O primeiro era brilhante. Do alto de seu trono celeste, ele irradiava sobre mim o seu calor. Gostava quando a sua luz atravessava o meu corpo e era retratada e refletida. Me presenteava com o céu do mais lindo azul, devorado com nuvens brancas. A distância nunca permitiu que pudéssemos conversar, mas quando ele se punha ou nascia, parecia estar tão próximo que eu nem ligava de não poder falar do meu amor.
A segunda não tinha um brilho tão quente quanto o seu irmão, era mais gelada, mais serena. Mesmo assim, o magnetismo que ela exercia sobre mim me deixava arrepiada, me enchia de ondas. O irmão me dava de presente o céu azul, mas a minha amada me enchia de estrelas, nebulosas e cometas. Não conseguíamos tampouco conversar, pois embora mais próxima, o horário não era adequado para diálogos.
Um dia o Oceano decidiu que era a hora de eu crescer. Me encheu com suas águas e fez com que eu tivesse que ocupar mais espaço. No começo fiquei triste por ter que perder todos os amigos que viviam ao meu redor. Mas quando olhava para cima, percebia que haveria mais de mim para amar e ser amada por meus amantes. Mais de mim para retratar, refletir e sentir o magnetismo.
Logo depois chegaram os primeiros homens, os que andavam pelados. Usavam suas pequenas canoas sobre mim para pescar, e construíram suas casas a minha volta. O tempo passou e eles começaram chamam a mim e aos meus amados, por nomes que ainda não tínhamos. Nos enchiam de adoraçôes, cânticos e oferendas. Eu correspondia da forma que eu conseguia, presenteando-os com peixes e chuvas refrescantes, conseguia sentir o amor deles por mim, mesmo que não falassem diretamente.
O tempo passou e outros foram chegando. Primeiro os brancos de fala engraçada, em suas canoas gigantes, canos não, navios. Isso, navios. Logo esses trouxeram outros, de pele mais escura. Esses tinham feições tristes, mas deles eu podia sentir um calor tão grande quanto o do meu amado. Todos os homens que chegavam começaram a me chamar de nomes novos e me adorar de formas diferentes. E assim, o tempo passou.
Hoje eu sou chamada quase que por um nome só. Eles construíram cidades enormes a minha volta. Na epoca sombria, construíram uma ponte que juntos com as barcas os ajudam a me atravessar. Consigo sentir todos, antes tão poucos, agora milhares. Milhares de histórias e lutas. O mundo mudou tanto desde que eu era uma lagoa. Eu mesma as vezes nem me reconheço mais.
Com o tempo acabei ficando suja com os esgotos que eles construíram aqui e ali. Mas não os julgo, entendo que as vezes tomamos decisões equivocadas. Não concordo muito com as decisões políticas dele. Mas a mudança sempre vem.
Mesmo assim, com todas essas mudanças, o meu amor e dos meus amados é o mesmo. Claro que hoje não consigo sentir tão bem o calor dele ou enxergar as estrelas dela. Mas os dois sempre me ensinaram que o amor não precisa ser dito ou demonstrado o tempo todo. Ele só precisa ser sentido.
A segunda não tinha um brilho tão quente quanto o seu irmão, era mais gelada, mais serena. Mesmo assim, o magnetismo que ela exercia sobre mim me deixava arrepiada, me enchia de ondas. O irmão me dava de presente o céu azul, mas a minha amada me enchia de estrelas, nebulosas e cometas. Não conseguíamos tampouco conversar, pois embora mais próxima, o horário não era adequado para diálogos.
Um dia o Oceano decidiu que era a hora de eu crescer. Me encheu com suas águas e fez com que eu tivesse que ocupar mais espaço. No começo fiquei triste por ter que perder todos os amigos que viviam ao meu redor. Mas quando olhava para cima, percebia que haveria mais de mim para amar e ser amada por meus amantes. Mais de mim para retratar, refletir e sentir o magnetismo.
Logo depois chegaram os primeiros homens, os que andavam pelados. Usavam suas pequenas canoas sobre mim para pescar, e construíram suas casas a minha volta. O tempo passou e eles começaram chamam a mim e aos meus amados, por nomes que ainda não tínhamos. Nos enchiam de adoraçôes, cânticos e oferendas. Eu correspondia da forma que eu conseguia, presenteando-os com peixes e chuvas refrescantes, conseguia sentir o amor deles por mim, mesmo que não falassem diretamente.
O tempo passou e outros foram chegando. Primeiro os brancos de fala engraçada, em suas canoas gigantes, canos não, navios. Isso, navios. Logo esses trouxeram outros, de pele mais escura. Esses tinham feições tristes, mas deles eu podia sentir um calor tão grande quanto o do meu amado. Todos os homens que chegavam começaram a me chamar de nomes novos e me adorar de formas diferentes. E assim, o tempo passou.
Hoje eu sou chamada quase que por um nome só. Eles construíram cidades enormes a minha volta. Na epoca sombria, construíram uma ponte que juntos com as barcas os ajudam a me atravessar. Consigo sentir todos, antes tão poucos, agora milhares. Milhares de histórias e lutas. O mundo mudou tanto desde que eu era uma lagoa. Eu mesma as vezes nem me reconheço mais.
Com o tempo acabei ficando suja com os esgotos que eles construíram aqui e ali. Mas não os julgo, entendo que as vezes tomamos decisões equivocadas. Não concordo muito com as decisões políticas dele. Mas a mudança sempre vem.
Mesmo assim, com todas essas mudanças, o meu amor e dos meus amados é o mesmo. Claro que hoje não consigo sentir tão bem o calor dele ou enxergar as estrelas dela. Mas os dois sempre me ensinaram que o amor não precisa ser dito ou demonstrado o tempo todo. Ele só precisa ser sentido.
Com amor, a Baía de Guanabara. Transcrito por
Eclipsa B
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