Montanha Russa

Desde a minha infância, levo a vida como uma grande montanha russa de expectativa e realidade. Não consigo dizer se é algo bom ou ruim, fato é que a Universidade Federal Fluminense não escapou desse meu parque de diversões mental. Nem você, professor.

Creio que a maioria dos meus colegas, assim como eu, tenha escutado muito sobre ser doutrinado, lidar com professores "esquerdistas", e tomar cuidado para não sofrer uma lavagem cerebral ao entrar na nossa amada faculdade. Bom, diferente do que esperavam os autores dessas sandices, essas frases fizeram o meu carrinho de expectativa atingir um nível altíssimo. Não por desejar ser alienado ou algo do gênero, mas por entrar em um espaço onde o professor tem autonomia e liberdade para falar sobre os mais variados assuntos sem medo do silêncio.

E então adentramos no tema desse texto, o primeiro encontro da Oficina de leitura e produção de texto.

Ao acessar o link, me deparo com um rapaz vestindo uma linda blusa de Olga Benário, um boné soviético e que com poucos minutos de aula, já nos presenteia com um desabafo de descontentamento em relação ao desgoverno atual. Já inquieto pela expectativa, naquele momento eu finalmente me debruçava sobre a tão esperada realidade. Como era linda. E por incrível que pareça ela foi ficando mais bonita. Ao apresentar a dinâmica do blog, aquele rapaz libertou um escritor que por muitos anos se escondeu aflito pelo julgamento. A ideia do pseudônimo entrou na minha cabeça como uma luva entra na mão de um goleiro.

Confesso que gostaria de lembrar mais sobre as teorias psicanalíticas que o senhor nos apresentou, mas, ainda assim, meu cérebro consegue acessar em algum cantinho da memória todo encantamento com esse assunto completamente inédito na minha cabeça. Me recordo menos ainda dos exemplos utilizados envolvendo os alunos, aliás, lembro sim da Júlia se metendo no meio do prematuro casal Douglas e Kezya.

A grande questão pra mim é que, diferente da minha vida, nossa primeira aula manteve uma assustadora

linearidade em relação à expectativa e realidade. Essa oficina é exatamente o que eu, pessoa travestida de Rato guaraná, esperava do curso de Jornalismo. Não, a montanha russa não parou de dar loopings na

minha cabeça. Mas, terça-feira, por uma hora, ela estaciona e descansa. Talvez alguém faça a

manutenção, para que às 17 horas ela volte a andar.

Rato Guaraná