Sem sombra de dúvidas, Apocalypse Now é um belo filme de um retrato de guerra e sociedade bem feito, e a frase do cheiro de napalm pela manhã é emblemática demais. Pois bem, em tempos de assassinos no poder e um mito que se autodestrói, não há nada mais emblemático do que destruir um passado sangrento, ou pelo menos a representação desse passado sangrento. No dia 25 de agosto de 2021, a estátua de Pedro Álvares Cabral que fica no Largo da Glória, zona sul do Rio, foi queimada. Acredito que não preciso lembrar que foi esse tal de Cabral, seu peso para a construção histórica desse país e a dita figura de “herói” ao redor de seu nome.
Contudo, o que realmente me intrigou nessa queima da estátua foi o protesto por trás do gesto. Há de ser realizado um julgamento no Supremo Tribunal Federal que define se as demarcações de terras indígenas seguirão o marco temporal, onde os índios só poderiam reivindicar territórios que estavam previstos antes da Constituição de 1988. Belas palavras que podem deixar o futuro da comunidade indígena largado às traças, mais do que já vinha acontecendo nas mãos da necropolítica, e esse é um rastro de ódio que vem desde Cabral, deixando o povo nativo desse país lutando para obter o que restou do seu lugar. Colonialismo, imperialismo, capitalismo, como esse povo ainda consegue resistir a tanto?
Pois bem, a estátua de Pedro Álvares Cabral do Largo da Glória queimada é muito mais que vandalismo, muito mais que desobediência civil. É liberdade para o índio, liberdade para esse país, é liberdade verdadeira. Eu bem que tentei fazer uma crônica mais engraçada e divertida, mas de alguma forma, a violência é bem mais interessante que a paz. Se o pessoal que colocou fogo na estátua será pego? Ainda não se sabe, mas o cheiro de colonizador queimado pela manhã é realmente prazeroso.
Desértico Joe
Wow Joe, achei legal como nós falamos sobre a mesma coisa! De fato, é muito bom ver esses monumentos serem destruídos, porque só representam uma pequena e nojenta parte do povo. Ficou muito bom o seu texto, parabéns!
ResponderExcluirFico feliz demais em saber que tu curtiu o texto, Melodramático! Mais feliz ainda em saber dessa coincidência muito louca que foi nós dois tratarmos da destruição desse legado sangrento e covarde. Gostei demais do teu texto também, é de uma periculosidade belíssima!!
ExcluirOnww, obrigado pelo elogio :)
ExcluirAmei a referência a Apocalypse Now!!!
ResponderExcluirPoxa obrigado mesmo Euridicie!! Apocalypse Now é realmente, um baú de grandes referências e críticas.
ExcluirAMEI o tema que vc abordou e, principalmente, o seu texto!!! parabéns!! Eu também adoro o cheiro de colonizador queimado pela manhã rsrsrs fogo!!!!!
ResponderExcluirMUITO bom, Joe! De fato essas estátuas já deveriam terem sido queimadas faz tempo.
ResponderExcluirFiquei com vontade de assistir Apocalypse Now hahahah
Colonizador com café...meu prato preferido. Pensei +/- nisso esses dias, tipo, mais uma novela sobre Dom Pedro e blábláblá, tipo, sério ? Mais uma vez ??
ResponderExcluirÓtimo texto, Joe. Deveria haver uma política de retirada dessas estátuas que representam uma visão completamente errônea do passado, isso não é quem somos. E não deveria ser representativo nem mesmo para uma idiota parcela da sociedade. Isso não é vandalismo, é correção dos patrimônios que escolhemos para nos representar! Bela crítica.
ResponderExcluirApesar de não conhecer Apocalypse Now, seu texto tem um sentido muito completo e direto para mim. Também não sei como conseguem resistir a tanto, mas tratar dessa questão como fez colabora demais com a reflexão sobre a luta. Ótima crônica!
ResponderExcluirDesértico Joe, eu amei seu título e a relação da estátua sendo queimada com as demarcações das terras indígenas, mt boa mesmo. Esse cheiro é prazeroso mesmo pelo menos uma notícia boa em meio ao caos
ResponderExcluirJoe, isso é a manifestação na realidade da expressão "fogo no parquinho".
ResponderExcluirAh Desértico... É a famosa violência seletiva. A perseguição de minorias é real. No caso, todos aqueles que não estão conforme o gosto do Governo, não são apoiadores, são a minoria. Porrada neles. Por isso acho justo o professor ser a favor da defesa das minorias, não é porque a maioria concorda que é democrático, essa que têm opiniões e DIREITOS, que são diferentes sempre são lesadas. Como diria Milton Santos, existem vários brasis dentro do Brasil.
ResponderExcluirNossa, Joe, seu texto está ótimo! E sim, a estátua não representa somente uma estátua, mas sim, tudo de ruim que já fizeram. É de se revoltar.
ResponderExcluirA estátua tem muito por trás, e nesse caso é muita história ruim. Que possamos valorizar os certos, e não exaltar os errados. Revoltante.
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