Naquele fim de tarde, ele encarava a paisagem na janela, mas, na verdade,
tentava olhar pra dentro de si, buscando respostas, que só poderia
encontrar fazendo perguntas que não queria fazer. Porque as coisas pela
metade, na trilha do seu caminho? Por que tantos não-ditos?
Ele enxergava brilho em tudo ao seu redor, mas acima dele, via luzes
pálidas. No baile da existência, todos conduziam suas vidas. Ele antecipava,
em pensamento, belos passos, mas sempre sentia como se estivesse
pisando nos pés da sua, e a dança não fluía.
Ele costumava desenhar, mas não enxergava beleza nos traços, então já
faz tempo que não praticava. Ele começou a tocar teclado, mas as
partituras jazem hoje na gaveta, junto do desenho que fez pensando nela.
Naquele fim de tarde, lembrou de como ela o fazia sorrir. Lembrou,
também, da pergunta que lhe desconcertou. Foi quando o coração tentou,
aos pulos responder que sim, mas a voz se recusou a verbalizar.
Imprevisível demais. Como seria depois do sim? O incerto lhe assustava.
Ele vivia com a cabeça nas nuvens, construindo possibilidades, que
acabavam ficando nos arredores da imaginação, porque ele não costumava
agir sem os pés no chão.
Ele não gostava de lidar com surpresas. Se achava confortável na placidez
das coisas planejadas. Que ironia, logo ele, que adorava filmes de finais
surpreendentes.
Naquele fim de tarde, defronte a janela, o céu das 18h lhe encarava,
findando o dia e trazendo de volta o sim que queria ter dito. As cigarras
responderam que o sol nasceria de novo amanhã.
No alvorecer dos dias, nascem, junto do sol, as possibilidades. Já o ar
crepuscular dos fins de tarde sentencia que elas ficaram apenas na
imaginação, mas podem inspirar uma crônica, que ele vai escrever na
terceira pessoa, para, talvez assim, conseguir dizer o que nunca disse.
O Náufrago
Caramba! Eu amei a forma como você escreveu! Parabéns, Naufrágo! Que texto incrível, cheio de sentimentos e mensagens nas entrelinhas!
ResponderExcluirOi, Náufrago. Gostei do tema que você aborda, porém, acho que seu texto ficou um pouco confusa. Em alguns momentos, me perdi um pouco na sua narrativa.
ResponderExcluirNáufrago, gostei do seu texto, mas em alguns momentos não conseguia entender o que queria passar. Talvez eu não tenha tido a sensibilidade para entender.
ResponderExcluirNáufrago, gostei do seu texto. Achei sua escrita muito boa. Parabéns.
ResponderExcluirNaufrago, você escreve bem até demais. Confesso que em alguns momentos me perdi na leitura, talvez por desconhecer alguns termos, não sei. Ainda sim, li algumas vezes até entender o que você quis passar. Parabéns pelo texto
ResponderExcluirNáufrago, mais uma vez, um ótimo texto seu. Sempre fico impressionada com suas construções e como aborda um assunto juntamente com uma escrita impecável. Parabéns de verdade! Beijão <3
ResponderExcluir"Ele não gostava de lidar com surpresas. Se achava confortável na placidez das coisas planejadas. Que ironia, logo ele, que adorava filmes de finais surpreendentes"
ResponderExcluirGostei muito desta parte, pois, me identifiquei demais de como você contrapôs sua antipatia com as surpresas e como você espera tanto as vezes ser surpreendido. Esperamos das pessoas aquilo que dizemos não gostar né? Que loucura!!!
Beijos, Estrela!