quinta-feira, 23 de maio de 2019

Quem vai quebrar?

Posso mentir e dizer que gosto desse jeito. Com o chão tremendo de qualquer jeito. Nessa vibração sem ritmo, métrica ou sonoridade. Posso confessar e falar que detesto tudo. Esse desequilíbrio, o arrepio e o suor sequencial. Mesmo assim, o que me faz calcular a altura, o tempo e impacto, meu estado não justifica. Disseram-me que essa tristeza vem da falta de Deus, não do pedágio. Mesmo beirando as 5 pratas. Posso concordar e aceitar Jesus em cápsula todo dia. Com o sono de muitos dias. Nesse cansaço sem ritmo, medida ou energia. Vou comprar mais frascos, pedir que Deus supra minha falta de hormônio que nada, eu juro que nada, tem a ver com as 5 pratas, o ar-condicionado, o tempo perdido e a distância de casa para vida. Ou a distância da ponte para água. Posso fingir e criar leituras bonitas de como três horas pro mundo te faz viajar. Com subjetividade adquirida a longo prazo. Sem o boleto, a hérnia, e a certeza de que tudo começa do mesmo jeito que terminou. Eu posso muitas coisas, faço pouquíssimas delas. Mas minha pílula não guarda Deus, o motorista não dá bom dia e esse cara não fecha as pernas. E quem se atreverá a quebrar o ciclo?
Dominique Casanorte

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