Era uma tarde quente de outubro ao lado de fora do cinema e
eu estava com meu namorado comentando sobre a sessão que tínhamos acabado de
ver, Coringa havia estreiando e estávamos eufóricos para assistir.
- Amor, ainda estou sem palavras, não consigo descrever o
que acabei de assistir, o ator é muito bom, aquela cena do banheiro dançando
sozinho é brilhante, acho que o Oscar vem aí, o que você acha?
Minhas mãos foram automaticamente para aquela cabeleireira
que amava bagunçar o tempo todo até ele ficar irritado, dois beijinhos, algo
está tocando no meu bolso enquanto a boca do meu namorado gesticulava sobre o
que ele pensava do filme, li na tela a palavra “mamãe”.
- Oi, o que houve?
Encontrei teu irmão enforcado, ele quase morreu, se eu
tivesse chegado mais tarde, ia encontrar ele morto, sentir que tinha que vir
pra casa cedo e encontrei ele se contorcendo com a corda no pescoço na sala de
casa, levamos para o hospital e estamos aqui esperando ele terminar de ser
avaliado, teu pai tá em casa com o menorzinho, tu vais demorar? Vou terminar
aqui e te vejo em casa.
- Amor? ei? O que houve? Você está sem cor no rosto, sua mãe
falou o quê? Me responde, por favor.
- Eu tenho que ir para casa, por favor, preciso ir, vou
chamar um uber, não acredito que isso está acontecendo, não comigo, na minha
família, como não percebi antes?
Enquanto esperava o uber que me levaria para minha casa,
relatei ao meu namorado a pequena tentativa de suicídio que meu irmão havia cometido
naquele fatídico dia em que estávamos rindo e sendo felizes.
Quarenta e cinco minutos foi o tempo que levou da parada em
que estava do cinema até a entrada da rua onde moro, parece que foram os
minutos mais agonizantes que passei, fiquei pensando o tempo todo o que
aconteceu? E se fosse eu? O que faria? Como reagiria? Quem chamaria e se
encontrasse ele morto, como falaria isso aos meus pais?
Abro a porta da frente, meu irmãozinho está assistindo algum
desenho bobo na TV, meu pai está no quarto fingindo que nada aconteceu como
sempre, mas o semblante no rosto da minha mãe é devastador. Ela me alerta que
ele está dormindo, dopado, no meu quarto, pediu cuidado ao entrar, deixá-lo
dormir o máximo possível e que depois iriamos conversar sobre o que havia acontecido.
Mas voltando ao tema que é falar o que sentimos ao ver a
imagem, sinto um vazio e nada além disso, talvez a imagem tenha ou não a ver
com o filme mas lembro apenas desse fato que me ocorreu e nada mais.
Milles Elliott
Milles, não sei nem o que dizer em relação ao seu texto. Muito triste tudo isso que você teve que passar. Admito que no início eu não entendi o que o assunto tinha a ver com o tema proposto, mas no final quando você explica, tudo faz sentido.
ResponderExcluirEspero que você um dia consiga superar esse trauma e ver no quadro apenas um palhaço... Forças!
Nossa, Milles! Sinto muito por tudo que aconteceu e pelos sentimentos que imagem lhe provocou.
ResponderExcluirNossa! Muito forte. Sinto que a imagem te serviu como um gatilho. Te desejo forças!
ResponderExcluirUm texto muito comovente! Espero que hoje ele esteja bem.
ResponderExcluirNo início eu achei que o texto não fazia sentido com o tema, me surpreendi.
Oi, Milles! Sinto muito pelo o que você passou! Apesar de ser um tema que requer cuidado na hora de escrever, você soube trabalhar muito bem o seu texto, parabéns!
ResponderExcluirOlá, Milles, sinto muito pelo que vc passou, achei q o texto é bom, comove, mas não consegui fazer uma relação com a foto do coringa
ResponderExcluirMilles, transmito meus mais sinceros sentimentos para você. Nunca passei por algo parecido, mas imagino que seja muito difícil e que você tenha ficado realmente sem reação ao se deparar com o tema da semana. O texto ficou muito bom e acredito que você conseguiu transmitir o que sentiu, mesmo que tenha sido algo tão abstrato. Parabéns e força no seu caminho <3
ResponderExcluirMilles, sinto muito pelo que você passou e pelo sentimento que a imagem te remete :/ espero que esteja tudo bem com você e com a sua família, abraços!
ResponderExcluirMeus sentimentos, Milles. Deu pra perceber o quanto é delicado lembrar do coringa pra você , e acredito mesmo que esse era o objetivo do seu texto. Fique bem
ResponderExcluirBem forte o texto, sinto muito pelo que aconteceu!
ResponderExcluirMilles, sinto muito pelo que tenha passado, esse vazio que vc observou no quadro vejo que você possa tê-lo sentindo. Espero que esteja tudo bem com você e sua família!
ResponderExcluirSinto muito, Milles :( Não consigo nem imaginar o tanto que deve ter passado na cabeça de vocês. Forças pra todos e espero que estejam bem.
ResponderExcluirMilles, sinto muito. Deve ter sido uma situação bem desesperadora. Mandando energias positivas <3 sobre a temática, entendi bem o que você quis passar ao escrever sobre a imagem.
ResponderExcluirMilles Elliott, eu sinto muito pelo seu irmão e admito ter ficado feliz em saber que deu tempo de de salva-lo. Infelizmente eu te entendo muito, também tive um tio avô que se suicidou, mas no caso dele não houve tempo. É uma experiência que imagino que nunca esquecerei também. Gostei muito do seu texto também, estrutura, fluidez... Enfim....
ResponderExcluirBeijos, Estrela!