quinta-feira, 2 de maio de 2019

(Im)perfeitos um para o outro

    - Se não for pra namorar assim, eu nem quero! - essa era a frase que mais se escutava quando se tratava da relação de Pedro e Samantha. Não havia uma só pessoa na cidadezinha do interior - com seus míseros 20 mil habitantes - que não os conhecia, ou que, pelo menos, não tenha ouvido falar deles alguma vez na vida.
     O casal cresceu junto, como vizinhos. Suas mães eram muito próximas desde antes da maternidade, o que aumentou cada vez mais com o nascimento dos dois. Sam e Pedro estavam sempre juntos, onde um ia, o outro estava atrás. Na escola, no bairro, no parque e, inclusive, iam até em consultas do dentista juntos, já que Sam tinha medo e Pedro era o único que conseguia acalmá-la.
     Com uma amizade assim, à medida que ambos foram crescendo, foi inevitável as pessoas começarem a perguntar se ali existira algum sentimento a mais, principalmente os colegas de escola. Coisas de adolescente, como falam. Os dois perceberam que talvez sua relação não estava fadada apenas à amizade. Assim, no auge de seus 15 anos, resolveram dar uma chance e arriscar, iniciando o namoro. 
     Não existia uma só pessoa que não suspirasse - pelo menos um pouco - ao ver os dois entrando juntos em algum lugar. Parecia que eles tinham saído diretamente do filme de romance mais fofo do mundo. Podiam ser comparados ao casal de Querido John, pelo menos no ínicio da história, é claro. Todos tinham a sensação que seu amor de infância duraria para sempre, já que - cada dia que passava - Sam e Pedro pareciam mais apaixonados.
     Hoje, o casal já entrou na "casa" dos vinte anos. Samantha está cursando os últimos períodos de Psicologia na UFF da cidade mais próxima, enquanto Pedro ajuda o pai em sua oficina, visto que futuramente irá assumi-la. As perguntas intrometidas sobre seu relacionamento não param e, agora, o tema recorrente é sobre casamento. "Nossa, Sam! Como você não casou com ele ainda? Ele é claramente o amor da sua vida! Aproveita, mulher!". Ela sempre responde que os dois possuem planos para isso futuramente, mas que primeiro quer terminar a faculdade, dando prioridade aos estudos. O que, lamentavemente, é mentira.
     Sam, que sempre foi uma menina sonhadora e apaixonada pela vida, já não sabe mais se acredita no amor. Tudo aconteceu quando, há quase um ano atrás, descobriu inúmeras traições de Pedro, ao redor de toda a pequena cidade. Nunca foi capaz de confrontá-lo sobre o assunto. Sempre odiou brigas, evitando conflitos ao máximo, mesmo nesse caso, em que seu coração está em jogo. Adia a temida conversa com o namorado há meses, sem saber nem por onde começar. E ninguém nunca reparou o quanto ela está sofrendo. "Talvez as pessoas não se importem, no final das contas". Ou talvez ela que seja sentimental demais.
Mia Thermopolis

Um comentário:

  1. Heeey Mia! Gostei muito da proposta, você pintou bem o tom e a descrição da situação. Não reparei nenhum erro de escrita muito relevante. Se eu tivesse que criticar algo, eu só deixaria a situação mais exagerada para o contraste indução/verdade ser mais forte. Focar mais em como Sam parecia feliz ao invés em como as pessoas a viam, por exemplo. Beijos intensos!

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