Cortina de fumaça

A (R)ealidade do Brasil me assusta, vivemos um momento conturbado da nossa

história. Costumo aliviar minhas aflições com a escrita e nesse cenário trancada em

casa sem muita perspectiva de mudança na pandemia aproveito para demonstrar

meus devaneios aqui.

(E)u vivo sem esperança de dias melhores.

(T)ragédia anunciada. Em 2018 compraram um discurso barato e elegeram um

fascista. A oposição tentou alertar sobre o que estaria por vir. Veio algo pior.

(R)estaram apenas indignações, não possuo mais forças para lutar como antes.

Porém, ao me encontrar perante a tantas injustiças sociais me sinto recarregada para

protestar contra esse genocida e talvez essa seja minha única motivação nesse

período.

(O) Brasil que recusou milhares de doses de vacinas que poderiam ter salvado a

vida de milhares de pessoas, inclusive do meu primo, se preocupa mais com a

possibilidade da volta do voto impresso. É o país do atraso.

(C)ensura presente indiretamente. Aonde vamos parar? Será que vivemos a

ameaça de um novo golpe? São as sombras de 64.

(E)stamos a margem de um discurso de ódio, dando diariamente maior projeção e

lugar para indivíduos ruins e preconceituosos ganharem espaço e menos medo para

agirem conforme suas ideologias problemáticas.

(S)ocorro; Clama uma sociedade, que em grande parte, está cansada de ter um

presidente que se preocupa com coisas inócuas enquanto há um país atingindo

recordes de mortes diárias, pobreza, insegurança alimentar, evasão escolar e

desemprego.

(S)erá que até quando aguentaremos esse circo em Brasília? Paradoxalmente quem

faz a “graça” são os que estão no topo e os palhaços somos nós. Esse país virou uma

piada e chacota para os que estão de fora.

(O)bservemos, por fim, essa imagem que demonstra (literalmente) a situação do

povo: Estamos inalando uma fumaça de retrocessos fruto de uma política moralista e

conservadora. Um verdadeiro fumacê da política brasileira.

Evelyn Hugo.