Na medida de todos os caminhos que eu atravessei e do corredor de escolhas que
insiste em me lembrar, o deserto sempre me veio. Corpo e alma que não suportam
mais as insolações, subindo e descendo dunas de areia tão longas que faziam do oásis
mais que uma mera miragem, mas uma razão para não olhar mais para trás. A vida é
parte da travessia desse deserto, disso eu sei, e enquanto passamos por essa
imensidão de nada, é cada vez mais preciso lembrar daquilo que verdadeiramente
somos e o que podemos extrair dentro de nós, mesmo em uma paisagem desolada e
um horizonte não tão clareado.
O teu texto foi muito belo, Estagiária. E num tempo onde facínoras e covardes se
apoderam e roubam os tesouros da nossa terra, as crônicas se fazem oásis para um
doce descanso, por isso sempre hei de agradecer pelo dom que as palavras carregam.
Acredito que os textos foram uma válvula de escape perfeita, não somente comigo,
mas por aqueles que buscam por um alívio e o espaço para o seu manifesto. Não é
exatamente como se sentir? Atormentados pelo peso das palavras que nunca
queríamos ter dito, aqui o levar dos nossos sentimentos podem ser leves e suaves, mas
também dentro de um sofrimento e ódio genuínos.
Bom, de tudo que penso e de tudo que jamais quero lembrar, eu não procuro somente
pelo descanso e por calmaria, necessito do deserto para que o pensamento verdadeiro
não me fuja, e que a certeza de existir possa me alcançar, nesse deserto misterioso e
surpreendente. A cada palavra que alegra, só posso agradecer e pedir que elas ganhem
lugar no meu coração. Assim, continuarei a procurar o meu lugar nessa terra.
Obrigado.
Desértico Joe
Só queria deixar registrado aqui o direcionamento do texto a ti, Cabide Esculhambado. Desculpas por ter errado teu nome na hora do texto, mas definitivamente o pensamento e idealização do texto foi para você! Forte abraço:)
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