Eu não sei quando começou, mas desconfio que depois de me sentir tão sozinha por
tanto tempo, eu me esqueci da sensação de ter amigos. Não se preocupem, não falo
daqueles raros, poucos e leais amigos que (individualmente) sempre estiveram e estarão
comigo... Me refiro aos grandes grupos de amigos: as infinitas mensagens no grupo de
WhatsApp, as tardes ensolaradas na varanda bebendo Coca-Cola e falando da vida, um
Fiesta azul carregando 9 pessoas ao som de um funk genérico, os cálculos infinitos (e
muitas vezes errados) na mesa do bar, enfim, coisas que UM amigo leal não
necessariamente nos provem, mas que são encontradas com toda certeza em uma
expressão tão diversa de pessoas.
Meu grupo de amigos mais atual e o que eu estou mais ligada se encontrou do nada, se
formou com naturalidade e se mantem forte mesmo com os 45km que separam alguns
de nós. Apesar de me sentir bem e realizada no meio de pessoas tão incríveis, volte e
meia me bate a sensação de que não é ali que eu pertenço. Sou nova demais, imatura
demais, irritante demais. Por que essas pessoas fariam questão da minha companhia e
amizade?
Chegou a uma paranoia que me atinge a cada ação de um deles: o sumiço do Ian por
causa das aulas da faculdade, o claro e irônico desdém que o Henrique insiste em
proferir contra mim, a ausência do Rafael nas vezes em que nos encontramos, a forma
com que a Jéssica não mede esforços para me dizer onde e porque eu errei, até mesmo o
Guilherme (que exerce uma função tão fraterna e amável para mim) parece me odiar
com todas as forças quando educadamente rejeita minhas ofertas de fazer alguma coisa.
Já fui embora no meio de uma das nossas reuniões e decepcionei todos ali.
‘’ Você é que mais diz pra gente se encontrar e vai embora?’’
O que eles não sabem é que naquele dia, na varanda bebendo Coca-Cola e falando da
vida, eu senti que incomodava. Senti que todos me encaravam como se perguntassem
‘’ O que essa garota ainda faz aqui?’’. Não sei o que me leva a pensar isso de pessoas
que deixam evidente que se importam comigo, talvez seja a rotina em que caímos... Não
existem mais encontros casuais e inesperados como o que nos uniu, eu não agradeço
mais o universo por ter agido de forma tão perspicaz e colocado todas essas pessoas na
minha vida, algumas vezes, eu nem me sinto mais como parte de algo.
A verdade é que o grupo do WhatsApp continua a todo vapor, agora mesmo recebi uma
mensagem. As varandas de todos ainda estão de pé e apesar da venda de bebidas estar
proibida na minha cidade, a Coca-Cola continua a lotar os supermercados. O Fiesta azul
está na garagem, pronto para nos carregar para outra aventura. Os bares também estão
fechados, mas ainda temos problemas para somar e dividir os valores do delivery. O
grupo não acabou e nem me odeia. Amizades precisam cair na rotina para provar seu
valor e sua força, é difícil de entender e não pirar, mas é verdade.
Maria Antonieta
Me identifiquei muito com o tema, também sinto e tenho receio de estar incomodando meus amigos às vezes, mas depois percebo que é coisa da minha cabeça. Parabéns pelo texto Maria!
ResponderExcluirMaria, me solidarizo muito com seu texto e sua dor e com as consequências de uma mente que te sabota o tempo inteiro. Mas é bom que saiba que sentimentos como esse não são de verdade e todos os seus amigos te amam. Você foi a primeira a nos amar!! E jamais deixaremos que esse sentimento mude :)
ResponderExcluirEm relação ao texto, acho que você poderia ter explorado um pouco mais certos pontos do texto para deixar a leitura mais fluída. Mas acredito na sua capacidade de escrita para os próximos!
Oi, Maria! Parabéns pelo texto, me relacionei muito com o tema! Entretanto, senti falta de metáforas, mas adorei a questão da autossabotagem, a de pensamentos ruins são sempre as piores!
ResponderExcluirOi, Maria! Gostei do seu texto. As vezes me sinto assim como você, mas é importante termos consciência de que o que acreditamos, geralmente, não é real. Fique bem.
ResponderExcluirGostei bastante do seu texto, Maria, me identifiquei bastante com o que você quis passar.
ResponderExcluirAmei o texto, Mari! Me identifiquei muito com o tema e consegui compreender de maneira clara o que você quis transmitir, o que considero mais importante num texto. Parabéns!!
ResponderExcluirMuito bom texto. Conseguiu passar o sentimento. Parabéns pela sensibilidade.
ResponderExcluirMaria, adorei os toques pessoais que trouxe à narrativa pois adoro detalhes rotineiros como esses. Me identifico com esse sentimento e senti seu peito aberto ao relatar ele com toda a naturalidade no texto. Parabéns!!
ResponderExcluirGostei demais da linguagem que você abordou pra estruturar o texto. Parabéns !
ResponderExcluirGostei da forma que você descreveu as situações. Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirOi, Maria! Amo sua escrita e me identifiquei demais com seu texto. Gostei muito do final, pois você tem consciência dessa autossabotagem e isso já é um passo! Parabéns!!
ResponderExcluirGostei muito do seu texto, Maria! Como disse a Maya, a riqueza de detalhes e a descrição abordada trouxe a gente pra dentro do texto. Parabens.
ResponderExcluirMaria Antonieta, gostei demais do seu texto. Muito bem escrito, como sempre. Consegui entender um pouco de como se sente, com certeza! Acho que é uma sensação muito ruim estar em um lugar e as pessoas olhando para você de canto de olho como se não pertencesse naquele lugar. Parabéns! Um abraço bem apertado <3
ResponderExcluirMaria Antonieta, gostei muito do seu texto e me identifiquei demais! E o mais louco que essa identificação não foi da Estrela de 2021, mas sim da Estrela adolescente de alguns anos atrás que com certeza sabe do que você esta dizendo com toda profundida e clareza. Nem sempre nos sentimos bem vindos em grupos de amigos muito queridos por nós e isso pode ser dolorido, mas isso não quer dizer que culpa esteja necessariamente neles, ás vezes, é a nossa auto sabotagem querendo nos prejudicar. Fique alerta!
ResponderExcluirBeijos, Estrela!