No caminho para o serviço, Carlos pega o primeiro ônibus do dia e senta bem no meio dele. Apesar do ônibus estar cheio, conseguiu o seu lugar favorito no canto direito. Três pontos depois, um homem alto e de cabelos longos entra no transporte público, procura por um lugar e encontra um ao lado de Carlos, que demorou a reparar que o homem estava ali porque estava de olhos vidrados no celular. No grupo do Whatsapp, uma pessoa manda várias fotos de homens e mulheres que moram na rua e, Carlos, sem tirar os olhos de seu aparelho, comenta com o homem ao seu lado:
— Um absurdo o que essa maconha faz com as pessoas. — e completou — maconheiro tem que morrer mesmo. Quem não quer fumar, não fuma.
O homem olha assustado e logo diz:
— Mas senhor, não é bem assim...
Antes que pudesse continuar, Carlos o interrompe:
— Como não é bem assim? — respondeu enquanto saía de perto do homem — Você deve ser maconheiro também, não me interessa o que tem para dizer.
Carlos desceu do ônibus. Faltavam alguns pontos para chegar no prédio em que ele trabalhava, mas era melhor ir andando do que frequentar o mesmo ônibus que aquele maconheiro e esquerdista. Ele não sabia a opinião política do homem, mas se discordou que a maconha era algo ruim, a sua mente já o associou a um esquerdista. O que Carlos também não sabia, era que, Pedro, o homem do ônibus, era formado há anos em medicina e poderia explicar que nem sempre a maconha é algo ruim ao ser humano.
Em suas reflexões, Carlos tinha em sua mente que existem muitas pessoas ruins no mundo. Já estava tão estressado com tantos acontecimentos que tinham vindo à tona naquele dia que nem reparou em um carro vindo quando foi atravessar a rua. O carro freiou bruscamente e quase o atropelou. Ele tomou um susto. Na mesma hora estendeu seu dedo do meio ao motorista e gritou alguns palavrões. Júnior, que era o motorista do carro, ficou estressado com aquela irresponsabilidade de Carlos. Olhou para sua esposa, que estava ao seu lado e comentou:
— Olha lá, irresponsável e mau educado desse jeito... Só pode ser esquerdista.
Larry Bird
Oi, Larry Pássaro! Tudo bem?!
ResponderExcluirAchei GENIAL essa sacada do final com a parada do esquerdista. Realmente não esperava!
O texto ficou MUITO BOM, mas tenho algumas críticas:
" ...do que frequentar o mesmo ônibus que aquele maconheiro e esquerdista." ---> Achei que esse "e" aí era desnecessário. Ficaria melhor "maconheiro esquerdista".
"Ele não sabia a opinião política do homem, mas se discordou que a maconha era algo ruim, a sua mente já o associou a um esquerdista" ---> Aqui tenho alguns pra comentar. Esse "esquerdista" acaba ficando repetitivo porque você já tinha usado essa palavra lá em cima. Também achei que esse "sua mente" não caiu muito bem aí, principalmente porque também foi repetido lá no último parágrafo.
" Ele não sabia a opinião política do homem, mas se discordou que a maconha era ruim, com certeza era de esquerda!" ---> Acho que esse seria um jeito legal de passar a mesma ideia, evitando as duas repetições que eu mencionei.
"Em suas reflexões, Carlos tinha em sua mente que existem muitas pessoas ruins no mundo. " ---> nesse trecho você usou dois pronomes possessivos muuuuuito perto um do outro. Também acho que se as reflexões eram do Carlos, já fica óbvio que foi na mente dele, né? =P Acho que só tirar esse "sua" e deixar "Carls tinha em mente" já daria uma boa melhorada.
Fora esses detalhes do final, você arrasou muito!
Beijos <3