quinta-feira, 4 de março de 2021

Pensei que eu só fosse sagitariana mesmo

 Meu passatempo predileto é a autossabotagem.

Me autossaboto em quase tudo o que me proponho a fazer, sério, eu nem tô exagerando.

Desde sempre, me interesso por muitas coisas ao mesmo tempo. Certos assuntos, que a princípio

me parecem os mais interessantes e atrativos do mundo, depois de um tempo, sem nenhuma

explicação ou aviso prévio, parecem simplesmente não me atraírem mais a atenção.

Todavia, faz um tempo, experimentei desse sentimento com alguém, quando me deixei entrar em

meu primeiro relacionamento. As coisas se iniciaram em um fluxo manso, nem tão rápido a ponto de

me assustar, mas nem tão lento que me tirasse a paciência.

Depois de uns meses com a pessoa, eu tinha completa e absoluta certeza de que aquela era a minha

alma gêmea, que estávamos destinadas a nos encontrar, que o mundo era perfeito, que o amor era

lindo, etecetera, etecetera. Tudo isso que envolve um primeiro relacionamento bem clichêzão.

Porém, em um certo ponto, que eu não sei qual, as coisas mudaram.

A paixão se dissipou, sem grandes razões, sem grandes motivos.

Notei então, que os atos que um dia me atraiam, agora tinham o efeito contrário, me repeliam.

As manias que no começo eu julgava serem adoráveis, agora já não possuíam efeitos algum sobre

mim.

Não veio como um baque. Esse sentimento de que não existia mais paixão entre nós. Não.

Ele veio despreocupado, aos poucos foi se mostrando, cada vez mais sem vergonha... Até que então,

o sentimento não se encontrava mais ali. Quase como o desancorar de um navio, que conforme se

afasta do porto, fica cada vez mais pequenininho, pequenininho... até que no fim, o navio se

desvanece, e ali de pé, só restam você e a linha do horizonte, frente a frente, uma encarando a

outra, brincando de serinho.


Paty Maionese

9 comentários:

  1. AMEI o final do seu texto!! Parabéns, mais uma vez, pelo texto maravilhoso, Paty!

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  2. Oi, Paty! Parabéns pelo seu texto! Amei! " Notei então, que os atos que um dia me atraiam, agora tinham o efeito contrário, me repeliam." Realmente pra mim não existe frase mais perfeita que essa para transmitir a autossabotagem num relacionamento!

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  3. ótimo texto ,paty! já passei por isso em um relacionamento e é bem triste. Seila, talvez o ser humano seja assim mesmo, se interesse e perca o interesse rápido como uma bala. As vezes tem muito a ver com rotina também, enfim, o importante é estarmos aonde nos sentimos bem.

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  4. Que texto ótimo, Paty! A intensidade faz a gente ser sempre o famoso "8 ou 80". Ou sente demais, ou não sente nada. Ou faz muita questão, ou é completamente indiferente.
    É difícil conviver com isso e eu te entendo.
    Parabéns por conseguir transmitir isso tão bem com as palavras!

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  5. Incrível. A forma como você escreveu este texto fez com que fosse muito fácil ter a identificação com a história. Ótimo trabalho!

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  6. Paty Maionese, gostei muito do texto e do jeito que escreveu. Como você, eu me interesso por coisas durante um tempo e dedico total energia. Uma vez eu vi que relacionamentos no começo passam por uma parte chamada lua de mel e depois a gente começa a ver ele do jeito que você descreveu. Um abraço bem apertado <3

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  7. Adorei seu texto, Paty! A metáfora do navio foi ótima. Você descreveu bem o que autossabotagem faz com a gente, o modo como ela tira a graça de tudo sem explicação. Parabéns!

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  8. Oii Paty! Gostei do seu texto, você conseguiu transmitir a sua auto sabotagem em um texto ótimo e apesar do tema, muito agradável de se ler, Parabéns!

    Beijos, Estrela!

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