Milhares de quilômetros nos separavam, mas nós conseguíamos anular toda essa distância apenas
com um celular. No início, não havia uma noite em que eu não te esperasse chegar do trabalho para
conversarmos um pouco mais. Eu poderia estar morrendo de sono, mas mesmo assim me mantinha
firme para, pelo menos, te desejar bons sonhos e ter sua resposta. Era sempre a mesma coisa. Eram
sempre os mesmos emojis de coração na última mensagem do dia. Mesmo que inconscientemente,
nós criamos uma rotina e passamos a vivê-la por meses que foram embora num piscar de olhos. E
sabe o mais interessante de tudo? Nós não erámos nada. Sequer chegamos a ser.
Até hoje eu não consigo te explicar o que aconteceu, vai além de mim. Não escolhi me afastar, foi
acontecendo de uma maneira que eu mal conseguia perceber. De repente, nossos assuntos foram se
esgotando. De repente, eu não sentia mais aquela euforia em esperar suas mensagens. De repente,
eu fui sentindo cada vez menos a sua falta. Quando fui perceber, nossas conversas acabavam antes
mesmo de desejarmos o nosso típico “boa noite”. Nós nunca brigamos. Nós nunca sequer tivemos
uma desavença. O que aconteceu conosco foi o tempo. E agora acho que está bem claro que tenho
um sério problema com o tempo.
Sou dona de picos de euforia que não duram nem algumas horas. Em um momento quero me
aventurar, conhecer pessoas novas, matar os desejos que todo jovem tem, mas, no seguinte, desisto
dessas ideias e vejo que estou bem do jeito que estou. O tempo passa e eu volto à estaca zero.
Àquela estaca cujo minha alma parece não querer sair. Talvez essa seja a explicação de eu ter
baixado o Tinder diversas vezes para desinstalar no dia seguinte. Talvez essa seja a explicação dos
meus desastrosos relacionamentos (que não são só os amorosos). Vivo em um ciclo, onde quero
para logo depois não querer mais. Algo me liberta só para prender novamente com mais força ainda.
E o pior de tudo é que eu até que vivo bem assim.
Então, você pode me xingar. Pode me odiar. Eu vou aceitar. Eu vou entender. Como sempre te dizia,
vou tentar lidar mais comigo mesma. Quem sabe um dia eu não quebre esse ciclo? Quem sabe um
dia esses picos deixem de ser picos e se tornem constantes? Quem sabe um dia eu não transforme o
tempo em um aliado? E ele realmente precisará ser para tudo isso se realizar. Até lá, eu fico aqui.
Até lá, eu me contento com o que tenho e sou. E para você, com todo o coração, desejo o meu
último “boa noite”.
Honey Lemon
Ainnn, que texto tão lindo, tão fluído! Gostei muito da leitura, de verdade! Acho que, no fundo, todos temos um pouco disso de cair na rotina, de desistir, cansar e enjoar. É muito triste saber que perdeu uma coisa que você gostava tanto pelo fato de você ter cansado. Gostei muito e consegui entender muito bem o que você queria passar com seu texto
ResponderExcluirOi, Honey! Sou uma grande fã dos seus textos! Adorei a forma como você escreveu! Adorei o tema escolhido! incrível a forma como abordou a autossabotagem! Parabéns!
ResponderExcluirHoney, ótimo texto! Entendo perfeitamente o que você sente, passo por esse mesmo ciclo de interesse e desinteresse. Numa boa? se voce vive bem assim , nao tente mudar o seu jeito para agradar os outros.
ResponderExcluirHoney, gostei muito de como trabalhou a transição e o desgaste do relacionamento aos poucos com os atos da sabotagem. Ótimo texto!
ResponderExcluirMuito bom o seu texto! A forma que escreveu foi leve, conseguiu transmitir o sentimento e a sabotagem
ResponderExcluirHoney, amei seu texto! Me identifiquei bastante com os detalhes menores e com a relação com o tempo. Muito bom, parabéns pela fluidez e desenvolvimento!
ResponderExcluirHoney, que texto incrível! Eu, que namoro há anos a distância, me identifiquei como se a história fosse minha. A questão da rotina parece ser pior para casos como os nossos, porque é a única forma que temos de ter contato com a outra pessoa. É complicado, mas espero que vocês estejam bem, cada um em seu respectivo caminho.
ResponderExcluirHoney Lemon, eu amei demais seu texto. A gente vive a mesma vida? Às vezes acho que sim, porque já passei exatamente por essa situação. Eu fico pensando no que aquilo podia ter sido até hoje. É uma situação bem conflituosa. Durante o seu texto todo me identifiquei. Parabéns demais! Beijos <3
ResponderExcluirCaramba, Honey!! Amei o texto. Me identifiquei demais. Conseguiu passar o sentimento da autossabotagem muito bem e juro, doeu em mim.
ResponderExcluirHoney, que texto lindo! Sério, conseguiu sair algumas lagrimas dos meus olhos e não por conta das cebolas foi pelo seu texto mesmo. Cara, um texto super fluido e gostoso de ler e com uma carga sentimental muito forte, amei! De verdade. Obrigada por esse texto, até semana que vem! <3
ResponderExcluirBeijos, Estrela!