sexta-feira, 17 de maio de 2019

Sou...Quem sou...?

Quem sou? Como me enxergam?...E na verdade, isso importa? Tempos atrás, eu saberia
responder quase que inteiramente e certamente esse autoquestionamento, que hoje, não
sei mais. Com palavras e signos, pessoas distantes e distintas se apropriam do meu eu e
se dizem certas e convictas para me dizerem e exporem ao mundo, com absolutismo,
quem eu sou...Mas então, quem sou caro juiz e julgador? Para eles...e agora para mim,
sou comunista, esquerdopata, venezuelano, primo de terceiro grau do Che Guevara, juiz
do Lula, afilhado da Dilma, imbecil social, radical, terrorista e ativista. Sou tanta coisa
que ainda não consegui gravar todas as nomenclaturas. Sou tudo que querem e dizem,
contudo não sou nada do que pensei ou planejei. As palavras, num efeito de
metamorfose, me tornaram servo de suas novas significantes, um escravo do poder e da
legitimidade que lhes foram concedidos.

Mas então, agora, tomo meu lugar, assumo meu novo personagem...


E sim...sou comunista, se isso quer dizer que busco liberdade e tolerância

Sim...sou imbecil, por ainda acreditar e perpetuar humanidade

Sim...sou radical, busco mudanças, onde enxergo novas possibilidades para um futuro
menos terrível

Sim...sou ativista, pois procuro atividade e incômodo, e isso inquieta e fere aos que
estão confortáveis no mundo ideal de um presente preso e estático num passado hostil

Sim...sou professor, sou aluno, sou todos que estão com medo. Sou o que quiserem que
eu seja. Sou no fim, o início, o recomeço de tudo, sou a história que está sendo contada
e escrita, sou as palavras, as significantes, no fim...sou quem sou.

- Alguém em descoberta
Shakespeare Iludido

2 comentários:

  1. Oi, Shakespeare! Tudo bem?
    Seu texto - principalmente o final dele - me fez lembrar a música "O início, o fim e o meio" do Raul Seixas :)

    Achei sua ideia bem interessante e diferente de todas as outras crônicas!

    Algumas pequenas críticas:
    "eu saberia responder quase que inteiramente e certamente " ---> aqui o certo seria dizer "inteira e certamente".
    Entendi que as reticências fazem parte do que o texto tenta passar, mas acho que em algumas partes específicas a leitura ficaria melhor e mais clara sem elas.

    "Com palavras e signos, pessoas distantes e distintas se apropriam do meu eu e se dizem certas e convictas para me dizerem e exporem ao mundo, com absolutismo, quem sou. Mas então, quem sou eu, caro juiz e julgador?" ---> Aqui é um exemplo do que eu falei. Tirei as reticências, troquei o "eu" de lugar e botei a vírgula que tava faltando antes do "caro".

    Achei o "primo de terceiro grau do Che Guevara" muito engraçado kkkkkkkkk
    Um beijo <3

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  2. Oi! Seu texto está muito bem escrito, fora alguns errinhos de gramática citados acima pela Leena. Eu mudaria, também, o uso das reticências em algumas partes do texto:
    Deixaria em "[...] assumo meu novo personagem..." para dar a dramaticidade que você quer ao texto, porém, quando você começa a reconhecer os adjetivos que lhes são atribuídos, eu tiraria e colocaria vírgula para passar a ideia de algo assertivo e firme e não vago- como as reticências sugerem.
    Ficando assim: "E sim, sou comunista, se isso quer dizer [...]"
    E por último, o formato do seu texto ficou um pouco bagunçado mas creio que foi na hora de enviar para o Matheus, já aconteceu comigo. Isso prejudica a leitura, então tente reenviar formatado, é só pedir pro Matheus que ele deixa! Abraços!!

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