Sinestesia

Dó, uma das piores sensações que podemos sentir por alguém. Aquele comprimido preso na garganta, a incerteza de quando e como agir. A cor laranja é dó, um azedo meio amargo que descasca os lábios. Paralelamente dó é alegria, porém necessita da união, dopamina é empatia.

Ré, a possibilidade de voltar atrás, reerguer, reestruturar, redefinir e reinventar. Ré é verde, é floresta, é enraizar-se como as árvores.

Mi, autossuficiência e solitude. O violeta das flores raras. O cheiro de morango. Doce ou amargo? Não sei, é preciso sentir.

Fá, subir, voar mesmo sem saber o lugar de pouso. A alegria de estar com quem amamos. O amarelo que nos envolve e preenche.

Sol, meu sol é ciano. Habita no descanso da lua, é a reflexão. Seu brilho radiante, arranca-me suspiros.

Lá, o marejar de meus olhos, as cachoeiras involuntárias, o lavar da alma, a tristeza repentina que domina com intensidade. Lá é rosa bebê, a ânsia por um colo familiar.

Si, o medo das novas rotas, o desapego, o saber lidar. Si é cinza escuro, como as nuvens densas no céu em dias de chuva.

São nessas notas, sejam elas menores ou maiores, que me encontro. Passeiam livres em minhas veias, crio e misturo tantas que já não sei mais decifrá-las, deixo percorrem em cada entrelinha de minha alma. Permito misturar e harmonizar, crio arranjos, nessas nuances encontro paz e me permito ser meu próprio ritmo.

George Amarelo