Imensidão

     Minha turma tem uma professora que possui um leve costume de faltar às aulas. Bom, pelo menos ela avisa com antecedência e não nos deixa esperando na sala. Mas isso não adianta muito, já que essa aula é no horário do meio, nos deixando apenas com um tempo vago, sem a chance de poder chegar mais tarde ou sair mais cedo da faculdade. Alguns aproveitam esse tempo para estudar, outros para lanchar, e uns ainda para apreciar a beleza que o campus da faculdade tem a nos oferecer, como é o meu caso. Sempre que possível dou um passeio na orla e, estando sozinha ou acompanhada, minha mente imerge em um turbilhão de pensamentos.
     O mais comum entre eles é pensar em como somos tão pequeninos em relação a esse mundão. A Baía de Guanabara me traz um sentimento de imensidão e, mesmo em suas condições por conta da degradação, não deixa de ser bela. Com isso, me vem a vontade de conhecer e explorar cada parte do mundo, mesmo sabendo que isso seria impossível. Fico triste ao pensar que morrerei algum dia sem conhecer tudo que gostaria.
     Logo em seguida, meu olhar vai para além da Baía e bate na cidade do outro lado dela. Não posso negar que é verdade quando falam que a melhor coisa de Niterói é a vista para o Rio. E, vendo-o assim tão pequeno, por um momento esqueço todo o caos que nele se instala. Por um momento, só penso nele em si: em suas construções, monumentos, natureza... Penso em cada pedacinho da cidade. O Rio de Janeiro possui uma história diferente a cada lugar que você passa e, às vezes, com a correria do dia a dia, isso acaba passando despercebido. Mas, lá sentada na grama da orla e observando o pôr do Sol, é um dos pensamentos mais recorrentes que me vem a mente.
     E aí eu faço a promessa para mim mesma que, sempre que tiver tempo, irei explorar cada parte do Rio, principalmente as mais escondidas e menos famosas. O jornal O Globo já comparou o centro da cidade com um museu de arquitetura, de tantos estilos de arte misturados. E, realmente, é impossível não ficar maravilhado ao adentrar o Gabinete Real Português de Literatura, ou ainda a Biblioteca Nacional. Os museus... ah, os museus. Não fui em todos, mas fiquei maravilhada com os que já visitei. Além disso, só de andar pelas ruas reparando de leve nas construções, já é motivo para ficar encantado. A cidade do Rio é uma imensidão de paisagens com histórias incríveis, que merecia um pouco mais de atenção e cuidado por parte dos próprios cariocas. Talvez, sendo bem clichê, só comecemos a dar mais valor quando a história começar a se apagar.

Mia Thermopolis