espetáculo “Confete e Serpentina” do famoso Joker Circus. Depois de visitar mais de quarenta países

em sua turnê, o grupo permanecerá na Cidade Maravilhosa por três semanas. Nicolas Martins,

cofundador e artista do JC, ao ser procurado por nossa equipe, contou um pouco sobre as

experiências que teve ao longo de seus vinte anos de carreira.

“Meu amor pela arte teatral começou bem cedo, quando eu tinha uns cinco anos. Meus pais me

levaram ao circo e eu saí de lá apaixonado, já dizendo que seria um palhaço quando crescesse. Na

época eles achavam fofo porque era uma criança falando, mas quanto mais eu crescia e sustentava

esse desejo, a situação ficava complicada”. Natural de Nova Iguaçu, Nicolas saiu de casa aos

dezenove anos em busca de seu verdadeiro sonho e, contestado pela decisão, ficou cinco anos sem

falar com os pais. "Minha mãe queria que eu fosse contador, mas eu odiava a ideia de ficar sentado

em um escritório o dia inteiro"

Em parceria com Luís Splinder, também artista, em 2009 Martins criou o Joker Circus. Foram anos na

estrada até atingirem o patamar onde a companhia se encontra atualmente, com uma

megaestrutura e cerca de duzentos funcionários e artistas. "O Luís é um louco como eu e

honestamente não encontraria pessoa melhor para embarcar nessa aventura. No início só tínhamos

um trailer velho, uma lona colorida e algumas fantasias, mas a nossa vontade era tão grande que

conseguíamos driblar os obstáculos. Percorremos boa parte desse Brasil e no meio do caminho

fomos adotando outros apaixonados. Era uma felicidade enorme saber que não éramos os únicos

com esse sonho. Hoje, depois de doze anos, visitamos mais de quarenta países e levamos alegria

para milhões de pessoas".

Quando questionado por nós sobre a reação da família e amigos com a decisão de carreira, ele diz:

"Alguns me encorajavam, mas a maioria dizia que eu já estava grande demais pra ficar fazendo

graça. Na primeira vez que contei aos meus amigos que queria ser palhaço, eles riram. De primeira,

acho que não por desprezo, mas justamente por acharem que era outra brincadeira minha. Daí

quando viram que eu falava sério, mudaram a expressão na hora. Acho que pra maioria das pessoas,

tudo o que foge dessas "profissões sérias"; é sinônimo de chacota ou fracasso. Gostam da arte, mas

não valorizam quem a faz".

Por fim, quando pedido para mandar um recado para essas pessoas, ele finaliza: "Eu sou feliz, isso é

o que importa. Estou vivendo meu sonho, minha paixão, que sempre foi propagar a alegria. Conheci

lugares no mundo que jamais imaginei colocar o pé e espero que esse seja apenas o começo. Mas,

pra não "pipocar" aqui (risos), vou dizer que calei a boca de muita gente que dizia que não via futuro

em mim. O palhaço chegou longe, já viveu mais coisas que muitos de vocês juntos. Ele ascendeu.

Agora, é o dono do circo"

Todos os horários do espetáculo e informações sobre a compra de ingressos estão no website oficial

da companhia.


Honey Lemon

Ps: você beija mal

 Puddin,

Nunca fui tão boa com palavras como sou em fugir de Arkham. Eu sei que já faz tempo

que decidimos seguir caminhos diferentes, mas não pude deixar de te escrever essa

carta. Eu juro que achava que tinha te superado, mas ao me deparar com uma imagem

sua ontem todas as minhas certezas foram confirmadas.

Eu tenho pena de você. Por trás de toda essa maquiagem, dessas roupas bregas e

pesadas e desse cabelo verde, há uma necessidade em chamar atenção. E eu tenho pena

de pessoas que precisam se esconder atrás de uma fantasia para poderem ser quem são.

Sua história já me comoveu, hoje não comove mais. Decidir matar pessoas e se tornar o

maior vilão de Gotham simplesmente porque as pessoas foram grossas com você? Isso é

patético. Você não é vilão porque gosta de ser vilão, você é vilão porque se deixar de

ser um, não sobra nada.

Eu por muito tempo me deixei levar por essa pose de confiança que você tenta

transparecer. Esse cigarro e esses risos só tentam disfarçar o quão triste você é. Até

onde você iria para tentar provar alguma coisa? Uma vez você me disse que se apelidou

de Coringa por ser a melhor carta em um baralho. Hoje, eu sei que o real motivo desse

nome é a capacidade do Coringa em ser qualquer carta, menos ele mesmo.

Você foi o amor da minha vida. Olhando para essa imagem eu consigo entender o

porquê. À primeira vista, você transmite uma confiança que atrai as pessoas, eu fui

atraída por ela. Mas toda essa confiança só existe por causa dessa armadura que você

carrega. Em uma análise mais profunda, percebo que essa armadura vai pouco a pouco

se tornando um fardo e mostrando o quão frágil o Coringa é. Você tem medo que as

pessoas descubram o quão miserável é sua vida, sem felicidade, sem amor, sem risos. A

maior piada que você já contou é a que se considera o maior vilão do mundo. Sabe por

que? Você se esconde, e os grandes vilões não são covardes.


Arlequina.


Asas de Ícaro

Reflexo

 Até onde os nossos pensamentos podem nos levar ?

Até Marte. Saturno. Porto Rico. Próxima esquina.

Ontem mesmo fui pra duas semanas atrás.

Neste dia, meu namoro de quase 2 anos chegou ao fim (eu acho).

Faz 13 dias que não durmo.

Como compulsivamente.

Fico trêmula.

Fiquei louca,

Assim como ele.

Me sinto isolada do real, do social, do concreto.

A compulsividade é a minha risada.

Meu reflexo.

Meu escudo.

Me vejo assim, frente ao espelho, embaixo do chuveiro, em cima da cama.

Louca.

Consequências talvez irreversíveis de atitudes de terceiros.

Atitudes de merda.

Fiquei como ele.

Renascida das Águas.

A foto do palhaço

 Essa foto do Coringa é capaz de trazer sentimentos, sensações e até mesmo lembranças

a mim. Aos que já viram o longa, tem uma noção do que estou querendo dizer, a forma

com que os temas relacionados ao indivíduo são retratados, a visão psicológica que traz

é forte, causando um impacto em quem não deixa os detalhes escaparem.

Partindo para a análise apenas da imagem, o que me chama atenção a princípio é o fato

de ele estar fumando - o cigarro por si só é autoexplicativo, pois demonstra que essa é

uma válvula de escape para seus problemas - e da fumaça sair uma gargalhada, trazendo

um tom de ironia e a melancolia que é a vida, onde muitas vezes o ser humano se

esforça, faz de tudo para o bem de outras pessoas e acaba se perdendo no seu próprio

mundo, ficando preso na solidão, na amargura que é ser aquele que tenta trazer alegria

ao próximo.

A expressão corporal/facial do Coringa, mostra que, após descer a escada e acender seu

cigarro, ele está numa espécie de reflexão sobre o que ele é e quem ele é, mostra estar

compenetrado e pensativo, buscando subterfúgios para seu sofrimento.

O contraste entre o plano de fundo mais escuro e a escolha das cores mais chamativas

na roupa dele também se faz importante, pra destacar o fato de que o papel dele, como

palhaço, (mesmo sendo diferente dos outros) é entreter e alegrar as pessoas com seu

humor.

Por fim, acredito que a intenção do autor, é nos fazer pensar sobre a situação que muitos

“Coringas” passam na vida real, onde não possuem o reconhecimento de suas ideias,

objetivos e vontades. Sendo assim, ridicularizados e até mesmo marginalizado, o que

acaba por transformar suas vidas em um caos, onde todo tipo de negatividade impera e

os impede de viver tranquilamente.


Sarah da KGB

 Um grafite fixa aquela cena. O momento exato em que o desaparecimento de Arthur Fleck se

dá, abrindo espaço para a chegada do coringa.

Como se fosse instigada pela curiosidade de pandora, a caixa que o limitava é aberta e

extravasa tudo o que de pior sustinha.

Ele desce as escadas, com um cigarro na mão traja seu característico smoking.

O rosto traz consigo a pintura de palhaço. Mas dessa vez ela já não carrega a mancha azul

causada pelas lágrimas no início da história. Não.

Ela agora traz consigo um sorriso estampado.

Marcado.

Rasgado.

Conforme desce a escada, ele dança e estica seus braços e pernas até onde são capazes de

alcançar. Nesse momento, coringa prova de uma liberdade e de um espaço que nunca lhe

haviam concedido antes.

Era a primeira vez que sentia o gosto da liberdade, e era gostosa demais pra parar de provar

agora.

Já não existiam paredes, foram levadas ao solo e sem previsões de serem erguidas

novamente. A sociedade vai ter que lidar com o resultado de seu próprio projeto.

A ascensão do palhaço começou.


Paty Maionese

A alegoria do circo

 No circo da vida, os mágicos seriam os bem-sucedidos, que enganam outros para ganho

próprio. Os trapezistas seriam aqueles que conseguem se equilibrar na vida e superar os

obstáculos. Os domadores de animais seriam os vilões, pessoas cruéis. Os engolidores de

espadas seriam os corajosos, os que não tem medo de nada, vivem a vida como deveria ser

vivida.

E eu seria o palhaço.

Assim como o palhaço, eu me escondo atrás de uma máscara.

Já repararam como o palhaço está sempre só? Acho que essa é a nossa maior proximidade.

A solidão é dona dos meus pensamentos, das minhas ações, da minha vida.

Por mais que eu reclame da dor, eu daria qualquer coisa para senti-la de novo, uma velha

amiga que eu nunca valorizei.

Agora percebo que é melhor sentir qualquer coisa do que não sentir nada.

E o amor nem se fala, não consigo ter saudade de uma coisa que nem me lembro como era.

Não tenho nada para dar, mas se tivesse daria, só para poder sentir qualquer coisa de novo.

Não me lembro quando foi a última vez que eu fui sincero quando me perguntaram se tava

tudo bem. “Sim, ta tudo ótimo” é sempre a resposta. Não é a resposta que eu quero dar, mas

com certeza é a que eles querem escutar, então eu falo.

A platéia me ama, por mais que não me enxerguem. Na verdade, eles me amam porque não

me enxergam.

Mas ainda faço de tudo para eles sorrirem, afinal, sou um palhaço, me escondo por trás de

algo que não sou, faço piadas que não me fazem rir.

Ando pelas ruas da cidade de cabeça baixa, esperando que ninguém olhe nos meus olhos e

veja o vazio dentro deles.

Minha única e verdadeira companhia é o vício, mas esse ri de mim quando estamos sozinhos.

E quando chego em casa, depois de um dia comum, o meu show acaba e eu finalmente tiro a

máscara, meu sorriso falso se desfaz com a água, com as lágrimas para ser exato.

Letra X do alfabeto.

Bons sonhos

 Sentada e esperando um ônibus à noite, seus pés inesperadamente começaram a se mover com

vida própria. Sempre que isso acontecia, as coisas nunca faziam sentido, então, simplesmente,

aceitou sua intuição. Saiu sem destino pela calçada e, por coincidência, encontrou sua melhor

amiga.

- Samara, o que você faz aqui?

- Saltei no ponto antes do posto de saúde e vim para esse lado. Se você continuar andando

por essa direção, cuidado com o que vai encontrar.

Sacudiu a cabeça em um gesto de afirmação e seguiu o caminho adiante. Saltitava, mas pela

ansiedade iminente ao perceber que o tempo ficou nublado de forma abrupta e que adentrava por

uma parte da cidade que parecia deserta. Sentia seu coração bater mais forte e, virando a esquina,

tudo começou a rodar em câmera lenta. Seu maior medo. Sempre pedia para que seu pai olhasse

debaixo da cama para saber se estava segura ou não do principal personagem circense.

Sabia o que era aquilo, mesmo enxergando embaçado. Sabia, porque desde seu sétimo

aniversário aquela cena se repetia. Sentia-se paralisada ao olhar para o alvo que se deslocava

lentamente ao seu encontro. Subitamente, um turbilhão de emoções a atingiram.

Sendo abraçada por sensações de inquietude, observou a máscara de indiferença e a expressão

risonha congelada no rosto daquele que encarava. Solitário, chamava a atenção por exalar um ar

de imponência. Surgia, também, uma noção de que algo parecia estar no lugar errado, como se

fosse uma coisa inesperada e errática.

Só percebeu o contraste entre a noite escura e as cores vivas do ponto que mirava quando o

cheiro da fumaça do tabaco penetrou por suas narinas. Seu interior gritava comandos para se

mover, mas não conseguia obedecer e, assim, continuava parada fitando com olhos arregalados.

Seu corpo se ergueu de supetão.

Sonhava.


Tessa Gray

Breve Alívio

 Ao ser embutida a tarefa de realizar um texto sobre a observação de uma imagem, logo

pensei "E agora? Não sei para o restante da turma, mas este será mais um tema

particularmente difícil para mim." No entanto, indo para o final da aula já estava me

acostumando com a ideia de escrever sobre a figura de um palhaço, que por acaso, é o

Coringa (filme que, infelizmente, não assisti mas gostei dos spoilers do professor). Nesse

momento, ele nos alerta, não exatamente com essas palavras, porque o que o tema da

semana passada me mostrou foi o quanto a minha memória está ruim, mas era algo como:

quem quiser pode usar a legenda abaixo da imagem, mas saiba que será um campo muito

mais minado para quem escolher, porque a citação complexifica a mesma, havendo

distintas interpretações para o mesmo objeto. Fiquei mais preocupada ainda, "e agora?"

Diria então que decidi me arriscar.

Essa representação me causou algumas sensações. Primeiro, o estranhamento, oras, um

palhaço aparentemente triste e fumando não é o imaginário que costumo ter. Segundo, a

angústia após perceber o porquê estava tão melancólico, o que me deixou pensativa, eu

finalmente o entendi melhor. Terceiro, a agonia. Ele não parecia ter a opção de escolher

quando iria gargalhar ou não. Isso me remeteu a minha sensação de impossibilidade com

algumas situações, como ele, nem sempre me sinto senhora dos meus próprios atos. Com

as minhas repetições diárias, consigo compreender mesmo que rasamente o quanto ele

deve sofrer com o seu distúrbio.

E o mais engraçado é que ele não parecia feliz e descrevê-lo como a "ascensão de um

palhaço" vinculado a foto, parecia contraditório para um comum, mas esse foge

completamente do imaginário popular, pois, além de fazer sorrir, um comediante precisa

fazer-se verdadeiramente engraçado e genuinamente feliz com o que é. Seria possível uma

pessoa incapaz de se controlar ser feliz? Nesse caso, penso que talvez a grande vitória

desse personagem seja ter o total controle sobre as suas próprias expressões, nem que

seja demonstrando o quanto isso é terrível, por um breve momento de um click.

Essa parece uma ótima teoria, mas só não digo infeliz, porque soaria maldoso.

Estrela do Mar

Prefeito de Brasil Novilândia é deposto do cargo por grupo de apoiadores de apresentador televisivo

 A cidade de Brasil Novilândia viveu, nesta quinta-feira (18), cenas de um verdadeiro filme de ficção. Depois de diversas ameaças, grupos rivais comandados por um apresentador de TV local invadiram a sede da prefeitura e depuseram o prefeito Flávio Santana do cargo, que segue desaparecido. Para apoiadores do apresentador Michel Messias, a deposição foi "merecida" e que "já foi tarde". A Polícia Federal foi acionada e deve chegar à cidade até o fim de semana.

O prefeito Flávio Santana (Partido Leftista), que tinha mandato até o fim de 2024, viu tudo ruir em uma questão de minutos. Após retornar do horário de almoço, Santana percebeu uma movimentação incomum em seu gabinete, com objetos fora do local e gavetas reviradas. Ao pedir auxílio da equipe de seguranças, se deparou com um grupo de aproximadamente dez pessoas - encapuzadas e armadas - anunciando o golpe. "Foi tudo muito rápido, cara. Quando eu vi já tava todo mundo entrando, eles armados e gritando com a gente da recepção. Mas o foco deles era no senhor prefeito mesmo, porque depois liberaram a gente", relatou um dos secretários do prefeito, que pediu para não ser identificado.

Nos arredores da prefeitura, a movimentação não demorou muito para virar palco de confrontos entre os dois grupos. "A gente tá presenciando aqui a história mais triste da nossa cidade. Não vamos aceitar esse golpe ao nosso prefeito eleito. Ainda mais sendo liderado por esse palhaço da televisão, esse mesquinho aspirador à ditador.", disse Manuela da Silva, 65, apoiadora de Flávio Santana.

Em 2020, Michel Messias concorreu à prefeitura de Brasil Novilândia e chegou a ir ao segundo turno, mas perdeu para o prefeito eleito em uma votação acirrada. Desde então, tem usado o seu polêmico programa diário na televisão para fazer ataques pessoais a Santana e instigar movimentos antidemocráticos. Conhecido por suas opiniões ríspidas e atitudes controversas, ganhou mais notoriedade e ascensão com as redes sociais, que o transformaram em um "líder do movimento". "Eu gosto dele por causa disso, ele fala tudo que vem na cabeça. Tudo que o povo pensa, sabe? Ele não tem medo de dizer as coisas e não abaixa a cabeça pra esse bando que tava aí no poder. Agora as coisas vão melhorar, eu sei que vão, com fé em Deus", contou Marco Silas, 17, apoiador do apresentador.

O apresentador Messias foi procurado pela nossa equipe e por outras emissoras para comentar a situação, mas, até o fechamento desta edição, não houve nenhuma conversa com a imprensa.

Rosto Fosco

Ascenção na queda

 Ao escrever, enquanto a caneta desliza no papel, ou os dedos se

movem pelo teclado, o pensamento vai organizando ideias, e

produzindo imagens, que por enquanto residem num lugar onírico. As

palavras, enfim, traduzem essas imagens. O desafio dessa vez é

diferente. Escrever sobre uma imagem que já existe. Algumas

imagens revelam-se sem qualquer barreira. Já outras, parecem estar

mascaradas de alguma forma e exigem mais para decifrar.

Apreciar um quadro é sempre um convite a viajar para um lugar que

se apresenta logo de cara, mas não se revela completamente sem

que dediquemos um tempo em explora-lo. Nesse momento estou

empreendendo essa viagem, e esse lugar que o quadro me leva não é

nada óbvio. Ascenção. Elevação. Mover-se para cima. A palavra do

título me leva a um lugar alto, elevado, grandioso. Mas a imagem logo

acima não quer concordar. Ela diz outra coisa, me prendendo mais

alguns minutos em frente a ela.

O primeiro olhar que dirijo ao palhaço traz as cores vibrantes que ele

veste. Cores alegres. Mas sua expressão não deixa a alegria me

atingir. Pelo contrário, tudo parece sombrio, e o seu olhar volta-se

para baixo. Atrás dele estão os degraus que já trilhou. Como toda

ascensão, antes da glória existe um caminho. Mas o Coringa não está

no topo, sua trajetória foi no sentido contrário. Ele ascende, então, ao

descer das escadas.

Esse palhaço não esboça alegria. Mas risadas são expelidas na

fumaça de seu cigarro. Um riso profundo, direto de seus pulmões.

Uma risada é difícil de conter, quer se libertar a todo custo. A risada

do Coringa também ganha a liberdade e toma forma, mas não com

alegria. Ela parece vir do mesmo lugar sombrio em que ele chegou no

auge de seu caminho, coroando essa ascensão.

Se as risadas surgem ao sorrir da alma, por motivos distintos, o

Coringa sorri com o caos. Exatamente a atmosfera caótica que lhe

causou dor durante sua trajetória. Completamente abalado e

desestabilizado ele não consegue mais lidar com o caos que recebe e

passa a produzi-lo, escolhendo o lado sombrio da moeda. Um

caminho de violência. A direção oposta das escadas, tornando-se o

vilão que conhecemos.

O Náufrago

Convivência Social

 A aparencia do quadro e o que ele repassa parece ser algo paradoxal a tristeza passada em meio a onomatopeia das risadas. Expressa muito da mensagem que o filme tem a passar, com a maneira que a convivência social nos obriga a fingir que estamos bem, e como as pessoas lidam com as doenças mentais em nossa sociedade, que muitas vezes mostra-se egoísta, sem compaixão e hipócrita. Muito do estigma sobre como é importante manter as aparências, aparece nas mais diversas áreas de convivência, fazendo com que nosso jeito, estilo ou modo de agir diga muito sobre nós antes mesmo que venhamos a dizer qualquer palavra ou trocar qualquer ideia com alguém ao nosso redor. A responsabilidade sobre esse problema nos dias de hoje, tem muito a ver com a ingenuidade que temos em achar que o próximo irá agir ou lidar da mesma forma que nós mediante a um problema, o que faz com que não se dê a devida importância a muitas pautas que precisariam de sua devida atenção, tendo ênfase no caso desse quadro e desse filme em específico em saber como a sociedade lida com os problemas mentais nos dias de hoje, um tema super importante que inclusive ganha um foco especial no último ENEM. Por fim podemos descrever exatamente a cena em que o Coringa desce a escadaria do local onde mora e aparenta estar animado e aliviado, extravasando pelo fato de achar uma “solução” para o problema que o Atormentava, nada que justifique obviamente suas agressões e assassinatos cometidos no final do filme, que dá a entender que tudo pode ter ocorrido em sua mente como uma piada e dá um ponto final a toda situação agonizante vivida pelo Arthur


Quentinha Fria 

Caminho sem volta

 Sabe aquela sensação que temos depois de tanto lutar por algo que desejamos, e

conseguimos a tão esperada vitória? Esse gostinho misturado com um certo ar de

prepotência pela conquista? Então, essa imagem me passa isso. Aquele sentimento de

alívio quando conseguirmos chegar finalmente onde queríamos estar.


Não é necessário um largo sorriso e nem as letras “Há, Há, Há” para sentirmos esse

meio sorriso despreocupado que leva consigo. Uma sensação que me parece a de

liberdade. A cada degrau que pisa, mostra sua despreocupação ao descer a escada da sua

vida.


Não é preciso de um sorriso estampado no seu rosto para escutar os sons altos de seus

risos despreocupados e pretensiosos.


Como se nada além de cada sensação que aquela tragada no cigarro lhe importasse.

Uma sensação de prazer, tranquilidade, liberdade, misturada com um ar de travessura,

visto pelo seu leve sorriso zombeteiro de canto de boca. Como se aquela neblina, criada

pela fumaça, tivesse cegado seu entorno, cobrindo tudo ao seu redor naquele momento,

sobrando apenas o prazer e o alívio de saber que havia conseguido conquistar tudo o

que sempre quis: sua liberdade. Agora está livre da prisão de pensamentos que o

atormentava.


O sabor da vitória, era tão intenso que beirava a soberba, e cancelava a culpa que seus

atos inconsequentes podiam lhe proporcionar, sobrando uma vida desprendida e livre de

regras nas quais antes se colocava. Ele diria: “Que maravilhoso é viver assim. Que

vício!”.


Optou pelo total desprendimento de uma vida sem nenhuma regra. Preferiu-a, ao invés

da culpa e do sofrimento que lhe proporcionava. Antes preso por essas diretrizes, que

determinavam o certo e o errado, agora, “livre” ´para descer a escada de sua vida: uma

descida silenciosa e perigosa, um caminho sem volta.


Íris M.

Menos um dia

 Hoje o despertador não tocou. Não aquele programado no velho celular com metade das faturas em aberto. Pra sua sorte, ou não, a hélice do helicóptero águia da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro anunciava a chegada de mais um dia de sua miserável "vida". Oriundo do Morro dos Prazeres, dos quais nunca gozou, teve sua existência marginalizada desde a infância. Filho único de mãe solteira, viu aos 9 anos de idade sua única companhia cometer suicídio. No orfanato, rapidamente se tornou um fiel escudeiro de sua melhor amiga: a solidão.

Ligeiramente atrasado, a corrida até a estação acompanhava involuntariamente os mais mórbidos pensamentos que a mente humana é capaz de produzir. O balanço do trem aguçava o calor da massa, mas, para ele, aquele vapor quente subindo o peito, misturado com o grude do suor que atritava a blusa com sua pele, significava muito mais. Talvez aquele passasse longe de ser mais um dia. O emprego integral de vigilante não fornecia os recursos necessários para sair da comunidade, mas, ao menos, bancava seus 2 maços de cigarro diários.

Cinco minutos. Esse foi o tempo necessário de atraso para que fosse demitido. Sem carteira assinada, seu único direito era usar a última passagem do bilhete carioca para voltar para casa. Ao meio dia, o calor havia aumentado consideravelmente, seu nível de estresse beirava o limite, e a pistola fornecida pelo antigo emprego seguia em sua cintura. Antes de enfrentar o caos dentro do trem, encosta no poste da esquina e alimenta o seu pulmão com o vício da nicotina. Injuriado, os ruídos dos carros eram ensurdecedores, as buzinas o arrepiavam até a última espinha, e as vozes cotidianas das pessoas a sua volta passavam a ser insuportáveis.

Subindo as escadarias da favela, enfrenta o rotineiro processo de ignorar o sofrimento alheio escancarado em seus olhos, dessa vez não consegue. Não tinha mais força para isso, não tinha mais força para nada. A vida o fez de palhaço. O rangido da porta parecia ser uma das últimas perturbações que ele iria ouvir. O suor gelado contrastava com a secura de sua boca, as pernas não respondiam perfeitamente seus movimentos, mas somente as mãos já seriam suficientes. Sentado na cama, se despede da ínfima sensação de estar acordado. Leva a mão esquerda a cintura, puxa a pistola, ergue-a na altura da cabeça, confere se está carregada e finalmente a guarda. Deita na cama e dorme.


Rato Guaraná

O palhaço é indefinido

 A fumaça se esvai como o tempo para alguns.

O tempo se finda e leva esperança.

A insanidade acorrenta. Acorrenta sonhos. Vida. Alma.

O desrespeito, a indiferença, a imprevisibilidade. Genocídio.

O cigarro, o descaso com a vida.

Escada, ah a escada! Nem sei o que falar. Estamos indo ladeira abaixo.

Vermelho, sangue.

A cabeça, vergonha.

Máscara, estamos todos nos camuflando.

Poderíamos, claramente, fazer referência a um daqueles filmes hollywoodianos.

Ou talvez estejamos. Por que não?


E o Palhaço?

Palhaço, esse é indefinido.

Seríamos nós?

Somos julgadores e matamos sem armas.

Matamos com palavras.

Matamos com números.

2018, tivemos o 17. 2020, tivemos o 19.

Somos egoístas.

Hahahah. Sim, ele riu de nossas caras. Seria ele o palhaço? Seríamos nós?

Mas afinal, e o palhaço?

Esse é indefinido.


Estrela Teté

quinta-feira, 11 de março de 2021

Vagas Recordações

2 de fevereiro de 2021, terça-feira.

Tenho vagas recordações deste dia. Lembro, por exemplo, que estava consumido por exaustão, porque havia dormido na madrugada da noite precedente, bem como sentia fome, pois não havia almoçado até a hora da aula. Mas isso não vem ao caso. Este texto não deve ser sobre o que fiz (ou deixei de fazer) na data em questão, e sim sobre a "aula".

O relógio apontou quatro horas da tarde e a maioria dos escritores deste extenso blog estavam exaltados. O enrolado professor ainda não havia enviado o acesso à reunião, o qual só veio a acontecer, após cinco minutos de atraso.

Ao clicarem em "participar", os energéticos estudantes se depararam com um vagabundo comunista, como diria um tio meu. O professor com a barba por fazer, usando boné e trajado de uma camiseta estampada de Olga Benaglio, depois de um breve silêncio, recepcionou suas futuras cobaias com boas-vindas à faculdade mais querida do Estado do Rio de Janeiro.

Enquanto o professor relatava quais seriam as atividades, que deveriam ser feitas ao longo do período, os alunos riam ao se imaginarem em um jogo da discórdia; como o comandado por Tiago Leifert na “casa mais vigiada do Brasil”.

Com menos de trinta minutos de chamada, o professor encerrou a introdução a sua disciplina com uma missão: decidir quem seria o(a) coitado(a), o(a) qual teria que postar mais de vinte textos, por semana.

Escrever este texto me fez ter duas conclusões. A primeira é que devemos sempre dar o devido reconhecimento ao esforço do dedicado Gabriel, o “sortudo” que publica, pontualmente, todos os nossos textos com carinho. Já a segunda conclusão se refere as tais vagas recordações em que citei no começo. Pelo visto, elas não são tão vagas assim. Risos.

Modo Anônimo
Área de anexos

A primeira é sempre inesquecível

Tudo na vida tem uma primeira vez. O primeiro beijo, o primeiro amor, o primeiro emprego, a primeira transa... e a primeira aula de uma determinada matéria. Não foi diferente com aquela matéria. O nome já era altamente sugestivo: Oficina de leitura e produção textual. Vamos ler vários textos? Escrever?. E o professor? Como bom curioso que sou, fui pesquisar seu nome,Felipe Pena, no Google( Meu Deus! Ele tem até perfil na Wikipédia!) e, para seguir uma tradição que tenho ao conhecer as pessoas, fui procurar qual era seu time de futebol( Ufa, é vascaíno! Não sendo corintiano , palmeirense ou são paulino, já está ótimo). 

E, então, chega o dia da aula. Um suspense leve antes com o link sendo enviado aos 45 minutos do segundo tempo, mas, nada que comprometesse. Eis que, enfim, começa a aula. O professor explica toda a dinâmica de funcionamento da aula, o blog, as crônicas , as questões de psicanálise e tudo mais. Gostei muito, confesso. Pensei em uns trinta nomes para o meu pseudônimo e pensei em vários temas para textos( queria falar sobre minhas paixões , dores, meus ídolos,de futebol, do meu time e da cidade de Santos na qual tenho minhas raízes, mas, até agora, esses textos ainda não saíram).

Por fim, não poderia deixar de falar daquilo que mais me marcou na aula. Logo que entrou o professor, meus olhos se voltaram pra sua camisa. E lá , estampada na camisa, estava ela, quem eu sempre admirei, mulher , guerreira, militante, companheira de Luís Carlos Prestes,enviada covardemente pela ditadura getulista para Gestapo, Olga Benário. A partir daí , passei a me interessar mais pela matéria e a admirar o professor, com quem espero, no futuro, estar na luta gritando: Olga Benário, Presente!

Obs: Espero ansiosamente pelas próximas camisas!


Jubiabá


Memória, lágrimas e outras confusões.

 Sinto muito, sim, sinto por não lembrar desse dia como gostaria, não lembrar do que foi dito, do que foi passado, lembro de ter ficado animado, da excitação do primeiro dia de aula, do desafio que seria escrever algo toda semana para o blog e etc. Posso não lembrar tão bem do que foi dito ou ter entendido ao certo o tema da semana, mas é sobre memórias e aqui vai uma. 

Quando eu era menino vi um eclipse.

Eu estava descalço e correndo pelo quintal. Meu pai avisou que haveria um eclipse. Era época em que aquelas fitas eram raras, uns rolos de filmes, ele arranjou uma e vimos o sol sendo engolido pela lua através dela.

E na manhã de hoje em que ouvi no rádio, enquanto preparava o café, descobri que haveria um eclipse total ao meio-dia. Meus olhos não são mais os mesmos, mas ainda suficientes para ver um eclipse. O sol sumindo detrás da silhueta negra da lua. Um buraco escuro no céu escuro.

 Levanto e desço as escadas. As costas doem, a perna dói. Ela sempre está dura de manhã. Na cozinha enchi uma chaleira com água da torneira. Acendo o fogão com um daqueles fósforos longos. Quando a água está fervendo, adicionei o pó de café, levo à pia e começo a coar o café. O rádio ligado. O locutor do programa matinal fala sobre o eclipse.

Quando ficamos velhos as memórias são tudo o que nos restam. A lembrança de saber como namorar, por exemplo, é mais ou menos como andar de bicicleta.

Não se aprende a se apaixonar duas vezes. Você aprende uma vez e então sabe pra vida. Talvez a lembrança de como se faz fique guardada em alguma parte de você. A memória fica guardada no corpo, em algum lugar, talvez nos cabelos, talvez fique guardada na ponta dos dedos. É isso, não? A memória nos dedos, guardada nos ossinhos.

Agora tudo incomoda. O sol incomoda, os pássaros incomodam, o barulho dos carros e a dor na bacia. A dor na perna. Incomodam também os sobrinhos que acreditam que estou ficando gagá. 

As memórias agora se misturam, sem as pílulas:  a branca, a vermelha e duas pequenas cor de laranja, elas somem. Mas mesmo que eu esqueça de tudo, ainda terei uma certeza, a mesma que guardo agora. Eu tenho certeza, de que quando eu era menino, vi um eclipse.

Milles Elliott