quinta-feira, 2 de maio de 2019

Ele

   - CHEEEEGUEI, PESSOAS! - a voz entuasiasmada atrai alguns olhares para ele, que bota sua mochila no chão e se joga sobre a carteira. Tão rápido quanto chega, se junta na roda de conversas, palpitando sobre diversos assuntos de forma divertida e irreverente.
  No corredor, já depois da aula, suas piadas transformam os sussurros em risadas escandalosas. Toda semana, de segunda à quinta-feira, conta as mais engraçadas e inusitadas histórias, muitas vezes adicionando reclamações que apenas ajudam no entretenimento dos amigos.
 - Ahhh, mas eu fiquei muito puto! Eu que não ia aguentar essa palhaçada quieto não! O sangue ferve, e aí não dá! - cada palavra é como um botão, que ao ser pressionado acarreta gargalhadas e mais gargalhadas.
- Você é o melhor! - algum ouvinte diz, espurrando-o levemente com o braço enquanto recupera o fôlego tirado pelas risadas.
  Não é só ao vivo que ele é quase um ícone do entretenimento. Seguí-lo no Instagram é como um show de comédia à parte. As sequências de stories contam outros perrengues de seu cotidiano, sempre com direito à um momento reservado pra zoar ou enaltecer os amigos de curta e longa data. Os palavrões também fazem parte - o que não significa que são sempre usados em momentos que façam sentido.
   Ele também é alma da festa. Quase nunca rejeita um rolê -  nem que seja só pra beber e botar o papo em dia com os amigos -, e quando o faz, provavelmente é porque tem outro compromisso tão animado o quanto. Se antes de beber já é assim, depois que o álcool deu sua contribuição ele se torna mais contagiante ainda. As risadas, já fáceis, saem quase que automaticamente e as dancinhas toscas de bêbado alegre são a cereja do bolo pra enfeitar sua personalidade tão singular.
 É fácil gostar dele. O ambiente se torna mais leve e descontráido com sua presença, e todos parecem concordar e sorrir quando notam que está chegando.
   Ele tem depressão. Os momentos em que está sozinho são cercados por problemas e reclamações não tão engraçadas assim, que ao invés de desencadear sorrisos, geram rios e mais rios de lágrimas. Não gosta de pensar que vive uma vida dupla. Ele é sim o garoto engraçado e extrovertido que todo mundo vê -  ou pelo menos prefere  pensar que é -, mas querendo ou não a parte obscura de si  também está sempre lá, pairando sorrateiramente enquanto sua tagarelice sem fim distrai a todos e até a si mesmo.
   Talvez os acontecimentos que ele narra aos amigos o afetem mais do que deixa transpassar. Talvez os protestos escandalosos feitos com piadas, memes e palavrões sejam o reflexo de demandas verdadeiras, que o afligem por dentro. Talvez, só talvez, ele vá a festas não para ser a alma delas, mas pra tentar recuperar a sua própria. Talvez ele esteja cativando os outros apenas para tentar enganar a si mesmo.
Leena Charpentier

4 comentários:

  1. Olá, críticx oficial rss! Muitos textos ficaram difíceis de entender o tema, mas o seu ficou bem claro! Boaaa! Só tenho algumas ressalvas, como o caso do uso dos pronomes possessivos que acabamos exagerando (quinto e sexto paragrafo mais especificamente); Além de algumas vírgulas que ficaram faltando durante o texto, como “mas querendo ou nao a parte....”, acredito EU que seja entre virgulas esse querendo ou nao, além de outras frases que ficaram (supostamente) faltando! Se eu tiver errado, me corrijam, por favor! Enfim, o último parágrafo me encantou #tomaessechoquederealidade
    Um abraçooo.

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    1. Oi, gato! (piscadinha de flerte - não tenho maturidade pro seu pseudônimo)
      Concordo totalmente com as suas críticas! É bem louco o fato de que quando a gente lê o próprio texto é bem mais difícil de identificar os erros, a gente já sabe o que tá querendo ser dito e certas coisas passam batido. Fui ler seu comentário e reler o que escrevi, e concordo super!
      Fico feliz por você ter achado que o tema ficou claro, porque eu mesma achei que não ficou e que ficou um lixo kkkkkk
      Obrigada <3

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  2. Oi, Leena. Eu gostei que você detalhou bastante a personalidade do seu personagem. Mas teve um momento em que a personalidade dele já estava bem explícita e o detalhamento continuava. Acho que seria bom você encontrar um meio termo entre o detalhamento e o excesso.
    Abraços!

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    1. Oi, Jussara! O texto em si é sobre a personalidade do personagem, então quis deixar isso bem enfatizado.Por tentar passar com exatidão o que estava na minha cabeça, talvez eu tenha exagerado kkk Acabou ficando meio cansativo, né? =P, concordo!
      Um beijo <3

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