As Camilas do Brasil

 Se tem uma coisa que parte da sociedade parece não perceber, é que a educação abre portas e transforma realidades. Na vida de Camila, isso não foi diferente. A menina dos cabelos dourados sempre enfrentou uma dura realidade na vida - a pobreza. 

 Pais que lutavam para colocar comida na mesa todos os dias. Pais que sequer terminaram a escola, mas incentivavam a filha fazer diferente. Pais que tentavam, ao máximo, amenizar a miséria que a menina enfrentava. E, por sua vez, uma filha que via na educação uma oportunidade de mudar essa história. 

 Camila sonhava em ingressar em uma universidade. E, mesmo com todas as dificuldades que enfrentou, seu esforço e apoio dos pais foram essenciais para que esse desejo se concretizasse. A conquista gerou uma felicidade e esperança que a menina nunca havia sentido. Hoje, no entanto, diante do atual cenário brasileiro, não pode dizer que essa esperança continua a mesma. 

 A educação pública e de qualidade se encontra em risco. O ambiente acadêmico é associado à balbúrdia. Universitários são taxados de baderneiros e esquerdopatas. Um direito constitucional tão precioso pode ser tirado. Mas empatia parece faltar e a sociedade alienada não se importar. 

 O anúncio do corte de verbas tem sido o responsável pela lágrimas que jorram dos olhos de Camila. A jovem lutou para estar ali e, agora, tem seu sonho ameaçado. Milhares de Camilas espalhadas pelo Brasil, nesse exato momento, também choram por pensar que, talvez, elas nunca mudem suas histórias. Mas os cidadãos de bem estão mais preocupados em fazer arminha e reclamar que seu dinheiro tem bancado supostas balbúrdias.  

Felícia Rockfeller