Desculpas

 Esse meu texto é pra você, a quem carinhosamente sempre me referi, na

minha mente, como Guizinho. Guilherme, você foi o primeiro amor da minha

vida. Eu era um garoto que sequer tinha coragem de expor e assumir minha

sexualidade e meus sentimentos enquanto você, sempre tão corajoso e dono

de si, era o único LGBT assumido da escola. Eu me sabotei. Te admirava de

longe , sem ter coragem de me aproximar muito e te falar o que sentia , afinal,

o que diriam se vissem o zagueiro e capitão do time de futebol da escola muito

próximo de ti?

Porém, não escrevo para falar apenas sobre o que sentia por você, mas, pra

falar, também, sobre aquele dia. Sim, aquele fatídico dia. Eu te admirava de

longe, claro, quando aqueles garotos te abordaram no beco. Te bateram muito,

te socaram, chutaram, e até com pedaço de pedra lhe agrediram. E eu ? Eu

entrei em um conflito com minha própria mente. O que vão pensar se eu ajudá-lo?

Será que vão me bater também? Eu vou perder minha vaga no time ? Ajudo ou

não o Guizinho? E eu não ajudei. Eu me acovardei. Eu me sabotei, de novo.

Ali, eu sei , eu perdi qualquer tipo de chance que um dia eu podia ter tido com

você.

Então , escrevo este texto para tentar, mesmo que parcialmente, me livrar do

peso dessa autossabotagem . Não sei nem onde você está depois de tanto

tempo( Ainda mora em Santos?) e nem como você está( Está bem? Ainda tem

aqueles lindos cachinhos cor de mel?), mas, peço, do fundo do meu coração ,

que aceite as minhas sinceras desculpas.

No fundo, sei que ainda te amo, Gui. Às fico me pego pensando o que seria de

nós se eu não fosse tão covarde.......Mas, quem sabe a gente não se encontra um

dia na Vila num jogo do nosso peixão?

Jubiabá