quinta-feira, 11 de março de 2021

Memória, lágrimas e outras confusões.

 Sinto muito, sim, sinto por não lembrar desse dia como gostaria, não lembrar do que foi dito, do que foi passado, lembro de ter ficado animado, da excitação do primeiro dia de aula, do desafio que seria escrever algo toda semana para o blog e etc. Posso não lembrar tão bem do que foi dito ou ter entendido ao certo o tema da semana, mas é sobre memórias e aqui vai uma. 

Quando eu era menino vi um eclipse.

Eu estava descalço e correndo pelo quintal. Meu pai avisou que haveria um eclipse. Era época em que aquelas fitas eram raras, uns rolos de filmes, ele arranjou uma e vimos o sol sendo engolido pela lua através dela.

E na manhã de hoje em que ouvi no rádio, enquanto preparava o café, descobri que haveria um eclipse total ao meio-dia. Meus olhos não são mais os mesmos, mas ainda suficientes para ver um eclipse. O sol sumindo detrás da silhueta negra da lua. Um buraco escuro no céu escuro.

 Levanto e desço as escadas. As costas doem, a perna dói. Ela sempre está dura de manhã. Na cozinha enchi uma chaleira com água da torneira. Acendo o fogão com um daqueles fósforos longos. Quando a água está fervendo, adicionei o pó de café, levo à pia e começo a coar o café. O rádio ligado. O locutor do programa matinal fala sobre o eclipse.

Quando ficamos velhos as memórias são tudo o que nos restam. A lembrança de saber como namorar, por exemplo, é mais ou menos como andar de bicicleta.

Não se aprende a se apaixonar duas vezes. Você aprende uma vez e então sabe pra vida. Talvez a lembrança de como se faz fique guardada em alguma parte de você. A memória fica guardada no corpo, em algum lugar, talvez nos cabelos, talvez fique guardada na ponta dos dedos. É isso, não? A memória nos dedos, guardada nos ossinhos.

Agora tudo incomoda. O sol incomoda, os pássaros incomodam, o barulho dos carros e a dor na bacia. A dor na perna. Incomodam também os sobrinhos que acreditam que estou ficando gagá. 

As memórias agora se misturam, sem as pílulas:  a branca, a vermelha e duas pequenas cor de laranja, elas somem. Mas mesmo que eu esqueça de tudo, ainda terei uma certeza, a mesma que guardo agora. Eu tenho certeza, de que quando eu era menino, vi um eclipse.

Milles Elliott

9 comentários:

  1. Milles, eu amei seu texto! Porém você fugiu do objetivo dessa crônica. Uma pena, pois adoraria ler sua escrita sobre o tema.

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  2. Oii!! Muito legal o seu texto, mas senti falta de algum detalhe da aula. Você podia ter focado na sua falta de memória.

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  3. Milles, seu texto está incrível. Pena não estar totalmente dentro da proposta. Acho que você poderia ter ficado em outros pontos, como a sua falta de memória, ao invés de ter nos passado uma outra (bela) memória sua.

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  4. Gostei do texto , Milles, porém, como já foi citado, você saiu totalmente da linha da proposta.

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  5. Oi, Milles! Adorei o seu texto, infelizmente você não seguiu o tema proposto. Parabéns!

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  6. Então Milles, fica complicado avaliar o texto porque realmente não foi sobre o tema proposto. Apesar disso, tá muito bem escrito.

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  7. Milles Elliot, gostei muito do texto. Espero ler mais deles no futuro <3 Parabéns!

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  8. Oi Milles! Apesar de não ter atendido a proposta, seu texto é tocante e bem escrito. Parabéns <3

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  9. Milles Elliot, eu amei o seu texto! Porém, como já dito por alguns colegas, você saiu um pouco da proposta, mas sinceramente, foi uma linda fuga! Genial!

    Beijos, Estrela!

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