quinta-feira, 9 de maio de 2019

Guerra Declarada

Depois das eleições as reuniões de família se tornaram uma verdadeira guerra. Nenhum almoço terminava em sobremesa, mas sim em um vai tomar no cu.
 Quando foram anunciados os cortes de 30% nas universidades, me vi em um cenário catastrófico mais uma vez. Já não bastava a aflição que eu estava sentindo por estar começado a faculdade? 
 Ele concordava mais uma vez com o dono de seu voto. E o esforço de cada um para chegar ali? Foda-se, essas universidades são tudo bagunça mesmo. Se o estudo e futuro de muitos fossem interrompidos? Ninguém ali estuda mesmo, vão lá para se drogar.
 E o meu futuro? O futuro de alguém tão perto dele. Não vão acabar com sua federal, só vão parar de usar dinheiro para financiar essas festinhas de merda. 
  E se eu participar dos atos em defesa da minha universidade? Está sendo influenciada por esse blá blá blá deles. E ele deve entender bem de blá blá blá já que votou em alguém que só deixa isso sair pela boca.
 Não sei quem mandou ele ir tomar no cu primeiro: eu, minha mãe, minha vó ou meu pai -provavelmente minha vó, mestranda em palavrões. Guerra declarada! Nós o bombardeamos com fatos e notícias, todos cheios de argumentos, mas ele tinha um escudo bem grande que nomeamos carinhosamente de ignorância
 Bom, pelo menos, naquela mesa de jantar que sediava uma guerra sangrenta -ou talvez era só molho de tomate- minha tia saboreava a sobremesa.
Nix

Um comentário:

  1. Oi, Nix!
    Sei bem como são essas reuniões de família com política no meio kkkk Nunca cheguei a mandar ninguém tomar no cu, mas juro que vontade é o que não me falta!
    Minha avó também é expert em palavrões. Um doce de senhora! <3
    Achei bem interessante como você deu uma quebrada na tensão do texto ali no último parágrafo, falando do molho de tomate e da sobremesa. Ótima estratégia!
    Beijos <3

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