quinta-feira, 30 de maio de 2019

Reme

  Ó capitães, meus capitães! Minha marcha é desajeitada, mas meu desejo é puro. Minha arma é o grito que retumba em defesa da educação. Ó capitães, meus capitães! Eu não sei de muita coisa, eu não vivi muito, mas minha vinda ao mundo foi com a voz de minha mãe me sussurrando: Estuda! Nada é mais importante que os estudos!
  Pois minha mãe não teve muita coisa. Meu pai? Que pai? Isso eu não tenho. Minha única riqueza querem usurpar. Não, não podem me tirar. Ó capitães, meus capitães! Os senhores me ensinaram a lutar. Os senhores me ensinaram à afiar a mente como se afia uma faca. Ela pode não estar tão amolada, mas lhe garanto, ainda faz estragos. Ó capitães, meus capitães!
  Meu santo não bate com essa política. Ele só vem apanhando. Minha cultura é a do trabalho. Minha mãe, minha avó, domesticas e domesticadas, como animais, mas hei para mim a chance de sair da corrente. Sigo proferindo a promessa de chico: quando chegar o momento, irei cobrar com juros. Juro! Ó capitães, meus capitães!
  O tumbeiro de meu bisa jaz adormecido, e por isso, agradecemos à Deus, mas nosso barquinho, tadinho, tem sido sucateado e largado para cair na beira do mundo. As velas já não se erguem, mas os braços cansados de seus tripulantes, mais uma vez, sustentam o peso dessas correntes que insistem em manter o preto pobre no fundo desse mar.
  Não, dessa vez não irão nos lançar. Ó capitães, meus capitães! Dessa vez iremos lutar.
By a Lady

Um comentário:

  1. Oi, By!
    Quero te parabenizar pela criatividade! Com certeza o texto mais criativo desse tema!
    Confesso que no começo eu fiquei igual aquele meme do "que viagem é essa, mano?", mas no final fez sentido! kkkk
    Achei bem legal essa referência que você usou, ficou profundo e bem poético.
    Um beijo <3

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